86% das obras de infraestrutura estão atrasadas em SC, aponta Fiesc
Estudo estima que estado precise de R$ 3,1 bilhões por ano, até 2022, para manter e ampliar a infraestrutura de transporte.
Uma ferramenta da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), que acompanha 50 obras de infraestrutura no estado, mostra que 86% estão com o prazo expirado ou andamento comprometido.
A Fiesc estima que Santa Catarina precise de R$ 3,1 bilhões por ano, até 2022, para manter e ampliar a infraestrutura de transporte nos modais rodoviário (R$ 2,25 bilhões), ferroviário (R$ 162,6 milhões), aeroviário (R$ 316,4 milhões) e aquaviário (R$ 374 milhões).
Mas o presidente da Fiesc, Mario Cezar de Aguiar, aponta que o estado tem recebido, em média, investimentos muito inferiores à demanda para adequar e manter as condições da infraestrutura e transporte. “De recursos do PAC e do orçamento geral da União, previstos na ordem de R$ 800 milhões, temos recebido em torno de 50%, 60% disso, muito abaixo da nossa necessidade”, explica.
“O cenário é muito ruim para Santa Catarina. Nós temos dificuldade de escoar produção e receber insumos em todos os modais. Um modal que merece atenção especial, porque daria resposta muito rápida se tivesse investimento, seria o rodoviário. Mas também temos falta de ferrovia, precariedade dos aeroportos e falta de plano aeroviário”, alerta o presidente.
Motivos
O gerente para Assuntos de Infraestrutura de Transportes, Logística, Meio Ambiente e Sustentabilidade da Fiesc, Egidio Martorano, completa que antes os principais motivos de atraso estavam relacionados a problemas com processo de licitação, licenciamento ambiental e erros na execução. Mas agora é principalmente a falta de recursos, o que é comprovado pelo Monitora Fiesc, ferramenta de acompanhamento das obras.
Ele defende que todos esses motivos estão relacionados à administração. “A falta de gestão reflete em todas as situações das rodovias de Santa Catarina. Porque se você pensar que vai fazer pintura na sua casa, tem que ter dinheiro para fazer. E se não conseguir por falta de recursos, alguma coisa você planejou errado. Esses 86% de obras paradas geram frustração, acidentes e prejuízos”, lamenta.
Porém, para o ex-secretário de Infraestrutura de SC, Paulo França, o cenário é bem mais complexo do que a falta de investimentos. Ele cita alguns entraves que acarretam atrasos, como legislação defasada e muitas etapas de fiscalização. “Tem sobreposição de controles do Ministério Público Estadual, Federal, Tribunal de Contas e controladoria em cima das obras, que engessam. E a legislação antiga e antiquada obriga a fazer a contratação nas diversas etapas do menor preço. E não é sempre que o menor preço é a solução, na área de engenharia muitas vezes vale mais a técnica”.
Egidio Martorano garante ainda que o atraso das obras impacta em uma questão social: os acidentes de trânsito. Só nas rodovias federais em Santa Catarina, segundo dados da Polícia Rodoviária Federal (PRF), até 27 de dezembro foram 9.157 feridos e 388 mortos.