Artigo
A segunda-feira começou com uma verdadeira tragédia para os apaixonados pelo Carnaval.
A segunda-feira começou com uma verdadeira tragédia para os apaixonados pelo Carnaval. Um incêndio atingiu a Cidade do Samba no Rio de Janeiro e causou grandes prejuízos para as escolas.
O ederluiz.com publica o artigo do jornalista Anderson Baltar, que já morou em Joaçaba e inclusive foi assessor de Imprensa da LIESJHO ( Liga das Escolas de Samba de Joaçaba e Herval d´Oeste), para dar a visão de quem vive o drama de perto. Segunda-feira de cinzas Anderson Baltar O samba amanheceu em luto nesta segunda-feira. O incêndio nos barracões de Grande Rio, Portela e União da Ilha destruiu o sonho de três comunidades. A escola de Caxias apostava em um carnaval grandioso para homenagear a cidade de Florianópolis. A azul e branca, que nos últimos anos correu contra o tempo para concluir seu desfile, conseguia imprimir um bom ritmo de trabalho no barracão e contava em apagar a má impressão do carnaval passado. E a tricolor insulana, com mais de 90% de seu desfile pronto, preparava um carnaval criativo e de extremo bom gosto. Por triste ironia, estive nos barracões da União da Ilha e da Grande Rio na segunda-feira passada. Vi o otimismo e alegria do presidente Ney Filardi com o trabalho preparado pela Ilha. E, conversando com o diretor de Carnaval Tavinho Novello, sentia uma grande confiança e orgulho pelo bom andamento do barracão da escola caxiense. Toda essa alegria virou cinzas. Ainda é cedo para apontar responsáveis. Antes de tudo, é fundamental que a Liesa venha, o quanto antes, dar todo o apoio às escolas e, em nome da equanimidade da competição, declarar que nenhuma escola seja rebaixada para o Grupo de Acesso. Por mais dinheiro que possa ser injetado pela entidade e pelo poder público, não há condições materiais que supram a falta de tempo para colocar os desfiles na avenida de acordo com o planejamento original. Por mais que Portela, Grande Rio e Ilha façam das tripas coração - a Ilha já passou tragédia idêntica em 1999 -, na estrutura atual de carnaval não há condições viáveis para que as escolas se apresentem de forma competitiva no carnaval 2011. A Cidade do Samba, grande equipamento inaugurado em 2005, deveria garantir totais condições de confecção do carnaval para as agremiações. Tudo leva a crer que foi uma fatalidade, mas as escolas não poderão ser penalizadas no julgamento por conta disso. E como o espaço é de responsabilidade da Liesa, a entidade precisa garantir às agremiações condições justas de participar da competição. O fogo acabou com fantasias e alegorias. Mas não destruiu com o amor pelo carnaval de milhares de componentes e milhões de torcedores e admiradores das escolas. E esse ainda é o maior patrimônio de uma escola de samba. Nesse momento, é fundamental que as comunidades pisem forte na avenida e mostrem o seu carnaval, da forma que for possível. Nesses momentos de dificuldade, o coração bate mais forte e é capaz de realizar verdadeiros milagres de superação. A Ilha já sabe o que é isso e terá a oportunidade de escrever mais um capítulo emocionante em sua história de quase 60 anos. A lendária Portela virá ainda mais guerreira e a Grande Rio, com certeza, vai mostrar toda a força de Duque de Caxias e fazer o caldeirão ferver. Depois, com os ânimos serenados e as responsabilidades apuradas, é hora de se pensar no futuro. Principalmente, revisar as condições de segurança da Cidade do Samba e evitar que catástrofes como essas acabem com os sonhos de comunidades a exato um mês do desfile. Afinal, ela surgiu exatamente para dar condições dignas de preparação para as escolas e, em um momento crucial, demonstrou uma fragilidade assustadora e preocupante.