Assista! Luzes de origem desconhecida intrigam moradores do Rio Grande do Sul
O grande número de avistamentos causa surpresa e espanto.
Gravações em diferentes horários registraram luzes de origem desconhecida no céu de Torres, no Litoral Norte, nas noites de segunda (7) e terça-feira (8). O vídeo mais recente mostra um ponto luminoso no escuro: a primeira observação se inicia às 22h59min e, a segunda, às 23h4min. Outros registros são feitos às 23h5min e às 23h17min.
Já a gravação de segunda-feira, mostra um relato aéreo, às 23h5omin: "Só para reforçar o reporte de outros colegas. Luzes com movimentação à nossa esquerda. Atravessa a cidade de Torres, sobre o mar, três luzes não identificadas com movimentação".
Os relatos de pilotos sobre luzes no céu do Rio Grande do Sul ganharam força na última sexta-feira (4). A maioria deles descreve o avistamento ao se aproximar de Porto Alegre, na região da Lagoa dos Patos. Mas também há informações de que objetos luminosos foram vistos em Santa Catarina e desde Confins, em Minas Gerais.
Até o momento, especialistas não sabem afirmar com absoluta certeza qual é a origem das luzes descritas pelos pilotos. Alguns apontam que existem diversas hipóteses sobre os registros, que vão desde fenômenos físicos até elementos mais simples. Além disso, em cada dia pode haver uma explicação distinta.
Quais são as hipóteses de especialistas?
Especialistas apontam que existem diversas hipóteses sobre os registros de luzes, que vão desde fenômenos físicos até elementos mais simples. Além disso, em cada dia pode haver uma explicação distinta.
O professor do Departamento de Física da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e doutor em astrofísica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Rogemar André Riffel acredita que uma das principais hipóteses seja a reflexão difusa. Segundo ele, as nuvens podem se comportar como grandes espelhos e a luz que incide sobre elas pode ser refletida, gerando pontos luminosos. Carlos Jung concorda, e complementa que as luzes podem ser originadas de holofotes utilizados, por exemplo, em festas e comemorações.
Outra possibilidade é um fenômeno chamado sprite, que pode ser definido como um evento luminoso transitório e rápido de origem elétrica que ocorre acima das nuvens, quando há iminência de tempestade. Isso explicaria os padrões de aparecimento e desaparecimento rápido e repentino das luzes, como relataram os pilotos.
Explicações como a passagem de satélites Starlink pela atmosfera terrestre não são descartadas pelos dois especialistas, que consideram também uma possível relação das luzes com a passagem de drones, balões atmosféricos e lixo espacial, como já ocorreu em outros relatos de objetos voadores inicialmente não identificados ao longo dos últimos anos.
Em relação às luzes avistadas no céu de Torres, entre segunda e terça-feira, Jung acredita que tenham relação com passagem de algum objeto espacial como um drone, já que o céu estava limpo e sem a presença de nuvens. Nos demais casos, o fenômeno da ilusão ótica também foi cogitado por Jung, considerando que isso poderia ocorrer porque, principalmente durante os voos noturnos, os comandantes perdem a noção de espaço.
A possibilidade de as luzes serem oriundas de meteoros, no entanto, foi descartada por Riffel. Já Odone da Costa descartou a hipótese dos satélites, afirmando que esses objetos são vistos mais cedo e têm um movimento ordenado, diferente daquilo que foi descrito pelos pilotos.
Hernan Mostajo, diretor do Observatório de Astronomia Cosmos, em Itaara, que começou a observar esses fenômenos no final de outubro e montou uma equipe para levantar dados sobre os relatos, chama a atenção para dois fatores: são avistamentos feitos por pilotos, pessoas qualificadas, e estão ocorrendo em grande altitude. Diante disso, descarta algumas possibilidades, afirmando que um drone não consegue chegar nessa altitude e que meteoritos não são visíveis como pontos de luz, que aparecem e desaparecem. Relações com tempestade magnética atmosférica e lixo espacial também são desconsideradas pelo especialista.
— Descartada as possibilidades de fenômenos astronômicos e meteorológicos, partimos para a possibilidade mecânica: será que alguém está usando um canhão de luz? Será que alguém usou um laser astronômico, que é muito potente? Temos na serra gaúcha um grande evento acontecendo, que poderia ser uma fonte dessas luzes. Uma pessoa da nossa equipe já foi designada para verificar isso com base em dados técnicos — afirma, já citando um contraponto:
— Geralmente um canhão de luz deixa um rastro luminoso. É da natureza do piloto saber identificar um canhão de luz. Então, isso talvez seja descartado. Mas hoje temos canhões de luz com alta tecnologia, que podem fazer um reflexo em grande altitude, geralmente em alguma nuvem. Enfim, o avistamento dos pilotos traz uma incógnita um mistério, que hoje classifico como um fenômeno aéreo não identificado.
Mostajo enfatiza ainda que não se trata de uma pesquisa ufológica, mas sim científica, que exige tempo, preparação e profissionais qualificados para auxiliar na resposta que a sociedade está pedindo.
Já Adolfo Stotz Neto, presidente do Grupo de Estudos de Astronomia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e professor dos cursos de extensão de Astronomia, aposta que são objetos produzidos por seres humanos: satélites, balões meteorológicos, laser, aviões clandestinos, aviões pequenos que não aparecem no radar ou, até mesmo, um drone. Ele justifica que é complexo estimar a distância e altura da luz, então, não se sabe exatamente qual a localização desse objeto luminoso.