Casal suspeito de golpe da rifa vivia em apartamento de R$ 15 milhões no 70° andar do prédio mais alto do Brasil, em SC
Joias, artigos de grife e uma mala cheia de dinheiro foram apreendidos no imóvel.
O casal de influenciadores investigado por aplicar o golpe da rifa e ostentar dinheiro nas redes sociais vivia em um apartamento de luxo avaliado em R$ 15 milhões no 70º andar do edifício residencial mais alto do país, segundo a Polícia Civil. Com 81 pavimentos e 294 metros de altura, o Yachthouse fica em Balneário Camboriú, no Litoral Norte de Santa Catarina, cidade com o metro quadrado mais caro do Brasil.
O empreendimento tem duas torres e é conhecido pelo investimento de Neymar, que comprou ainda na planta uma cobertura quadriplex avaliada em R$ 60 milhões. Conforme o delegado Cristiano Reschke, os suspeitos tinham um contrato de aluguel para aquisição, ou seja, com possibilidade de posteriormente comprar o imóvel.
Eles ocupavam o apartamento desde o final de 2023, de acordo com ele. Os dois também tinham residência em Canoas (RS). O casal é suspeito de crimes relacionados a economia popular, jogos de azar, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Em nota, a defesa dos investigados negou os crimes e afirmou que os clientes são "meros divulgadores" dos sorteios.
As informações foram reveladas pelo Fantástico no domingo (25) e confirmadas pelo g1 SC na segunda-feira (26). No endereço onde Gladison Pieri e Pâmela Pavão viviam, segundo a Polícia Civil, foram apreendidos artigos de grife, joias e uma mala transparente cheia de dinheiro.
Como funcionava o golpe?
- Segundo as autoridades, alguns dos ganhadores têm vínculos pessoais com os investigados e recebem valores que vão além do item sorteado.
- Os sites que realizam os sorteios os favorecem em uma série de fraudes em relação às rifas.
- O organizador consegue, por exemplo, determinar se vai ter um vencedor ou não.
Vida luxuosa
O casal foi alvo da Operação Dubai em 6 de agosto e residia em dois endereços. Um deles fica no edifício de luxo catarinense mais alto do Brasil, outro em Canoas (RS). O imóvel em Santa Catarina não estava no nome deles, mas, para a polícia, parte de todo o patrimônio ostentado vinha do lucro das rifas promovidas pela internet.
"Os indivíduos ostentam vida de luxo nas redes sociais, com veículos avaliados em mais de R$ 1 milhão, viagens ao exterior e aquisição de apartamento luxuoso em conhecido balneário de Santa Catarina", afirmou a Polícia Civil.
Na mesma operação, em outros endereços ligados aos suspeitos, os agentes apreenderam 49 veículos de luxo – incluindo um Corvette avaliado em R$ 1,5 milhão, duas motos aquáticas, artigos de luxo e R$ 600 mil em espécie.
Prisão
Gladison chegou a ser preso por manter uma arma ilegal em casa, mas foi solto após pagar fiança de R$ 60 mil. Depois da operação, o casal voltou a anunciar rifas na Internet, inclusive de um carro de luxo apreendido pela polícia, e teve prisão preventiva decretada.
No dia 9 de agosto, o influenciador foi preso. Mas a prisão preventiva foi revogada no dia 13, com parecer favorável do promotor de Justiça Tiago Moreira, que acatou os argumentos da defesa. Contudo, foram aplicadas medidas restritivas, como recolhimento dos passaportes, uso de tornozeleira eletrônica e proibição de sair de casa à noite.
Nota da defesa do casal:
"Pamela e Gladison não cometerem qualquer irregularidade. Eles são divulgadores de sorteios realizados por empresas cadastradas, regularizadas e devidamente fiscalizadas pela Susepe e Ministério Fazenda. As acusações apresentadas até aqui são fruto de equívocos e desconhecimento técnico de parte das atividades comerciais na internet. Todas essas questões serão devidamente esclarecidos no curso da investigação. André Callegari e Marília Fontenele, advogados de Pâmela e Gladson."