Caso do corpo em freezer: Defesa de esposa consegue bloqueio de bens do casal
Conforme advogado, terceiros estavam vendendo acervo e partilhando valores.
A defesa de Claudia Tavares Hoeckler, de 40 anos, autora confessa de assassinar o marido, Valdemir Hoeckler, aos 52 anos, e colocá-lo no freezer, conseguiu uma tutela cautelar antecedente, que objetiva resguardar os bens que estavam em nome do casal até o final do processo criminal. Diversos itens estavam sendo vendidos sem consentimento de Cláudia.
As informações são do advogado Bruno Martinazzo, do escritório Alencar & Martinazzo, em entrevista ao Portal Eder Luiz na manhã desta quinta-feira, dia 25. Este é um processo civil que corria em paralelo à ação criminal. Ele foi ingresso quando a defesa de Claudia soube que alguns bens, em nomes de terceiros, estavam sendo vendidos sem autorização.
De acordo com Bruno, havia um desafio em conseguir o bloqueio de bens, pois este acervo em específico estava em nome de outras pessoas, como filhos, parentes e amigos, e não dos dois. Ao conseguir comprovar o pertencimento dos bens, foi possível conquistar o bloqueio até o fim do processo.
"Soubemos durante nosso processo que estes bens estavam sendo vendidos e essas pessoas estavam fazendo a partilha entre si, porque ficaria muito fácil, estavam em nome de fulano de tal, sem vinculação com a família, vendida e dava parte para cada filho. Mas não estava sendo respeitada a parte da Cláudia, que é dona de 50% de tudo, pois são 20 anos de união", ressaltou ele.
Entre os bens bloqueados, por exemplo, estão as contas dos filhos. Há ainda o objetivo de oficiar uma cooperativa local para averiguar se há bens em nome do casal, como grãos e animais. "Tomamos essa providência de urgência, mesmo em nome de terceiros. E agora essas pessoas vão prestar contas no processo, informando onde estão os bens, quantos são, o que está acontecendo, o que foi feito, o estado em que se encontram", destaca ele.
Como está o processo
Ocorreu no início de maio, no Fórum da Comarca de Capinzal, no Meio-Oeste de Santa Catarina, a primeira audiência do caso envolvendo o assassinato brutal de Valdemir Hoeckler, aos 52 anos. A vítima foi asfixiada e teve o corpo congelado em um freezer na casa onde morava, no interior de Lacerdópolis. O crime ocorreu em novembro de 2022.
Claudia foi denunciada pelo MPSC (Ministério Público de Santa Catarina). A Promotoria de Justiça da Comarca de Capinzal pretende que a acusada seja submetida a júri popular por homicídio duplamente qualificado (asfixia e emprego de recurso que impossibilitou a defesa da vítima), ocultação de cadáver e falsidade ideológica. Ela está presa o presídio feminino em Chapecó.
Segundo a denúncia, Claudia teria dopado o marido com medicamentos de rotina para que ele dormisse. Na sequência, amarrou pelos pés, pernas e braços até imobilizá-lo. Por fim, a mulher colocou uma sacola plástica na cabeça da vítima e apertou com pedaços de borracha para impedir a passagem do ar, provocando sua morte.
O caso
O corpo de Valdemir foi encontrado na noite do dia 19 de novembro. Ele estava desaparecido desde o dia 14, quando não apareceu para trabalhar. As buscas iniciaram no dia 15, nas redondezas do local onde teria desaparecido. Policiais militares, Corpo de Bombeiros, moradores e voluntários participaram das buscas.
No dia 18 de novembro a esposa da vítima foi até a Delegacia de Polícia Civil prestar depoimento. Segundo Bonamigo, algumas lacunas ficaram em aberto, sem respostas plausíveis.
“Em seu depoimento, a mulher de Valdemir consentiu e autorizou a realização de perícia no interior da sua casa para a noite do dia 19. No entanto, horas antes da perícia chegar ao local, a polícia tomou conhecimento de que a esposa da vítima havia fugido. Alguns moradores informaram que a casa havia sido trancada como nunca havia ocorrido antes”, disse o delegado.
Diante dos fatos, a polícia começou a acreditar que o corpo poderia estar ocultado na própria casa. Após iniciar as buscas, foi encontrado congelado no interior do freezer.