Conheça o vinho de Jesus

Segundo historiadores, bebida servida na Última Ceia era mais leve e doce, com menos teor alcoólico.

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Conheça o vinho de Jesus

Rodrigo Leitão

O vinho é citado 260 vezes na Bíblia. Muitas correntes argumentam que várias destas citações falam em suco de uva ou vinho sem álcool. Mas o fato é que toda essa história começa com Noé e abre o Velho Testamento afirmando que o “Navegador do Dilúvio” é o primeiro vinhateiro da história, sete mil anos atrás: “E Noé começou como um agricultor e ele plantou uma vinha. E ele bebeu do vinho e ficou bêbado” (Gênesis 9.20-1).

O historiador e enólogo inglês Hugh Johnson, no seu livro “A História do Vinho”, argumenta que o vinho de Jesus “era ingerido com água do mar”. Segundo Johnson, fazia-se uma espécie de decantação, reduzindo bem o vinho bruto, mas mesmo assim ficava espesso e turvo e era preciso coar com um pano e dissolver em água quente, para depois ser bebido.

Os egípcios também mexiam no vinho depois de fermentado. O crítico e historiador Daniel Rogov afirma que era uma bebida tão ruim que precisava “ser temperado com mel, pimenta e zimbro”. Já em Roma, este mesmo vinho chegava espesso e doce, “o que nenhum crítico moderno aprovaria”, justifica Rogov. Bom ou não, o fato é que o vinho de Jesus ou o vinho bíblico era tão comum que de Noé a Jesus, todos os principais personagens da antiguidade religiosa bebiam vinho. E Paulo inclusive utilizou vinho para curar enfermos.

O vinho que Jesus ofereceu aos apóstolos na Última Ceia, não era como o vinho que conhecemos hoje e que surgiu no século 13, na França. Em Israel, na época do Cristo, o vinho era mais fraco que o de hoje em dia. Isso porque adicionava-se água ao vinho. A época de colheita, naqueles tempos, entre agosto e setembro, era precedida de uma temporada de muito calor e seca, o que amadurecia demasiadamente a uva, aumentando o teor de açúcar na fruta. Mas como esse vinho era fermentado naturalmente e não recebia adição de fermento e açúcar para provocar maior teor alcoólico, o resultado era uma bebida mais leve e mais doce.

Embora os produtores israelenses estejam lançando vinhos, principalmente brancos, de uvas autóctones que remontam a 220 a.C., muito provavelmente o vinho que Jesus degustou na Última Ceia seja de Shiraz ou Merlot. A primeira é autóctone da Pérsia, onde hoje está o Irã e onde há uma cidade com o nome desta uva e que reivindica seu berço histórico. A segunda teve um exemplar encontrado no Monte Ararat, em destroços do que, segundo estudos em andamento, podem ser da Arca de Noé. Ambas seriam uvas usadas em vinhos de Davi, Jesus e Alexandre da Macedônia, antes de os romanos chegarem a Palestina.

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