Ela contrariou as expectativas, para adoçar a vida de muita gente!

Conheça a nossa quarta personagem, que tem o caminho salpicado de iniciativa e coberto de muito chocolate.

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Ela contrariou as expectativas, para adoçar a vida de muita gente!

Reportagem: Cristiana Soares/Especial para o Portal Éder Luiz

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Dentre tantos caminhos possíveis, talvez, a personagem que estrela o quarto episódio da nossa websérie, tenha escolhido o menos óbvio e com certeza o mais doce! Natural de Florianópolis, Joana Brown, viveu uma infância tranquila na companhia constante dos pais. Enquanto a mãe, que era auxiliar de enfermagem, trabalhava, o pai, que já era aposentado quando ela nasceu, cuidava da filha. Segundo a nossa personagem, eles compravam todas as suas ideias, como por exemplo, vender missangas e sacolés, o que, aliás, já revela um pouquinho da veia empreendedora que ela viria a descobrir muitos anos depois. 

No auge dos seus dezessete anos, Joana não tinha muita certeza a respeito do seu futuro profissional. Ela, que sempre fora uma criança tímida e imaginativa, já havia descartado a possibilidade de fazer parte da equipe do CSI, mas, ainda assim, haviam muitas opções. Sua única convicção era a de que não levava jeito para profissões mais técnicas e burocráticas, afinal, os trabalhos artísticos e manuais sempre lhe atraíram e os testes vocacionais a direcionavam para as carreiras mais lúdicas e criativas. 

Como a arquitetura lhe interessou desde cedo, tinha o curso como a sua primeira opção, mas parece que ele não era compatível com os planos que a vida tinha. Ela não passou no vestibular para arquitetura, mas foi aprovada para os cursos de design de produtos e design de moda. Diante das opções Joana simplesmente escolheu as duas, graduando-se em designer no ano de 2012 e em moda em 2013. 

Nossa personagem conta que a rotina dos primeiros anos como acadêmica foi super agitada. Pela manhã estudava design, à tarde trabalhava na teciteca (uma espécie de biblioteca de tecidos) da universidade, à noite cursava moda e em paralelo ainda participava do projeto Santa Catarina Moda Contemporânea, que aproximava acadêmicos e empresas do setor, para o desenvolvimento de projetos na área.  

Apesar do ritmo frenético, ela conta que tem boas lembranças desse período. “Foi um ano intenso, mas foi bem legal. Eu não tinha vontade de sair de nenhuma das duas (graduações).”  

Ao final da faculdade, Joana tinha dois diplomas e uma porção de dúvidas. Ela conta que, como acontece com grande parte dos recém-formados, se sentiu perdida. Acreditava que seguiria para a carreira de moda, mas como nada é muito óbvio nesta história, você já pode imaginar o que aconteceu, não é mesmo? Em meio a dezenas de vagas a que se candidatou, ela foi selecionada para a única que não era na área de moda. E a decisão de aceitar o emprego, trouxe uma série de outras mudanças.  

Ainda muito jovem e bastante apegada aos pais, ela, que nunca havia ficado longe de casa, decide mudar-se para São Bento do Sul, local onde estava sediada a Oxford Porcelanas, empresa na qual começaria a trabalhar, na área de designer.  

O novo emprego lhe rendeu boas amizades, muita experiência e traçou o início de uma história que tem um cheirinho doce e um gostinho que já ficou muito conhecido por aqui. Joana, que carrega no nome, pistas sobre onde o seu caminho iria dar, conta que sempre gostou de cozinhar, e que ao morar sozinha, isso se intensificou. 

Fazer doces era o seu hobby, e ela costumava levar os quitutes para os colegas de trabalho provarem. Em meio a risos, conta que as guloseimas eram gostosas, mas não tinham boa aparência. 

Em 2017, o namorado, que até então morava em Florianópolis, resolve voltar para Joaçaba, a fim de auxiliar o pai na administração da empresa familiar. A ideia era que Joana viesse logo depois, mas nesse meio tempo surge a oportunidade de iniciar um curso de confeitaria que há muito tinha vontade de fazer. Assim, ela adia sua vinda, para dedicar-se ao novo desafio, que duraria oito meses. 

Uma das aulas do curso era de cookies e brownies. Ela lembra que já havia tentado fazer os biscoitos em outras ocasiões, mas confessa que as formadas foram desastrosas e, inclusive, a fizeram pensar em desistir de fazer tais doces. Mas, seguindo a receita da mãe de uma amiga, resolveu tentar mais uma vez. O resultado? Biscoitos bonitos e deliciosos. 

Joana começou a fazer brownies e cookies para vender no trabalho, e o resultado era sempre o mesmo: fornadas vazias ao fim do dia. Os doces eram cada vez mais requisitados e os pacotinhos personalizados com o nome do cliente, caem nas graças dos consumidores. Os resultados, cada vez melhores, despertam na nossa personagem a vontade de levar cada vez mais a sério seus dotes culinários. 

Em setembro de 2017, ela vence um concurso de cucas, o que lhe dá mais confiança e visibilidade. A ideia, de tornar o hobby uma profissão, começa a se tornar mais frequente e suas delicias parecem indicar uma estrada recheada de muito trabalho e realizações. 

Tudo o que Joana ganhava com a venda dos doces ela guardava ou reinvestia no negócio. Na Páscoa do mesmo ano, as encomendas foram tantas, que precisou da ajuda de vizinhas e amigas para dar conta das entregas. 

Após quase um ano conciliando o trabalho de designer, com a venda dos doces, Joana Brown, finalmente passa a ser Joana Brownie em período integral. Ela conta que a ideia da marca, veio de uma amiga, que costumava fazer o trocadilho com o seu nome. E essa brincadeira não poderia ter dado mais certo! 

Em uma sexta-feira 13, do ano de 2018, Joana e a mãe iniciam a viagem para o novo lar da nossa personagem. A alegre e hospitaleira Joaçaba, ganha uma doceira de mão cheia, que acredita que “alimentar as pessoas é um carinho” e no caso dela, o carinho vem com muito recheio, cobertura e chocolate. 

Sem conhecer praticamente ninguém, Joana começa a divulgar seus doces pelo Instagram, com a ajuda do namorado e cunhados. Passa a fazer entregas sem custo, e como rastilho de pólvora, só que muito mais gostosa, a notícia se espalha e as encomendas começam a tomar proporções cada vez maiores. 

Com a clientela crescendo cada vez mais, Joana, apoiada pelo noivo e família, decide dar outro importante passo: abrir sua Tiny Bakery (Pequena Padaria), profissionalizando ainda mais o seu negócio. Ela revela que nem tinha limite no cartão para comprar tudo o que precisava e que foi necessário coragem e ousadia para ir em frente. 

Após muito planejamento, a nossa personagem, que tem apenas 29 anos, utilizou-se de seus conhecimentos culinários e de design, para construir um espaço com a sua cara. “Tenho orgulho de ter criado o meu universo”, diz ela ao falar sobre o seu empreendimento, revelando que o dia em que a obra ficou pronta foi inesquecível. “Não queria voltar pra casa. Ficava aqui, sentada no chão, admirando tudo.” 

O universo de Joana é doce, mas também é de muito trabalho. Ela afirma que os desafios de empreender não são poucos e que demorou para aprender a ser a sua própria chefe. “Aprendi a dizer não, para conseguir cumprir as minhas regras e metas”, diz ela, revelando que ainda sente o coração apertado quando precisa dizer a um cliente que não pode atendê-lo. 

Joana conta que até o doce chegar às mãos dos clientes, existe um processo mais complexo do que as pessoas conseguem ver. Gerenciar estoque, gerenciar pedidos, cuidar do financeiro, fazer planejamento, bolar estratégias de marketing, tudo isso faz parte do seu negócio. Ela revela que como empreendedora, tem medo todos os dias, mas que “ter gente atrás que está sempre na torcida” e ver que as pessoas gostam do que ela faz é o que mantêm acesso o desejo de continuar. 

Ela afirma que os conhecimentos adquiridos durante a faculdade e principalmente nas experiências profissionais anteriores, foram muito importantes para a condução do negócio e contribuíram para que construísse uma marca cheia de autenticidade e estilo. Quando questionada se, sabendo que trabalharia com confeitaria, faria algo diferente lá atrás, ela é categórica: “Acho que foi tudo essencial.”  

Indagada sobre como a sua história pode inspirar outras mulheres ela conta que é muito comum as pessoas esboçarem uma reação de surpresa ao conhecê-la, porque a maioria a imagina muito mais velha do que ela é. A nossa personagem desconfia que o pensamento que deve surgir com essa constatação é: “se aquela guriazinha conseguiu, eu também posso conseguir”, e encara isso como algo muito positivo, pois acredita que existe espaço para todos e que com dedicação e vontade qualquer objetivo bem planejado, pode ser alcançado. 

Ela revela que apesar de cansativo, o trabalho é recompensador porque lhe dá um propósito que vai além de vender doces: “deixar a vida das pessoas mais feliz”. E complementa: “Eu gosto de ser a pessoa que proporciona esse momento”. 

Nesta trajetória, que mal começou, Joana acredita que a persistência, a criatividade e a iniciativa, são ingredientes fundamentais para que essa receita de sucesso continue a dar certo. “Antes eu esperava que as pessoas fizessem as coisas”, diz ela, afirmando que hoje o que lhe faz uma mulher com M maiúsculo é justamente ter virado essa chave e fazer ela mesma as coisas acontecerem.  

Questionada sobre o futuro, a nossa personagem revela que não pode afirmar se seguirá nesta estrada para sempre. Como alguém multidisciplinar, ela afirma que não vê problema nenhum em mudar, e que seguirá nesse caminho, enquanto ele lhe fizer feliz. 

De uma coisa eu tenho certeza, independente dos rumos que a nossa personagem tomar, ainda há muita doçura para ela distribuir, seja com seus doces, ou com a sua vontade de fazer do mundo um lugar mais feliz. 

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