Ex-alunos do Juvenato São Pascoal de Jaborá se reencontram após quase 50 anos

Os ex-alunos estudaram no período de 1969 a 1985 e relembraram momentos especiais.

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Ex-alunos do Juvenato São Pascoal de Jaborá se reencontram após quase 50 anos

Um grupo de ex-alunos que estudaram no período de 1969 a 1985, no Juvenato São Pascoal de Jaborá, promoveram um encontro que contou com a visitação ao prédio do antigo seminário no último final de semana.

Cláudio Sartori, ex-prefeito do município de Presidente Castello Branco foi um dos seminaristas que passaram pelo Juvenato São Pascoal e também um dos organizadores do encontro. Ele conta que resolveram fazer um reencontro para cada um poder contar como está a sua vida hoje e lembrar dos melhores tempos que tiveram no seminário.

"Eu fui um dos primeiros seminaristas desse grupo, cheguei aqui em 1969, quando ainda havia o Frei Albino, o Frei Cipriano, Frei Abel. Eles estavam organizando o local, que havia ficado fechado por um tempo e depois de um ano e meio que chegou o Frei Nicolau e então começou o trabalho de trazer alunos para que o seminário pudesse se sustentar. Foi uma trajetória muito interessante porque na época não havia um local onde pudéssemos fazer o segundo grau e estudar. As famílias eram muito carentes, o Frei Nicolau passava com um caminhão nas comunidades convidando quem queria estudar e trazia para o seminário. Ficávamos todos alojados em sistema de internato e pudemos ter um grande aprendizado. O Frei Nicolau trazia muitos exemplos da Europa para nos ensinar. Aqui se construiu muita história como o primeiro biodigestor. Quem passou aqui teve uma grande escola da vida e isso fez bem para todos nós. Temos que agradecer e parabenizar o ex-prefeito Alcides Ferrari que se preocupou em manter essa estrutura, pois aqui tem a história de muita gente”.

Histórias que foram lembradas em cada passo, em cada cômodo que visitavam. Relembraram da famosa sala de estudos; da cozinha que ficava trancada por causa das bolachas, frutas e mel; do lava-pés; do Jeep; dos corredores escuros que passavam se guiando pelas paredes e sempre tinha alguém que deixava uma cadeira no meio para os outros tropeçarem...

Histórias engraçadas como contou Loreno Francisco Radin: “o Frei tinha saído, ido para Joaçaba e eu e o Dólico e mais alguns colegas subimos num quarto secreto, que ficava atrás da capela e tinha um extintor de incêndio que fazia uns 10 anos que estava ali. Eu cheguei em cima desse extintor, dei um tapa nele e ele explodiu, deu um estouro, um ruído que parecia um trem passando, fez aquela fumaça amarela, sujou a igreja toda, as imagens dos santos, tivemos que correr limpar tudo antes do frei chegar”. Radin estudou no período de 1970 a 1975 e está escrevendo um livro de memórias que já conta com 400 páginas escritas e irá se chamar “Saudades dos girassóis”, pois em frente ao quarto em que dormia havia um campo de girassóis os quais sempre visualizava pela janela.

Um reencontro de muitas risadas relembrando as artes que faziam e também de muitas emoções: “Eu fui um dos alunos da primeira turma propriamente dita, pois antes disso, havia um grupo que ainda estava arrumando o lugar para poder receber os alunos. Era um grupo com bastante padres. Depois ficou apenas o Frei Nicolau que conduziu os trabalhos até o final. Chegando aqui fiquei bastante emocionado, até porque Jaborá é minha terra natal, meu pai ajudou na edificação do prédio e meu pai é falecido, então isso mexeu bastante. Algumas coisas a gente lembra com alegria, lembra com saudade e de repente chega aqui e encontra os colegas, nada mais gratificante que isso”, relata Leocir Elói Tisatto, aluno do período de 1971 a 1974.

O “Juvenato São Pascoal” foi construído entre os anos de 1948 a 1950 com a participação dos fiéis. De acordo com o historiador José Maria Bordin, nas missas do domingo o padre escalava pessoas para trabalhar nas obras ou no transporte de material, como tijolos e areia, com caminhões e carroças. Com o esforço de todo o povo, em 21 meses foi concluída a edificação que contava com dois pavimentos, pátio interno, quatro alas, capela com torre e dois sinos, uma típica construção de um convento franciscano. Inicialmente, no período de 1950 a 1966 o Juvenato funcionava como Casa de Formação de Irmãos Franciscanos. A partir de 1969 o Juvenato ficou sob direção do Frei Nicolau Wiggers, o qual coordenava os internos nos trabalhos de plantio, criação de suínos, bovinos, aves e também dedicavam-se à apicultura, vendendo mel para toda a região. Nesse período o Frei Nicolau também construiu um biodigestor e chegou a produzir biogás, algo revolucionário para a época. Em 1989 quando já estava desativado, o então prefeito municipal de Jaborá, Alcides Ferrari adquiriu o seminário da Província Franciscana, mantendo assim o prédio como patrimônio do Município, o qual passou a abrigar o CIECE (Centro Integrado de Educação, Cultura e Esporte). No ano de 1997 houve o programa de nucleação das escolas, que trouxe todos os alunos que estudavam nas escolas do interior para a cidade e, em 1998, diante do aumento de alunos, a Escola Municipal Alberto Bordin passou a funcionar no prédio do antigo Juvenato, permanecendo até os dias de hoje e preservando assim sua finalidade de contribuir para a formação educacional dos jaboraenses.

Fonte:

Ascom Prefeitura de Jaborá

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