Meio-Oeste relembra a Grande Enchente de 1983: Uma tragédia que deixou marcas profundas

Quarenta anos se passaram desde a tragédia que atingiu Santa Catarina.

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O Rio do Peixe entre Joaçaba e Herval.
O Rio do Peixe entre Joaçaba e Herval.

Há quarenta anos, o estado de Santa Catarina enfrentava uma de suas maiores tragédias naturais: a Grande Enchente de 1983. O evento, marcado por fortes chuvas e deslizamentos de terra, deixou um rastro de destruição e um número significativo de vítimas.

Durante o mês de julho daquele ano, uma sucessão de tempestades assolou o estado catarinense. As chuvas torrenciais atingiram níveis históricos, resultando em um aumento vertiginoso dos rios e córregos. No Meio-Oeste as cidades cortadas pelo Rio do Peixe foram particularmente afetadas, com bairros inteiros sendo inundados e famílias inteiras desabrigadas.

Na estação em Herval d´Oeste. A água virou até os trens.
Na estação em Herval d´Oeste. A água virou até os trens.

A Grande Enchente de 1983 foi caracterizada pela velocidade com que as águas subiram, pegando a população desprevenida. Em muitos casos, as pessoas tiveram pouco tempo para evacuar suas casas antes que elas fossem submersas. Os deslizamentos de terra também foram frequentes, aumentando ainda mais a devastação.

Os números da tragédia são impressionantes: mais de 200 pessoas perderam suas vidas e milhares ficaram desabrigadas. A infraestrutura do estado foi severamente danificada, com estradas destruídas, pontes arrancadas e sistemas de abastecimento de água e energia prejudicados. O prejuízo econômico também foi imenso, afetando setores como agricultura, comércio e turismo.

Ponte Emílio Baumgart - A queda de um monumento

A Ponte Emílio Baungarten não resistiria a força das águas.
A Ponte Emílio Baungarten não resistiria a força das águas.

A histórica ponte Emílio Baumgart, construída entre os municípios de Joaçaba e Herval d´Oeste na década de 30 representou um marco na engenharia mundial pela técnica utilizada em sua construção, o concreto armado. Ela não resistiu a enchente de 1983 e caiu no dia 8 de julho daquele ano. Seus escombros estão até hoje no local em que imponente ficava, a maior parte dentro do Rio do Peixe.

Na madrugada do dia 08 de julho de 1983, as pessoas que estão acompanhando o desfecho da situação ouvem um estouro, uma explosão, um clarão apareceu na noite chuvosa, as ligações de energia e de telefone foram arrancadas (pois, as mesmas estavam na lateral da ponte). A fundação foi solapada, começa a ficar mais crítica a situação da Ponte. "A ponte caiu...A ponte caiu” exclamou aquela multidão. Foi uma questão de segundos para ver o seu bem maior ser destruído e engolido pelas águas.

A ponte suportou várias enchentes e permaneceu em pé durante 53 anos até ser destruída por essa enchente que devastou e arrasou a cidade e seus arredores. 

Foto mostra a Perdigão de Herval tomada pelas águas e a ponte já derrubada.
Foto mostra a Perdigão de Herval tomada pelas águas e a ponte já derrubada.

Superação

A tragédia que atingiu também outras cidades, como Blumenau e Joinville, também revelou o espírito de solidariedade e resiliência do povo catarinense. Voluntários de todo o país se mobilizaram para ajudar as vítimas, distribuindo alimentos, roupas e medicamentos. O governo e organizações não governamentais uniram esforços para a reconstrução das áreas afetadas.

A Grande Enchente de 1983 teve um impacto duradouro em Santa Catarina. Após o desastre, medidas foram tomadas para aprimorar a infraestrutura de prevenção e alerta contra enchentes, incluindo a construção de barragens e a implementação de sistemas de monitoramento mais eficientes. Essas iniciativas visam minimizar o impacto de futuros eventos climáticos extremos.

Quatro décadas depois, Santa Catarina relembra a tragédia de 1983 como um marco importante em sua história. O evento deixou cicatrizes profundas, mas também fortaleceu a determinação do povo catarinense em superar adversidades e reconstruir suas vidas.


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