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Gastronomia - Especial de Fim de Ano

Confira Ceia de Natal em vários países

Cardápios vão desde uma sopa de peixe tcheca até salsicha alemã, passando pelo bolinho de bacalhau português e chegando ao tradicional peru.

Rodrigo

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Rodrigo Leitão

Dependendo do país, a ceia natalina é totalmente diferente da nossa. Em alguns deles não é possível nem imaginar o que vai à mesa. Dos países europeus que celebram Natal como nós aqui no Brasil, é na República Tcheca e na Eslováquia que está a ceia mais diferente que encontrei. Lá, é servida uma sopa de peixe, além de carpa assada e salada de batatas.

Na Alemanha também se serve sopa, mas de legumes e vegetais. No caso da Alemanha, a ceia de Natal varia muito de acordo com a região do país. Mas, na média, come-se carpa, salada de batatas com salsicha, salsichas brancas, batata cozida e ganso.

Nesses países mais frios, que estão no inverno nessa época do ano, é bem comum servir sopa na noite de Natal, como entrada. Isso aquece as pessoas e deixa todo mundo mais à vontade para a ceia.

Na média, nos países cristãos da Europa e das Américas, a ceia de Natal é muito parecida. A ceia brasileira sofre influência tipicamente europeia, por causa da colonização portuguesa e, depois, dos imigrantes, principalmente os italianos. Mas no Brasil, assim como em Portugal, a origem da ceia de Natal é judaica e recebeu também muita influência árabe. Esses povos são conhecidos por fazer grandes celebrações em torno da mesa, com famílias grandes, amigos e é por isso que a passagem bíblica da Santa Ceia tem como cenário uma mesa com muita gente em volta, é uma simbologia: Cristo e a família escolhida por ele, que são os apóstolos.

Na ceia de Jesus que a gente conhece, foi servido vinho – que por sinal naquela época era um vinho muito difícil de fazer e ao contrário do que se pensa era mais branco do que tinto – e pão. Na ceia dos europeus, e consequentemente na nossa, come-se pernil, carne de porco, peru, rabanada… No caso luso-brasileiro tem ainda bacalhau, bolinhos de bacalhau e só recentemente foi incluído o chester, de uns 30 anos pra cá.

O peru é uma ave mexicana, só entrou na mesa europeia lá por 1530. Primeiro na Espanha, depois na Inglaterra. Posteriormente, o peru se espalhou por todos os reinos europeus porque era uma opção mais barata que o faisão, que tinha de ser caçado. O peru bastava criar em cativeiro. É uma ave símbolo da culinária asteca. O chester é uma invenção escocesa e que hoje tem sua maior produção no Brasil, inclusive a patente é brasileira, é uma ave de laboratório, uma mutação genética que aqui foi desenvolvida na cidade de Tangará, no Meio-Oeste de Santa Catarina.

Para a nossa ceia, os italianos trouxeram o panetone, no início do século passado e no final do século 19. As nozes vêm da influência muçulmana, moura, na península Ibérica.

Na França, base da culinária moderna a partir de meados do século passado, a ceia natalina é uma grande refeição como a nossa, mas a comida lá é tratada com certa luxúria. A ceia dos franceses inclui muitos ingredientes da culinária mediterrânea e aí eles abusam de lagosta, ostra, camarão, além de peixes. O famoso escargot não pode faltar, assim como o foie gras, o tradicional patê de fígado de ganso, que é a melhor companhia para um Sauterne ou um tinto da Borgonha.

Lá na França o peru também é um prato popular na ceia de Natal e, geralmente, serve de base para os grandes vinhos de Bordeaux e da Borgonha, principalmente a coxa e a contra-coxa de peru, que são mais gordurosas e podem ser acompanhadas por vinhos tintos como pinot noir, beaujolais e merlots mais leves. O vinho de qualidade, aquele mais caro, que normalmente os franceses não bebem o ano todo, é aberto nas festas de fim de ano e aí o champagne passa a ser também integrante fundamental das ceias de Natal e ano novo na França.

Já os norte-americanos absorveram muito as práticas culinárias do México e do Caribe. Peru, tender, presuntos variados e mais recentemente, da década de 70 pra cá, o chester, são a base da ceia de Natal deles. Na região da América Central e em Cuba, já se come mais o pernil de porco.

Padrão equivocado – O padrão da Ceia de Natal é universal, mas na minha opinião é um padrão equivocado. Aqui no Brasil estamos no verão, nos Estados Unidos e Europa é inverno. Para lá funciona bem esse padrão mais calórico da ceia e essa é a razão desses pratos na celebração do Natal.

Aqui não, faz muito calor, 40 graus em várias regiões do País. Então deveríamos ter uma ceia tropicalizada. Tudo bem que tenha peru, porque é carne branca, de ave, mas deveríamos ter mais peixe, o próprio bacalhau, tomar vinho branco ou espumante, que se serve bem gelado e não vinho tinto. Deveríamos abusar das frutas, legumes e verduras. Na minha opinião, ceia de Natal tinha de ser com peixe, porque esse era o alimento diário de Jesus.


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