Confira manifestações de defesa e acusação no julgamento de Claudia Tavares Hoeckler

O júri popular de Claudia Tavares Hoeckler segue em andamento no plenário da Câmara de Vereadores de Capinzal nesta sexta-feira, dia 29. Acusada de matar o marido, Valdemir Hoeckler, e ocultar o corpo em um freezer em novembro de 2022, Claudia começou a ser julgada na tarde de quinta-feira, dia 28 O caso mobiliza a região e deve ter o resultado da sentença divulgado até o fim da noite.

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Acusação

O promotor de Justiça Diego Bertoldi abriu as manifestações apontando a “frieza” da acusada. Segundo ele, Claudia transformou o marido em um “preso” para não ser presa: dopou a vítima, ocultou o corpo no freezer e ainda participou das buscas para sustentar a versão de desaparecimento. Bertoldi ressaltou que ela chegou a enviar mensagens de áudio ao contato de Valdemir no WhatsApp após a morte, implorando por respostas. Ironizando o comportamento da ré durante o júri, disse que Claudia teria “alergia à verdade” ao passar mal em plenário, lembrando que não demonstrou o mesmo estado ao cometer o crime.

O promotor destacou ainda que a acusada apresentou versões contraditórias em diferentes depoimentos e chegou a impedir a perícia da Polícia Civil ao trancar a residência, levantando mais suspeitas. Entre os pontos questionados, mencionou a reserva em Abdon Batista com amigas, o uso de medicamentos supostamente para se proteger do marido e a preparação de objetos usados no crime, afastando a tese de impulso. Também criticou a entrevista concedida pela ré a um canal de São Paulo, classificando-a como uma tentativa de autopromoção.

Na sequência, o promotor Rafael Baltazar Gomes dos Santos reforçou a acusação, enaltecendo o trabalho da Polícia Civil e sustentando que Claudia não era vítima de violência doméstica. Ele apresentou laudos médicos e toxicológicos que indicariam homicídio por asfixia, com uso de um coquetel de medicamentos, além de ocultação do cadáver. As provas mostraram imagens do corpo dentro do freezer, que precisou ser desmontado parcialmente para acomodar a vítima. Para Rafael, a acusada tinha condições de manter a vida sem o marido e não havia justificativa para o crime. O promotor concluiu afirmando que uma eventual absolvição significaria “uma derrota para a justiça”.

Defesa

A advogada Gabriela Bemfica contestou a visão do Ministério Público, argumentando que exigir marcas físicas para reconhecer a violência é negar o impacto da agressão psicológica e emocional. Segundo ela, Claudia viveu anos de abusos dentro de casa, sem liberdade e sob ameaças constantes. A defensora destacou que a vítima não perde o direito de sorrir, rebatendo o registro em ata feito sobre a filha de Claudia, e citou decisões do Supremo Tribunal Federal que reconhecem a violência doméstica mesmo sem marcas visíveis.

Em seguida, o advogado Matheus Molin apresentou mensagens trocadas entre Claudia e amigas, nas quais ela relatava agressões e medo do marido. Uma amiga teria presenciado uma tentativa de homicídio em via pública. Foram exibidos também prints de conversas e relatos de testemunhas que confirmariam episódios de violência, incluindo declarações de familiares. A defesa argumentou ainda que Claudia vivia isolada, com dificuldades para buscar ajuda da polícia, cuja delegacia ficava a 15 quilômetros de distância.

O advogado Jader Marques encerrou as falas da defesa afirmando que o caso pode ser enquadrado em outras possibilidades previstas no Código Penal, como homicídio privilegiado ou legítima defesa. Ele sustentou que Claudia agiu para preservar a própria vida, reagindo diante de agressões injustas. Citando artigos 23 e 25 do Código Penal, reforçou que a reação foi necessária para cessar a violência, ainda que tenha resultado na morte do marido. Para a defesa, a ré não deve ser vista como fria, mas como uma mulher que buscou sobreviver.

Com informações da Capinzal FM