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Foto: Ricardo Trida / Arquivo / SECOM
Estado

Estado e municípios de SC descartaram mais de 1 milhão de doses de vacinas em 3 anos

Cidades elencam baixa procura da população, perdas com armazenamento e dificuldade com frascos multidose.

Luan

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Foto: Ricardo Trida / Arquivo / SECOM

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Mais de 1 milhão de doses de diversas vacinas foram parar no lixo nos últimos três anos em Santa Catarina, é o que mostra um levantamento exclusivo feito pela NSC TV junto à Secretaria de Estado da Saúde e às prefeituras dos maiores municípios do estado.

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A apuração começou a ser feita em fevereiro deste ano. Através da Lei de Acesso À Informação, a reportagem questionou às prefeituras das dez maiores cidades do estado: quantas doses de vacina foram descartadas nos últimos três anos - 2022 a 2024 - e os motivos dos descartes.

Foram consideradas para a pesquisa, as cidades com maior população segundo o Censo do IBGE de 2022. Assim, os questionamentos foram enviados para as prefeituras de Joinville, Florianópolis, Blumenau, São José, Itajaí, Chapecó, Palhoça, Criciúma, Jaraguá do Sul e Lages. Destes municípios, seis responderam os dados de forma completa.

Respostas das prefeituras

Chapecó: 15.060 doses foram jogadas fora entre 2022 e 2024. A prefeitura destacou que o número ficou abaixo do limite previsto pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que recomenda um teto de 5% de perdas para imunobiológicos. E que as perdas mais significativas ocorreram em 2022, por conta dos desafios logísticos da vacina contra a Covid-19.

Palhoça: 29.047 doses de vacinas foram descartadas. A prefeitura ressaltou que o principal motivo foi o vencimento do prazo de validade dos imunizantes.

Criciúma: 41.554 doses foram descartadas no período. O município informou que os motivos foram validade vencida, danos na embalagem, falha no equipamento, procedimento inadequado, entre outros.

Jaraguá do Sul: 53.973 doses se perderam desde 2022. A prefeitura detalhou que os principais motivos foram vazamentos ou falhas durante a aspiração da vacina; a formação de bolhas ou a presença de partículas que impedem o uso; erros de reconstituição; e a expiração do prazo de validade após a abertura do frasco.

Itajaí: 61.704 doses de vacinas foram jogadas fora. A prefeitura citou prazos de validade curtos e a baixa adesão da população à campanha de imunização contra a gripe como principais motivos para os descartes.

São José: 79.075 doses de imunizantes foram descartadas. O município citou a baixa adesão à vacina contra a Covid e a atualização da cepa viral da vacina contra a gripe, feita anualmente pelo Ministério da Saúde e que obriga os municípios a descartarem as doses remanescentes, como principais motivos.

Florianópolis: dos municípios que responderam ao questionamento da NSC, a capital teve o número mais alto de vacinas descartadas: nos últimos três anos, 128.154 doses de imunizantes se perderam. Como justificativa, a prefeitura citou o prazo de validade das vacinas e outras "situações pontuais no transporte ou na conservação, que acabam comprometendo a eficácia do imunizante".

Dados incompletos ou inconclusivos

Outros dois municípios do estado responderam a solicitação de forma incompleta. A maior cidade do Vale do Itajaí, Blumenau, enviou apenas os dados referentes às vacinas contra a gripe e Covid. Ao todo, 38.236 doses destas vacinas foram descartadas entre 2022 e 2024.

A prefeitura explicou que a quebra dos recipientes e falhas pontuais na cadeia de frios foram alguns dos motivos, assim como a baixa procura da população pelos imunizantes.

A maior cidade do estado, Joinville, informou apenas os dados de 2024 - e, assim como Blumenau, somente das vacinas contra a gripe e Covid. Ainda assim, o relatório fornecido pelo município aponta 94.205 doses descartadas.

A Prefeitura de Joinville disse que os descartes aconteceram porque a vacina tem prazo curto de duração. E sobre o envio parcial das informações, disse apenas que "esse é o dado técnico que a Secretaria da Saúde possui".

A Prefeitura de Lages, também questionada, enviou dados considerados inconclusivos, que não permitiram definir a quantidade de doses descartadas.

Total de doses descartadas

Somados, os números informados pelos municípios revelam que 541.018 doses de vacinas foram jogadas fora nos últimos três anos. Em fevereiro deste ano, também em resposta a uma solicitação da NSC, a Secretaria de Saúde de Santa Catarina divulgou que descartou, entre 2022 e 2024, 658.884 doses.

Número este que, somado aos informados pelos nove maiores municípios do estado, revela que 1.199.902 vacinas foram desperdiçadas em Santa Catarina nos últimos três anos.
O número real, no entanto, tende a ser bem maior, já que o levantamento não inclui os dados das demais 286 cidades do estado.

Vacinas descartadas correspondem a quase R$ 9 milhões

Nas solicitações enviadas às prefeituras, a NSC TV também pediu os valores financeiros das vacinas descartadas, já que esta é uma informação que consta nos dados dos lotes de imunizantes recebidos pelos municípios. Das dez prefeituras, apenas cinco responderam a solicitação com estes dados.

  • Florianópolis: R$ 3.510.031,61
  • Jaraguá do Sul: R$ 2.161.694,03
  • Itajaí: R$ 1.749.830,06
  • Criciúma: R$ 1.028.053,33
  • Blumenau: R$ 250.008,67

Somados, os valores revelam um desperdício de R$ 8.699.617,70 em investimento público com as vacinas descartadas pelos respectivos municípios nos últimos três anos. Vale lembrar que a compra dos imunizantes é feita, sem exceções, pelo Ministério da Saúde.

Fonte: G1 SC


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