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Santa Catarina

GAECO desmantela golpe contra idosos em SC e outros 4 estados

Mandados foram cumpridos em cinco estados, incluindo Santa Catarina; vítimas recebiam menos de 10% dos valores de ações judiciais

Éder Luiz

Éder Luiz

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O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (GAECO), deflagrou na manhã desta terça-feira (22) a Operação “Entre Lobos”. A ação visa desmantelar uma sofisticada organização criminosa que aplicava golpes financeiros contra idosos e pessoas em situação de vulnerabilidade em vários estados do país.

Coordenada pela Promotoria de Justiça da Comarca de Modelo, no Oeste catarinense, a operação cumpre 13 mandados de prisão (oito preventivas e cinco temporárias), 35 mandados de busca e apreensão e o bloqueio de contas bancárias de investigados e empresas. Também foram determinadas 25 apreensões de veículos e bloqueios de bens de até R$ 2 milhões por alvo.

A ação ocorreu de forma simultânea em 12 municípios de Santa Catarina, Ceará, Rio Grande do Sul, Bahia e Alagoas, com o apoio de mais de 130 agentes do GAECO, Promotores de Justiça, Polícia Militar e representantes da OAB.

Como o golpe funcionava

O grupo criminoso abordava idosos e aposentados, principalmente em suas residências ou pela internet, oferecendo o ajuizamento de ações revisionais de contratos bancários. As vítimas, muitas vezes sem entenderem do que se tratava, assinavam documentos e procurações que permitiam aos criminosos dar início aos processos.

Depois disso, elas eram induzidas a assinar contratos de cessão de crédito judicial, transferindo os valores que teriam direito a receber na Justiça para empresas de fachada ligadas ao grupo criminoso.

Em alguns casos concretos, vítimas que tinham direito a receber mais de R$ 100 mil acabavam recebendo apenas R$ 2 mil a R$ 2,5 mil. Um exemplo: uma vítima com crédito de R$ 146 mil recebeu apenas R$ 2.500 — menos de 2% do valor real.

Uso de empresas de fachada e aparência de legalidade

Os valores obtidos nas ações judiciais eram transferidos para empresas de fachada como a Ativa Precatórios, com sede em Pinhalzinho (SC), e a BrasilMais Precatórios, com sede em Fortaleza (CE). Esses nomes eram usados para dar uma aparência legal à negociação e afastar os advogados de reclamações diretas das vítimas.

Essas empresas chegaram a receber mais de R$ 6 milhões em créditos judiciais, mas repassaram menos de 10% às vítimas.

Além disso, o grupo utilizava o site do Instituto de Defesa do Aposentado e Pensionista (IDAP) para captar clientes em todo o Brasil. O site simulava um atendimento jurídico legítimo, mas servia apenas para alimentar o esquema criminoso.

Golpe estruturado e nacional

A investigação revelou que o grupo mantinha planilhas financeiras detalhadas, indicando divisão de lucros, comissões, gastos e até instruções para enganar as vítimas. A atuação criminosa já foi detectada em SC, RS, CE, AL e BA, com planos de expansão para outros estados.

O IDAP, usado para atrair aposentados pela internet, atuava em pelo menos 37 comarcas nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Vítimas devem procurar ajuda

Até o momento, 215 vítimas foram formalmente identificadas, mas a estimativa é de que mais de mil pessoas possam ter sido lesadas. A maioria das vítimas tem idade média de 69 anos.

O Ministério Público orienta que quem suspeitar ter sido vítima procure ajuda imediatamente para garantir a reparação dos danos e o avanço das investigações.

Onde denunciar:

  • Delegacia de Polícia Civil mais próxima
  • Promotoria de Justiça de Modelo (SC): WhatsApp (49) 99200-7462
  • Ouvidoria do MPSC: [email protected] | (48) 3229-9306 ou 127 (9h30 às 19h)

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