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Foto: Alexandre Madoglio/ND
Chapecó

Homem morre esperando resultados de exames em hospital de Chapecó

Companheira acha que demora no atendimento contribuiu para morte, mas hospital afirma que ele recebeu todo suporte

Luan

Luan

Foto: Alexandre Madoglio/ND

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Um homem, identificado como João Maria Teixeira Machado, de 54 anos, teria morrido esperando resultados de exames nesta sexta-feira (11), no HRO (Hospital Regional do Oeste), em Chapecó, no Oeste de Santa Catarina. A companheira do homem, Salete Lurdes de Oliveira Kroth, de 61 anos, acredita que a demora no atendimento contribuiu para a morte, mas o hospital afirma que o paciente recebeu todo o suporte necessário.

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Segundo Salete, ela e o companheiro moram em Sul Brasil, município distante cerca de 73 quilômetros de Chapecó, e chegaram na unidade hospitalar de ambulância por volta das 15h, após João Maria ter sido atendido no hospital de Modelo, de onde foi transferido para o HRO.

“Eles não me deixaram entrar e eu voltei para casa. Quando cheguei lá, minha filha mandou uma mensagem para ele [João Maria] e ele disse que ainda não tinha sido atendido”, contou em entrevista à NDTV RECORD.

Salete diz que recebeu áudios do companheiro gemendo e relatando muita dor enquanto estava esperando resultados de exames e ainda aguardava por respostas de qual conduta médica seria adotada.

“Tem que esperar, tem que esperar, amor, o resultado dos exames […] eu tava gritando, pedi um remédio para dor, mas fazer o que”, disse João Maria em um áudio enviado à companheira.

Depois disso, por volta das 22h30, Salete recebeu uma ligação do hospital pedindo para que ela comparecesse à unidade.

“Me falaram que tinham que falar comigo pessoalmente. Achei que seria para assinar alguma autorização para cirurgia, mas quando cheguei me disseram que ele havia sofrido uma parada cardíaca e perfurou as ‘tripa’ [intestino] e me levaram ver ele no necrotério. É muito triste ver a pessoa daquele jeito”, disse chorando.

A companheira relatou que João Maria reclamava de dores há quase uma semana e no último fim de semana esteve no HRO onde foi atendido e realizou exames.

“Eles falaram que não tinha dado nada no exame, deram laxante e encaminhamento para fazer uma colonoscopia, que ele faria na próxima semana, mas não deu tempo”.

Questionada, ela disse que acredita que a demora no atendimento pode ter agravado o quadro do companheiro e o levado à morte.

“Eu acho que faltou [cuidado], porque semana passada ele só ficou sentado em uma cadeira de ferro, nos dois dias enquanto esperava, não internaram em momento algum para investigar”, detalhou.

O atestado de óbito de João Maria descreve a causa da morte como sepse grave com choque séptico. “A gente vivia feliz e agora se foi minha felicidade”, acrescentou Salete.

O que diz o hospital?

Em nota, a ALVF (Associação Lenoir Vargas Ferreira), gestora do HRO, disse que acompanhou com atenção e respeito os desdobramentos do caso, ocorrido no pronto-socorro.

Conforme a Associação, o paciente deu entrada no Pronto-Socorro do HRO às 14h54, com queixas de dores abdominais. Após o atendimento inicial, foi atendido pela equipe de enfermagem às 15h27, quando recebeu a classificação de risco amarela, conforme o Protocolo Catarinense de Acolhimento com Classificação de Risco — o que significa que o paciente necessita de atendimento urgente, porém não imediato, com tempo de espera.

O atendimento médico foi iniciado às 16h59, quando, segundo o hospital, o paciente teria sido avaliado, estava orientado e relatava dor abdominal.

“Foram prescritos medicamentos para alívio da dor, além da solicitação de exames laboratoriais e de imagem. Após a coleta de exames e realização de tomografia, o paciente permaneceu em observação nas dependências do Pronto-Socorro, aguardando os resultados”, disse a nota.

Conforme a nota, às 20h52, o paciente teria sido reavaliado por uma nova equipe médica. “Ele seguia orientado, comunicativo e relatava melhora da dor, restando pendente apenas a emissão do laudo da tomografia”.

Porém, de acordo com o hospital, às 22h, no entanto, o paciente sofreu uma parada cardiorrespiratória. “A equipe de enfermagem acionou imediatamente os médicos, que realizaram manobras de reanimação por mais de 30 minutos, infelizmente sem sucesso e o óbito foi constatado”.

O hospital alegou que, apesar de todos os esforços das equipes médica e de enfermagem, não foi possível reverter o quadro, e lamentou profundamente o desfecho.

Atendimento na semana anterior

Ainda segundo o hospital, o paciente havia procurado atendimento na semana anterior, no qual foi constatado por meio de tomografia suspeita de lesão no sigmóide (intestino).

Havia indicação de colonoscopia, exame que é realizado ambulatorialmente, junto à Unidade Básica de Saúde do município. Como o paciente estava estável, foi liberado e encaminhado para a investigação do tumor.

“Reafirmamos nosso compromisso com a ética, a transparência e a qualidade do atendimento. Informamos que será realizada a devida apuração de todas as circunstâncias do ocorrido, a fim de verificar se os protocolos assistenciais e de segurança foram seguidos conforme os padrões exigidos”, acrescentou a unidade hospitalar em nota.

O que diz a Secretaria de Estado da Saúde?

A SES (Secretaria de Estado da Saúde) lamentou sobre o caso e se solidarizou com a perda da família do Sr. João Maria. Eles solicitaram à direção do Hospital Regional do Oeste, que realizasse todos os procedimentos administrativos e as providências internas estão sendo tomadas para a apuração dos fatos.

“A direção da instituição segue à disposição da família para maiores esclarecimentos,” disse a SES.

Fonte: ND+


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