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Operações Policiais

Médico de Concórdia é investigado por receber até R$ 37 mil mensais sem trabalhar no Amapá

PF aponta fraudes em plantões no Hospital de Emergência de Macapá; operação também investiga outros profissionais da saúde

Pedro

Pedro

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Um médico residente em Concórdia, no Oeste de Santa Catarina, está entre os principais alvos da Operação Sinecura, deflagrada pela Polícia Federal nesta semana. Ele é investigado por receber entre R$ 25 mil e R$ 37 mil por mês, entre 2022 e 2024, mesmo sem comparecer ao local onde deveria cumprir plantões presenciais: o Hospital de Emergência de Macapá, no estado do Amapá.

Segundo apurado pelo ND Mais, o profissional esteve no hospital apenas uma única vez em dois anos, apesar de estar frequentemente escalado. Ele alega que prestava serviços à distância, principalmente na área de radiologia, mas seu nome constava nas escalas como plantonista presencial, o que não justificaria a ausência.

O nome do médico não foi divulgado, mas ele já foi afastado administrativamente de suas funções. A investigação também aponta outras irregularidades envolvendo profissionais de diversos estados.

Mais casos suspeitos

Uma mulher, inicialmente identificada como médica, mas que na verdade é fisioterapeuta, também é alvo da operação. Atualmente morando em São José (SC), ela teria sido escalada para plantões presenciais, mas não comparecia. Alegou que se mudou para Santa Catarina em 2023 e que estaria de licença.

Outro caso envolve uma profissional que reside em Belém (PA). Apesar de constar em escalas de plantão no Amapá, ela teria ido a Macapá apenas uma vez desde 2022 — chegou no início da tarde e retornou à sua cidade no mesmo dia, antes do horário previsto para o início do plantão.

A Polícia Federal também identificou viagens internacionais coincidentes com datas de plantões presenciais, indicando um possível esquema de fraudes em série.

Fraude comprometeu atendimento à população

A operação é conduzida pela Polícia Federal em parceria com o Ministério Público Estadual do Amapá e aponta que o esquema está ativo pelo menos desde abril de 2022. Os plantões fantasmas teriam prejudicado diretamente o atendimento à população, que ficou desassistida.

Os investigados poderão responder por peculato, falsidade ideológica e associação criminosa.

Secretaria de Saúde promete mudanças

A Secretaria de Estado da Saúde do Amapá (SESA) informou, por meio de nota, que a investigação é resultado de uma provocação da própria pasta, que buscou apurar as suspeitas de irregularidades nas escalas. Todos os servidores citados estão sendo afastados.

Entre as medidas previstas para evitar novos casos, está a implantação de um sistema digital de controle de escalas via aplicativo. A SESA ressaltou ainda que os casos investigados são pontuais e não representam a conduta da maioria dos profissionais da saúde pública do estado.

Conselhos de Medicina acompanham o caso

O Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina (CRM-SC) informou que tomou conhecimento da operação pela imprensa. A entidade destacou que, conforme o Código de Processo Ético-Profissional, a apuração das condutas cabe ao CRM do estado onde os fatos ocorreram, ou seja, o CRM do Amapá (CRM-AP).

O CRM-SC afirmou que, caso os médicos envolvidos tenham registro ativo em Santa Catarina, aguardará a conclusão da investigação no Amapá para tomar as medidas cabíveis.

Já o CRM-AP disse que ainda não teve acesso oficial aos autos, mas que tomará as providências necessárias se houver confirmação de infrações éticas por parte dos médicos inscritos.


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