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Influenciador Ricardo Godoi, que morreu após receber uma anestesia geral para fazer uma tatuagem — Foto: Reprodução/Redes sociais
Santa Catarina

Médico é denunciado por homicídio culposo após morte de paciente durante sedação para tatuagem em SC

O médico teria agido com negligência, ao aplicar anestesia geral sem realizar consulta prévia ou exigir exames clínicos obrigatórios.

Éder Luiz

Éder Luiz

Influenciador Ricardo Godoi, que morreu após receber uma anestesia geral para fazer uma tatuagem — Foto: Reprodução/Redes sociais

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O Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) denunciou um médico de 34 anos por homicídio culposo, após a morte do influenciador Ricardo Godoi, de 46 anos, durante um procedimento de tatuagem com anestesia geral, em janeiro deste ano, em Itapema, no Litoral Norte do estado.

Segundo a denúncia, apresentada pela 2ª Promotoria de Justiça da Comarca de Itapema, o médico teria agido com negligência, ao aplicar anestesia geral sem realizar consulta prévia ou exigir exames clínicos obrigatórios, como eletrocardiograma e radiografia de tórax — recomendados para pacientes com histórico de hipertensão e idade acima de 40 anos.

De acordo com o estúdio de tatuagem responsável pelo procedimento, Ricardo sofreu parada cardiorrespiratória no início do processo de sedação e intubação, antes mesmo de a tatuagem ser iniciada. Um cardiologista foi chamado para tentar reanimá-lo, mas sem sucesso.

Ainda segundo o Ministério Público, o médico conheceu o paciente apenas no momento do procedimento, o que, conforme a Promotoria, viola normas técnicas estabelecidas pelo Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina (CRM-SC).

Na última sexta-feira, 4 de julho, foi realizada audiência para proposta de acordo de não persecução penal, mas o médico recusou os termos sugeridos.

“Diante disso, não restou alternativa senão o oferecimento da denúncia”, explicou o promotor de Justiça Leonardo Fagotti Mori.

Com base em laudos periciais e depoimentos colhidos durante o inquérito, o Ministério Público solicitou o prosseguimento da ação penal, com a citação do denunciado, a realização de audiência e, ao final, sua condenação e reparação dos danos à família da vítima.

O que dizem o hospital e o estúdio

O procedimento seria realizado nas dependências do Hospital Dia Revitalite, em Itapema, contratado pelo estúdio. Em nota publicada nas redes sociais, o hospital declarou que não participou da execução do procedimento, limitando-se a disponibilizar a sala cirúrgica e os equipamentos necessários.

“O procedimento foi realizado por intermédio de médico particular contratado pelo estúdio e pelo próprio falecido. Nenhum membro do nosso quadro clínico esteve envolvido”, afirmou o hospital, acrescentando que está colaborando com as investigações.

Já o estúdio de tatuagem declarou que Ricardo era cliente e amigo pessoal do proprietário, e que o procedimento havia sido planejado com estrutura hospitalar adequada, incluindo uma equipe médica especializada e exames laboratoriais prévios.

“Ricardo assinou o termo de consentimento de risco. No início da sedação e intubação, ele sofreu a parada cardiorrespiratória, antes mesmo de começarmos a tatuagem. Um cardiologista foi chamado imediatamente, mas infelizmente ele não resistiu”, declarou o estúdio.

Orientação do CRM-SC

O Conselho Regional de Medicina de SC esclareceu que há um parecer que orienta profissionais sobre a realização de procedimentos como tatuagens com anestesia. Segundo o órgão, não há proibição para que médicos especializados administrem anestesia nesses casos, desde que respeitadas as normas e critérios técnicos.

O caso segue em andamento e agora está sob responsabilidade da Justiça, que avaliará os próximos passos do processo.


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