Nova tecnologia promete reduzir em até 70% os tremores do Parkinson já na primeira sessão
Procedimento sem cirurgia já está disponível no Brasil e também pode beneficiar quem sofre com tremor essencial.

Chegou ao Brasil uma nova tecnologia que pode representar um alívio imediato para pacientes que sofrem com tremores causados pelo Parkinson ou pelo chamado tremor essencial. O tratamento, que já é utilizado em países como Estados Unidos, Chile e Argentina, agora está sendo oferecido pelo Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo.
A técnica se chama HIFU (Ultrassom Focalizado de Alta Intensidade) e é totalmente não invasiva — ou seja, não exige cirurgia. Segundo o hospital, já na primeira sessão os tremores podem ser reduzidos em até 70%, oferecendo mais autonomia e qualidade de vida aos pacientes.

Como funciona o tratamento?
O HIFU utiliza ondas sonoras de alta frequência direcionadas a uma região específica do cérebro, chamada tálamo, responsável pela transmissão e processamento de informações motoras e sensoriais. Com a ajuda de um capacete com mais de mil emissores de ultrassom, o equipamento concentra essas ondas em pontos milimétricos, causando pequenas lesões nos neurônios que provocam os tremores.
Todo o procedimento é feito com o paciente acordado, dentro de um aparelho de ressonância magnética, que permite o monitoramento em tempo real. Os médicos realizam testes durante o tratamento para garantir a eficácia e evitar efeitos colaterais.
A primeira aplicação é reversível e serve para avaliar a resposta do paciente. Geralmente, são feitas até três microlesões em uma única sessão, que dura cerca de 1h30. O paciente pode retornar para casa no mesmo dia.
Quem pode se beneficiar?
O novo tratamento é indicado para pessoas com tremor essencial — condição que afeta cerca de 20% da população com mais de 65 anos — e para pacientes com doença de Parkinson que não respondem bem à medicação tradicional, como a Levodopa.
De acordo com os especialistas do Einstein, a escolha correta dos pacientes é fundamental para o sucesso do procedimento. A instituição realiza uma triagem criteriosa, que inclui avaliação da espessura do crânio e mapeamento cerebral para garantir a segurança.
Efeitos colaterais e resultados
Entre os efeitos colaterais relatados em estudos internacionais estão dor de cabeça, formigamento, tontura, instabilidade e, em casos mais raros, alterações no paladar ou fala arrastada. A maioria desses sintomas desaparece em até 30 dias. Complicações persistentes são incomuns, mas podem ocorrer em uma pequena parcela dos casos.
Para muitos, o resultado é transformador. O aposentado Rodolfo Moser, de 73 anos, um dos primeiros brasileiros a passar pelo HIFU, relatou melhora significativa uma semana após o procedimento. “Tinha de duas a três crises por dia. Hoje não enfrento mais os tremores”, contou.
O hospital ainda não divulgou o valor do procedimento, mas já manifestou interesse em firmar parcerias com o setor público para ampliar o acesso à tecnologia.
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