O que se sabe até agora sobre o novo coronavírus descoberto na China essa semana
Novo coronavírus identificado em morcegos na China pode ter potencial de infecção em humanos
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A descoberta de uma nova cepa de coronavírus em morcegos de Hong Kong, na China, tem chamado a atenção da comunidade científica. O vírus, denominado HKU5-CoV-2, pertence à família dos merbecovírus e, segundo pesquisadores, pode ter uma capacidade de infecção semelhante à do SARS-CoV-2, responsável pela pandemia da Covid-19. O estudo foi conduzido pelo Instituto de Virologia de Wuhan e pelo Laboratório de Guangzhou e publicado na renomada revista científica Nature.
O que se sabe sobre o HKU5-CoV-2?
Até o momento, os testes em laboratório mostraram que esse novo coronavírus consegue infectar células humanas, utilizando a enzima conversora de angiotensina 2 (ACE2) como porta de entrada – o mesmo mecanismo que o SARS-CoV-2 utiliza para se espalhar pelo organismo. Além disso, os pesquisadores observaram que o vírus conseguiu se replicar em tecidos pulmonares e intestinais cultivados artificialmente com células humanas.
Felizmente, nenhum caso de infecção em humanos foi registrado até o momento, mas os cientistas alertam que o potencial de disseminação do vírus ainda precisa ser investigado com mais profundidade.
Origem e relação com outros coronavírus
O HKU5-CoV-2 faz parte dos merbecovírus, uma subfamília de coronavírus já identificada em diversos mamíferos, como morcegos, visons e pangolins. Esse último, inclusive, é apontado como um dos possíveis intermediários da transmissão do SARS-CoV-2 para humanos.
Os merbecovírus são conhecidos por sua capacidade de adaptação e pelo potencial de evoluir para vírus capazes de infectar humanos. O caso mais conhecido dessa família é o MERS-CoV, que causou a epidemia da Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS) em 2012, com alto índice de mortalidade.
Existe risco de uma nova pandemia?
Apesar da preocupação com o novo vírus, os pesquisadores ressaltam que ainda não há evidências de que o HKU5-CoV-2 possa ser transmitido entre humanos. No entanto, a descoberta reforça a importância do monitoramento contínuo de vírus em animais, principalmente em morcegos, que são hospedeiros naturais de muitos coronavírus.
A virologista Shi Zhengli, uma das maiores especialistas em coronavírus de morcegos e que atuou no Instituto de Virologia de Wuhan durante a pandemia da Covid-19, lidera os estudos sobre o HKU5-CoV-2. Em sua publicação, ela e sua equipe afirmam que "os riscos de disseminação do vírus para humanos precisam ser investigados com mais profundidade".
O que pode ser feito para evitar novos surtos?
A identificação precoce de vírus com potencial zoonótico (que podem ser transmitidos de animais para humanos) é essencial para prevenir novos surtos e evitar futuras pandemias. Algumas ações importantes incluem:
Monitoramento constante de coronavírus em animais selvagens, especialmente morcegos e mamíferos que podem servir como hospedeiros intermediários.
Reforço na biossegurança de mercados de animais vivos e criações intensivas, para reduzir o risco de transmissão entre espécies.
Investimentos em pesquisa de vacinas e antivirais que possam ser utilizados rapidamente no caso de um novo surto.
Melhor comunicação científica entre países, permitindo que informações sobre novas descobertas sejam compartilhadas de maneira rápida e eficaz.
A descoberta do HKU5-CoV-2 reforça a importância da vigilância epidemiológica e do monitoramento de vírus emergentes. Embora não haja motivo para pânico, o alerta da comunidade científica deve ser levado a sério, principalmente considerando a experiência recente da Covid-19.
O estudo mostra que, mesmo após cinco anos do início da pandemia global, os coronavírus continuam evoluindo, e a prevenção segue sendo a melhor estratégia para evitar futuras crises sanitárias.
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