Pesquisa de professora da Unoesc alerta sobre o acúmulo de ferro no organismo
Material foi publicado na revista científica “São Paulo Medical Journal”.

Um estudo conduzido pela professora do curso de Nutrição da Unoesc, Cristiane Manfé Pagliosa, em parceria com o Centro de Hematologia e Hemoterapia de Santa Catarina (Hemosc) de Florianópolis e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), foi publicado na revista científica “São Paulo Medical Journal” e traz à tona um problema pouco discutido: o excesso de ferro no organismo. A pesquisa analisou mutações do gene HFE relacionadas à hemocromatose hereditária, em mais de mil pacientes atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em Santa Catarina.
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— A intenção foi dar visibilidade a uma condição que muitas vezes passa despercebida, mas que pode trazer sérios riscos à saúde. É uma situação silenciosa. As pessoas têm, mas não se fala sobre. Nosso propósito foi mostrar a frequência e a distribuição desses casos no estado para destacar que eles existem — explicou a professora Cristiane.
A pesquisa apontou que 89,6% dos 1.022 pacientes analisados estavam em avaliação por suspeita de hemocromatose hereditária e apenas 10,4% eram por diagnóstico de hemocromatose secundária. A maioria apresentava mutações diferentes da clássica C282Y/C282Y, especialmente envolvendo a mutação H63D/WT, que representou mais de 39% dos casos em todas as regiões de Santa Catarina. As mutações C282Y/C282Y foram mais prevalentes nas regiões Oeste (20,9%) e Norte (28,3%) do estado.
Esses dados, segundo a professora, podem servir de base para o desenvolvimento de políticas públicas, entre elas: ações educativas voltadas à conscientização sobre o excesso de ferro, suas causas e consequências. Outra proposta é a criação de materiais e cursos informativos, além de articular a produção e o acesso a alimentos sem suplementação de ferro, uma medida importante, considerando que desde 2002, no Brasil, todas as farinhas de trigo e milho devem obrigatoriamente conter ferro.
— A preocupação é que esse tipo de suplementação, embora essencial para o combate à anemia em parte da população, pode agravar a condição de quem possui predisposição genética à hemocromatose hereditária— reforçou a professora.
O estudo também observou que, entre as mutações, a análise ajustada de associação mostrou que homens possuem chances aumentadas para hemocromatose, quando envolvendo mutações “não-C282Y/C282Y”, comparado às mulheres. Lembrando que a hemocromatose hereditária quando diagnosticada precocemente, é possível evitar complicações graves como diabetes, doenças cardíacas, hepáticas e articulares.
— A pesquisa reforça a importância de mapeamentos regionais para nortear estratégias de diagnóstico precoce e tratamento, além de incentivar a formação de associações de pacientes e uma melhor articulação entre instituições públicas, privadas e industriais — finalizou a professora Cristiane Manfé Pagliosa.
Fonte: Assessoria de comunicação
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