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Foto: Andrew Medichini/AP
Brasil e Mundo

Quando começa o Conclave? Veja o que se sabe sobre a nova eleição e os nomes cotados

Votação deve começar depois do dia 5 e contará com sete brasileiros.

Luan

Luan

Foto: Andrew Medichini/AP

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Após o sepultamento do papa Francisco, neste sábado (26), a Igreja Católica começa um período de luto de nove dias que deve ser respeitado até a eleição que escolhe seu próximo pontífice. A votação é conhecida como Conclave. Com isso, em teoria, o processo não deve começar antes do dia 5 de maio.

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No entanto, em fevereiro de 2013, o papa Bento XVI estabeleceu uma nova regra que permite flexibilidade nesse prazo. Pela norma, o início do Conclave pode ser antecipado se todos os cardeais com direito a voto já estiverem no Vaticano. A eleição também pode ser adiada, em casos excepcionais, por “motivos graves”.

Logo após a morte do papa, o Vaticano convocou todos os cardeais do mundo para compor o chamado Colégio dos Cardeais, atualmente formado por 252 religiosos, incluindo oito brasileiros. Esse grupo ajuda a organizar o Conclave e discute questões inadiáveis da igreja.

No entanto, apenas os cardeais com menos de 80 anos podem participar da eleição. Atualmente, 135 se enquadram nesse critério — entre eles, sete brasileiros. Dois deles, no entanto, anunciaram que não devem comparecer.

A ausência do cardeal espanhol Antonio Cañizares Llovera e do cardeal bósnio Vinko Puljic pode enfraquecer o bloco conservador na votação. O início do Conclave depende da presença dos cardeais eleitores no Vaticano. A exceção são para os religiosos que estejam impedidos de comparecer por motivos graves, como problemas de saúde.

Quais os próximos passos?

Na primeira Congregação Geral dos Cardeais, na terça-feira (22), foi decidido que o cardeal Pietro Parolin presidirá a missa do domingo (27), segundo dos nove dias de luto. Ainda no domingo, os cardeais fazem uma visita conjunta ao túmulo do Santo Padre Francisco, em Santa Maria Maggiore.

A próxima e quinta Congregação Geral dos Cardeais se reúne na segunda-feira (28) de manhã.

Quando o novo papa será eleito?

Apesar de haver uma estimativa para que o Conclave comece no início de maio, ainda não há uma previsão oficial de quando a Igreja Católica terá um novo papa. Isso acontece por causa do modelo de votação e das regras da eleição.

Durante os dias do Conclave, os cardeais eleitores ficam fechados dentro do Vaticano, em uma área conhecida como "zona de Conclave". Eles também fazem um juramento de segredo absoluto sobre o processo. As votações acontecem dentro da Capela Sistina.

Brasileiros no Conclave

Atualmente, sete brasileiros estão aptos a participar da votação. Veja a seguir quem são eles:

  • Sérgio da Rocha, Primaz do Brasil e arcebispo de Salvador, 65 anos.
  • Jaime Spengler, presidente da CNBB e arcebispo de Porto Alegre, 64 anos.
  • Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, 75 anos.
  • Orani Tempesta, arcebispo do Rio de Janeiro, 74 anos.
  • Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília, 57 anos.
  • João Braz de Aviz, arcebispo emérito de Brasília, 77 anos.
  • Leonardo Ulrich Steiner, arcebispo de Manaus, 74 anos.

Veja uma lista de 17 nomes cotados para o cargo

  1. Pietro Parolin (Itália, 70 anos): secretário de Estado do Vaticano, próximo a Francisco, demonstra perfil moderado e experiência diplomática, inclusive em negociações delicadas com China e Oriente Médio. Visto por alguns como modernista, apoiadores o consideram defensor da paz.
  2. Luis Antonio Tagle (Filipinas, 67 anos): ex-arcebispo de Manila, representaria o primeiro papa asiático. Já cotado como sucessor de Francisco, sinalizou abertura a temas como casais gays e divorciados, mas mantém posição contrária ao aborto.
  3. Peter Turkson (Gana, 76 anos): poderia ser o primeiro papa negro em séculos. Defende pautas como justiça climática e econômica, mantendo doutrinas tradicionais sobre sacerdócio e sexualidade, embora com nuances sobre a homossexualidade.
  4. Péter Erdő (Hungria, 72 anos): conservador, defensor da doutrina tradicional, representa possível afastamento da linha de Francisco. Intelectual renomado, alinhou-se em 2015 com o premiê húngaro ao se opor ao acolhimento de migrantes por igrejas.
  5. Matteo Zuppi (Itália, 69 anos): cardeal progressista nomeado por Francisco, tende a dar continuidade ao legado do pontífice, com foco em pobres e marginalizados. Considerado relativamente liberal em relação a uniões homoafetivas, atuou como enviado de paz do Vaticano na Ucrânia.
  6. José Tolentino Calaça de Mendonça (Portugal, 59 anos): um dos mais jovens cotados, fator que pode ser impeditivo. Simpatizante de visões tolerantes sobre relações entre pessoas do mesmo sexo e alinhado a figura feminista pró-escolha, defende engajamento da Igreja com a cultura moderna.
  7. Mario Grech (Malta, 68 anos): inicialmente tradicionalista, adotou visões progressistas após a eleição de Francisco. Mudança de postura é vista por apoiadores como sinal de evolução. Crítico a políticas europeias sobre ONGs de resgate, apoia a volta das diaconisas, que são mulheres que cuidam da paróquia e dos fiéis, mas sem poder presidir uma missa. Demonstra abertura a católicos LGBTQ+.
  8. Pierbattista Pizzaballa (Itália, 60 anos): patriarca latino de Jerusalém, crucial na defesa de cristãos na Terra Santa. Ofereceu-se como refém em troca de crianças detidas pelo Hamas. Deve manter aspectos da liderança de Francisco, com poucas declarações sobre temas controversos.
  9. Robert Sarah (Guiné, 79 anos): cardeal ortodoxo tradicional, chegou a se apresentar como “autoridade paralela” a Francisco. Coautor de livro defendendo o celibato clerical. Critica a “ideologia de gênero” e o fundamentalismo islâmico. Também poderia ser o primeiro papa negro em séculos.
  10. Angelo Scola (Itália, 82 anos): veterano candidato papal, esteve entre os favoritos em 2013. Teólogo com postura tradicionalista, atrai defensores de uma Igreja mais centralizada, mas idade pode ser obstáculo.
  11. Robert Prevost (EUA, 69 anos): americano, com vasta experiência missionária e como arcebispo no Peru. Atualmente prefeito do dicastério para bispos do Vaticano. Próximo a Francisco, sua nacionalidade e relativa juventude podem ser fatores limitantes.
  12. Christoph Schoenborn (Áustria, 80 anos): aluno de Bento XVI, com perfil acadêmico para atrair conservadores. Contudo, defendeu a aproximação de Francisco com católicos divorciados. Tem histórico de críticas ao Vaticano sobre casos de abuso. Apoia uniões civis e a volta das diaconisas.
  13. Raymond Leo Burke (EUA, 76 anos): opositor público de filosofias liberais de Francisco, especialmente sobre a comunhão para divorciados recasados. Critica a nova linguagem da Igreja sobre contracepção, casamento civil e homossexualidade. Defende a não comunhão para políticos pró-aborto.
  14. Marc Ouellet (Canadá, 80 anos): cardeal de Quebec, fluente em sete idiomas. Idade avançada o impede de votar, mas permanece elegível. Alegações de má conduta sexual em 2022 abalaram sua imagem. Defendeu maior participação feminina na Igreja.
  15. Jean-Marc Aveline (França, 66 anos): conhecido pelo bom humor e relação com Francisco em temas como imigração e diálogo com muçulmanos. Seria o primeiro papa francês desde o século XIV e o mais jovem desde João Paulo II. Fluência limitada em italiano pode ser desvantagem.
  16. Juan Jose Omella (Espanha, 79 anos): próximo a Francisco, leva vida modesta. Integrou o conselho consultivo do papa em 2023. Proximidade com o pontífice pode ser um obstáculo se o conclave buscar mudança de rumo.
  17. Mykola Bychok (Ucrânia, 45 anos): eparca de Melbourne, o mais jovem cardeal nomeado por Francisco. Falou sobre o sofrimento de ucranianos na guerra com a Rússia. Idade pode ser um fator, embora Francisco tenha indicado abertura a escolhas mais jovens.

Fonte: G1 / Metrópoles


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