Operação que prendeu três prefeitos de SC apreende mais de R$ 1,3 milhão em espécie
Mais de R$ 282 milhões em bens de empresas e pessoas foram bloqueados na investigação que apura corrupção na coleta e destinação de lixo.
Mais de R$ 1,3 milhão em espécie foram encontrados nas casas e nos locais de trabalho dos investigados na operação Mensageiro, que cumpriu mandados de prisão e de busca e apreensão em 20 municípios de Santa Catarina na última terça-feira (6).
A investigação apura fraude em licitação, corrupção ativa e passiva, organização criminosa e lavagem de dinheiro no setor de coleta e destinação de lixo. A suspeita é de que a empresa Serrana tenha feito pagamentos em forma de propina a políticos para se manter no serviço.
De acordo com o Ministério Público, além do dinheiro em espécie apreendido, os bens de 25 empresas e 11 pessoas físicas foram bloqueados por ordem do Tribunal de Justiça, em valor que ultrapassa R$ 282 milhões. Na operação, foram recolhidos para perícia 58 computadores, 85 celulares e 140 mídias eletrônicas.
Todos os 109 mandados de busca e apreensão foram cumpridos, bem como os 15 de prisão. Aliás, todas as prisões preventivas foram mantidas pelo Tribunal de Justiça após audiência de custódia.
Segundo o MP, os detidos serão ouvidos e o material apreendido passará por avaliação técnica. A investigação ocorre em segredo de Justiça.
Três prefeitos de SC seguem presos
Entre as 15 pessoas presas preventivamente na operação, três são prefeitos de cidades catarinenses.
Um deles é o prefeito de Papanduva, Luiz Henrique Saliba. De acordo com o advogado Manolo Del Olmo, ele está detido no presídio de Caçador e deve ser ouvido pelo Ministério Público na próxima segunda-feira (12).
Em nota, a defesa informou que “se esforça para reunir dados a fim de demonstrar que a contratação da empresa de coleta de resíduos, feita em governos passados, está dentro da normalidade, com valores e aditivos inferiores a média da região inclusive”.
O advogado disse ainda que “importa esclarecer que não há, nas investigações, qualquer prova em áudio, vídeo ou foto que leve à suspeita de qualquer vantagem ilícita. Quanto às poucas mensagens trocadas com o suspeito funcionário da empresa, elas ocorreram em especial em 2020 e 2021 e para assuntos corriqueiros do prestador de serviços”.
O prefeito de Balneário Barra do Sul, Antônio Rodrigues, e o filho dele, o vereador e ex-secretário municipal Jeferson Luís Rodrigues, também seguem presos. De acordo com a família, o advogado ainda não teve contato com os dois, que devem ser ouvidos pelo MP na semana que vem.
Outro prefeito preso na operação foi Deyvison Souza, de Pescaria Brava, no Sul do Estado. A reportagem do ND+ buscou um posicionamento da defesa do político, que não se pronunciou.
Já o Grupo Serrana afirmou que “sempre prezando pela transparência e pela integridade de todos os colaboradores e processos da empresa, informa que ainda não teve acesso a íntegra do processo, mas está colaborando e auxiliando com as investigações para que tudo seja esclarecido o mais breve possível. Nossa trajetória de mais de trinta anos em Santa Catarina sempre foi marcada pelo compromisso ético e integridade nos serviços prestados à sociedade. Os serviços de coleta e destinação de resíduos seguem sendo executados normalmente pela empresa”.
A operação deflagrada pelo Gaeco (Grupo Especial de Combate às Organizações Criminosas) e pelo GEAC (Grupo Especial Anticorrupção), do Ministério Público, cumpriu mandados nos municípios de Lages, Imaruí, Pescaria Brava, Braço do Norte, Tubarão, Capivari de Baixo, Agrolândia, Imbituba, Ibirama, Presidente Getúlio, Três Barras, Corupá, Itapoá, Schroeder, Guaramirim, Papanduva, Balneário Barra do Sul, Major Vieira, Canoinhas, Bela Vista do Toldo.