Outubro Rosa: Conheça a história de superação da professora de apenas 42 anos que passou pelo câncer de mama
A doença não foi mais forte do que sua fé e força de vencer.
A vida é cheia de surpresas, e algumas delas chegam quando menos esperamos e mudam totalmente o rumo da nossa história. Foi assim com a professora de Educação Física, Iliane Bonissoni Dalbosco. Com 42 anos de idade, cheia de energia e disposição, casada e mãe de uma linda menina, a professora se deparou com uma notícia que mudou totalmente a sua história.
Era mês de janeiro de 2017, quando ao fazer um exame de rotina, iniciou o processo mais difícil da sua vida. Hoje com 45 anos, relata ao Portal Éder Luiz, como foi enfrentar o câncer de mama.
“Sempre fiz meus exames de rotina e de prevenção, e aos 40 anos comecei a fazer a mamografia, e ao voltar das férias marquei todos os exames, mas eu nunca senti nada, nenhuma alteração em meu corpo, era mesmo um exame de rotina”.
O exame de ultrassom mostrou uma alteração considerável nos linfonodos debaixo de um dos braços e a mamografia feita no mesmo dia começou a indicar que algo não estava bem. Em seguida Iliane fez a ressonância e a cada exame ia se confirmando a notícia que ninguém se prepara para receber. Com todos os exames em mãos e após a realização de três biopsias, no mês de maio veio a confirmação: carcinoma metastático positivo.
“O laboratório ligou dizendo que a biopsia estava pronta, era a terceira biopsia que estava fazendo, e nela foi investigado mais profundo, porque as primeiras biopsias não foram conclusivas. Peguei o exame no laboratório, abri e li. Comecei a chorar naquele momento, uma angústia tão grande. Meu marido só dizia: não é nada! Mas sabe quando você sente que algo ia acontecer? Desde quando eu comecei a fazer os exames parecia que eu já sabia, não precisava mais de exames, eu sentia. Até aquele momento eu não reagia, não me desesperava, parecia que eu estava só aguardando uma confirmação daquilo que eu já sabia”.
Ao chegar ao médico mastologista, Dr. Márcio Tomasi, junto com seu marido, receberam de fato a confirmação da doença, e o encaminhamento ao oncologista, que aconteceu no mesmo dia.
“O doutor Márcio é maravilhoso, ao nos receber ele disse que não tinha muito o que falar além do que o exame mostrava, mas que eu precisava procurar um oncologista urgente. O oncologista disse então, que era um carcinoma invasivo e muito agressivo, as células malignas se multiplicam muito rápido e que tínhamos que agilizar tudo. Naquele momento, meu marido ficou em estado de choque, eu que interagia com o doutor fazendo as perguntas. Fiquei forte, perguntando os passos, e ele foi direcionando tudo. Como eu sempre tive uma vida regrada, bem fisicamente, tinha chance de cura, mas tinha que fazer o tratamento. Saímos do consultório, quando cheguei no carro foi a hora que eu me entreguei, quando eu entendi o que estava acontecendo, aí choramos os dois juntos”.
Com o diagnóstico comprovado, o próximo passo foi remover o nódulo na mama esquerda e devido aos testes dos linfonodos também darem positivo, foram removidos 14 deles, o que fez com que a cirurgia avançasse mais do que o planejado em direção ao braço e deixasse algumas sequelas para a jovem professora. Mas, esse ainda era apenas o início da batalha que a moradora da cidade de Jaborá teria que enfrentar.
Relembrando toda essa fase, a professora em lágrimas conta do sofrimento da filha de apenas 13 anos na época, tendo que ser forte para ajudar a mãe.
“Demoramos para falar para nossa filha, fomos buscando palavras, momentos, aliviando as coisas para ela. Mas sabíamos o quanto estava sendo difícil para ela também”.
As quimioterapias e a perda de cabelo
Depois da cirurgia então, Iliane foi encaminhada para iniciar as sessões de quimioterapia. O tratamento seria de 06 sessões a cada vinte e um dia, e junto com elas havia um medicamento chamado Herceptim, que precisou tomar durante um ano.
“Fiz a primeira sessão de quimioterapia e antes dos 15 dias já comecei a perder meu cabelo. Ninguém faz ideia do que é isso, você ir para banho e só passar a mão e cair aquele punhado de cabelo. Eu li muito sobre tudo isso, assistia vídeos, tentando me preparar para esse momento. Decidi ir ao salão e pedi para raspar meu cabelo, conforme ela ia passando a máquina ia caindo as lágrimas, (choro), nessa hora não tem como dizer que você é forte, você vê outra pessoa, parece que não é você que está ali”.
Além da perda de cabelo, as quimioterapias trazem muitas reações, fraquezas, enjoos, diarreia e uma tristeza profunda.
“Ficava uns três dias sem sair do quarto, ficava de cama, depois de uns dez dias que passava mesmo as reações, daí ficava novinha e pronta para continuar a luta. Nesse tempo em que estava careca, teve casamento da minha irmã no civil, eu fui, aliás, não deixei de fazer nada, tudo aconteceu como deveria acontecer. Colocava um lenço e vivia minha vida. Mas, o mais difícil disso tudo não é você estar careca, o problema são as pessoas, elas te olham de maneira diferente, com dó de você”.
Esperança
Passar pelo sofrimento de cabeça erguida, com muita força e fé, foi um diferencial na vida de Iliane, que relatou que em nenhum momento pensou que não sobreviveria.
“Nunca pensei que iria morrer, eu pensava: é só uma fase ruim, assim como tem as fases boas. Vai passar e eu vou ficar bem, assim curtia cada momento e fui aceitando cada passo. Fazia tudo certinho como os médicos pediam. O Gilmar fazia almoço para mim e seguia à risca tudo, e consegui durante todo o tratamento manter as plaquetas sempre boas, o fígado, o rim. Não precisei de nenhuma internação e não adiei nenhuma quimio”.
Quando concluído o processo das quimioterapias, o oncologista aconselhou Iliane a fazer uma nova cirurgia e remover as duas mamas, ou seja, fazer umas mastectomia. Um novo desafio, mas nesse processo ela recebeu uma grande benção. No mesmo dia em que as mamas foram removidas, elas foram reconstruídas.
“Deus foi maravilhoso comigo, pois ao mesmo tempo que removeu as mamas, ele reconstruiu, não tive a sensação de ficar sem elas, foi um presente de Deus”.
A cirurgia aconteceu no dia 21 de dezembro de 2017 e trinta dias depois precisava fazer 25 sessões de radioterapia em Chapecó, e assim, mais um processo se iniciava.
“Fiz muita fisioterapia, porque foi bastante coisa, fiquei com dificuldade no movimento do braço, na amplitude do movimento. Chorava fazendo as fisioterapias, mas eu precisava do movimento no braço para poder iniciar as radioterapias. E graças a Deus deu tudo certo, todos os dias íamos eu e meu marido para Chapecó para fazer”
A cura
Hoje, quase três anos após descobrir o câncer de mama, Iliane está bem e continua tendo sua vida normal, fazendo acompanhamento a cada três meses no médico, mas gozando de uma vida onde aproveita cada segundo dela para ser feliz. Passar pela doença fez ela ver o quanto as pessoas a sua volta a amam e o valor que tem a oração.
“Sou muito grata ao Gilmar, meu marido, ele esteve comigo em todos os momentos, nos exames, consultas, quimioterapias, radioterapias, ele pegava afastamento para ficar comigo, e isso foi muito especial para mim. Além disso, toda minha família, pai, mãe, irmãos, não tem nada que pague o carinho que recebi nesse momento difícil. Foram muitas amigas próximas que sempre estiveram presentes, me dando carinho, apoio e muitas orações e tudo isso foi primordial para minha recuperação, pois fortaleceu minha fé e me fez vencer”.
Além disso, Iliane agradece aos médicos Dr. Márcio Tomasi, Dr. Ruggero Caron e a fisioterapeuta Cristiane Muller.
“Prevenção é muito importante na vida de toda mulher. Eu não sentia nada, mas descobri por que fui fazer um exame de rotina. A mulher tem que se cuidar, isso é muito importante, a nossa vida é muito importante, não espere passar por uma doença para valorizar sua vida e se você está passando por um momento difícil tenha fé, pois Deus pode curar. Tenho um tio meu que faz quimioterapia a muitos anos e ele me disse: acredite no tratamento que está fazendo, seremos mais fortes do que essa doença. Ele foi um exemplo para mim desde o início, todos os tratamentos que eu ia fazer eu repetia mentalmente: acredito no poder de Deus e no tratamento que estou fazendo, a cura está acontecendo. Só tenho que agradecer a Deus pois venci”, finaliza.