Padrasto é condenado a mais de 37 anos de prisão por abusar da enteada durante a pandemia no Meio-Oeste

Após vários meses sofrendo abusos, a vítima foi a pé até a casa de uma prima em um bairro distante para pedir ajuda.

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Foto: Leo Munhoz/ND
Foto: Leo Munhoz/ND

Entre os meses de janeiro e outubro de 2020, uma menina de nove anos sofreu abusos sexuais em Fraiburgo. Naquele período, ela foi obrigada a satisfazer a lascívia do padrasto sem poder contar nada a ninguém. O processo corre em segredo de justiça, mas a denúncia do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) revela um cenário de manipulação e controle. O réu usava o poder e o medo para silenciar a vítima nos momentos em que ficava sozinho com ela, esfregando suas partes íntimas e fazendo ameaças.  

Era o primeiro ano da pandemia de covid-19 e a menina não podia sequer pedir ajuda aos professores, como acontece em muitos casos, pois as aulas presenciais estavam suspensas. Então, em um domingo, ela fugiu a pé para a casa de uma prima, em um bairro distante, e contou o que vinha sofrendo. No mesmo dia, a Polícia Militar e a conselheira tutelar de plantão foram conversar com a mãe dela e encontraram um lar desestruturado, com outras crianças vivendo sob total ausência de carinho e afeto.  

O abusador fugiu antes da chegada da Polícia, mas posteriormente foi denunciado pela Promotoria de Justiça criminal da comarca e na semana passada foi condenado a 37 anos e seis meses de reclusão por estupro de vulnerável - crime previsto no artigo 217-A do Código Penal brasileiro. Ele poderá recorrer em liberdade até que a sentença transite em julgado.  

A Promotora de Justiça Andréia Tonin espera que um eventual recurso seja negado e o réu cumpra a pena em regime fechado. "Esse crime atinge de forma devastadora a vida da vítima, comprometendo seu desenvolvimento físico, emocional e psicológico, muitas vezes de maneira irreversível. Além disso, a impunidade encoraja a perpetuação dessa violência, mas, quando a Justiça atua de forma rigorosa, enviamos uma mensagem clara de que a sociedade não tolera o abuso e a exploração de crianças e adolescentes", diz ela.  

Denuncie  

Denunciar o crime de estupro de vulnerável às autoridades competentes é um ato de coragem que pode salvar vidas e evitar que o sofrimento de uma vítima continue ou se repita. Se você foi vítima ou conhece alguém que está sendo abusado, saiba que é fundamental procurar ajuda e denunciar o responsável. O silêncio só favorece o abusador e perpetua o ciclo de violência.  

Crianças e adolescentes são especialmente vulneráveis a esse tipo de crime, que causa danos profundos e duradouros. Muitas vezes, elas não têm condições de se defender ou pedir ajuda sozinhas. Por isso, é essencial que pessoas próximas, familiares, amigos, vizinhos e até profissionais que lidam com essas crianças estejam atentos a sinais de abuso, como mudanças de comportamento, medo excessivo, tristeza ou isolamento. O olhar atento de um adulto pode fazer toda a diferença. 

Fonte:

MPSC

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