Sem vaga de UTI, Chapecó tem mais de 1,5 mil casos ativos de coronavírus
Cinco pacientes foram levados para outras cidades de Santa Catarina na terça-feira. Três ainda aguardam vaga.
Chapecó tem mais de 1,5 mil casos ativos de coronavírus nesta quarta-feira (10), conforme o boletim epidemiológico da Secretaria Municipal de Saúde. Nas últimas 24h foram confirmados 262 novos casos.
O número de pacientes ativos com a doença saltou de 1.381 para 1.590 em um dia. “Esse número tende a aumentar visto que o número de coletas tem aumentado significativamente e a porção da última remessa de laudos positivos do Lacen foi de 54,8%”, informou a Prefeitura de Chapecó no último boletim.
Isso reflete na ocupação dos leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) e enfermaria dos hospitais público e privado da cidade. Segundo o boletim desta quarta, 105 pacientes estão internados em leitos das duas unidades.
No HRO (Hospital Regional do Oeste) estão internadas 35 pessoas na UTI Covid, o que representa 100% da ocupação da unidade. Ainda três pessoas aguardam leitos. Já no Hospital Unimed estão hospitalizados sete pacientes.
Outros 25 pacientes estão na enfermaria Covid do HRO e 26 na Unimed.
Reflexo
Desde janeiro deste ano, devido à superlotação das unidades, 85 pacientes já foram transferidos para leitos de outras cidades de Santa Catarina. Somente nessa terça-feira (9), cinco pessoas foram transferidas para outros hospitais, segundo a Secretaria Municipal de Saúde.
As transferências são feitas em ambulâncias e por um avião do Corpo de Bombeiros Militar de SC que está de plantão no Aeroporto Serafin Enoss Bertaso, em Chapecó. Os pacientes foram levados para Xanxerê, Lages, Videira, Itajaí, Maravilha, São Miguel do Oeste, Concórdia, Caçador, Joaçaba, Xaxim, Palmitos, São Carlos, São Lourenço do Oeste e Navegantes.
Outro número que preocupa as autoridades municipais é o de casos suspeitos, uma vez que aumenta a cada novo balanço. De 830 pacientes que aguardavam resultado de exames nessa terça-feira, o número saltou para 1.334 nesta quarta. Isso representa um aumento de 37,7% em 24 horas, ou seja, são 504 novos pacientes suspeitos.
O crescimento é confirmado nos atendimentos dos dois ambulatórios Covid-19, localizados no ginásio Ivo Silveira, na região central da cidade, e no bairro Efapi, o maior do município, bem como na UPA (Unidade de Pronto Atendimento).
Desde março do ano passado, 18.051 pessoas tiveram diagnóstico positivo para coronavírus em Chapecó, sendo que 16.316 já se recuperaram da doença. Contudo, 145 chapecoenses morreram vítimas da Covid-19. Até então foram 43.634 testes com resultado negativo.
Crise na saúde
O prefeito de Chapecó, João Rodrigues (PSD), anunciou na manhã de terça-feira (9), o fechamento de casas noturnas, pubs, bailões, boates e tabacarias até sexta (12). Cinemas e teatros também. As medidas foram anunciadas após reunião do Comitê de Enfrentamento à Covid-19.
Outras medidas são o fechamento de parques e praças das 20h às 7h da manhã, suspensão de eventos esportivos e redução da lotação de academias para 50%. O horário de bares e restaurantes foi reduzido em uma hora, fechando as portas às 22h e atendendo de portas fechadas até às 23h.
Apresentações artísticas em bares, restaurantes e eventos sociais estão proibidas. Há determinação para supermercados e lojas proibirem a entrada de mais de duas pessoas do mesmo núcleo familiar, proibição de aglomeração e intensificação da fiscalização.
Mais rigor na fiscalização
O delegado regional da PC (Polícia Civil), Ricardo Casagrande, também anunciou um rigor maior. “Os proprietários dos estabelecimentos que descumprirem as regras serão enquadrados criminalmente em desobediência, artigo 330 do Código Penal, e infringir medidas de contenção de doença contagiosa, artigo 268. Em caso de festas clandestinas todos os presentes serão enquadrados. Eles estarão sujeitos a transação penal e processo judicial”, disse Casagrande.
O prefeito também acordou com o presidente da Câmara de Vereadores, João Rosa (PSL), para a aprovação de uma lei para que o estabelecimento que descumprir as regras seja interditado por 15 dias. Em caso de reincidência, será fechado por 30 dias e, persistindo, terá o alvará cassado. A expectativa é que os vereadores aprovem a medida até sexta.
João Rodrigues disse que a medida é para punir somente o infrator e não todo o mundo. Ele afirmou que não quer fazer lockdown, mas também não vai se omitir em tomar medidas para conter o aumento de contágio da doença.
“Minha intenção não é fechar nada, mas não vamos nos omitir diante de hospitais lotados e filas nos ambulatórios. Agora vamos tomar as medidas necessárias porque alguns descumpriram o voto de confiança que foi dado. Nós pedimos que a população colabore, não faça aglomeração, pois precisamos frear o contágio”, completou João Rodrigues.