Vacina contra a dengue produzida por Instituto Butantan tem quase 80% de eficácia

Análise técnica mostrou alta eficácia da Butantan-DV após uma única dose.

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Foto: José Cruz Agência Brasil
Foto: José Cruz Agência Brasil

Uma nova vacina contra a dengue, desenvolvida no Brasil, passou por sua última fase de testes, mostrando uma eficácia geral de 79,5% na prevenção da doença com apenas uma dose, segundo um estudo recente. Os pesquisadores pretendem submeter a vacina à aprovação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) no segundo semestre de 2024.

Os resultados do desempenho da vacina estão detalhados em um artigo publicado no periódico The New England Journal of Medicine, uma das principais revistas médicas do mundo.

O estudo foi liderado por Esper Kallás e Fernanda Castro Boulos, do Instituto Butantan, e contou com a colaboração de várias instituições de pesquisa brasileiras e americanas, além da empresa farmacêutica Merck, que financiou a pesquisa junto com o Governo Federal e a Fapesp, órgão estadual de fomento à pesquisa em São Paulo.

O ensaio clínico de fase 3, considerado o mais amplo antes da liberação de uma vacina para a população, envolveu mais de 16 mil voluntários em 15 cidades brasileiras de todas as regiões do país, no período entre fevereiro de 2016 e julho de 2019.

Vacina contra a dengue

Cerca de 10 mil participantes receberam a vacina Butantan-DV, enquanto os outros receberam um placebo, sem efeito. Os grupos foram escolhidos aleatoriamente, e nem os voluntários nem os pesquisadores sabiam quem recebeu a vacina real ou o placebo.

O estudo incluiu pessoas de 2 a 59 anos de idade, sendo que quase metade delas nunca tinha sido exposta ao vírus da dengue. Isso é importante porque existem quatro tipos diferentes de vírus da dengue, e o corpo reage de maneira diferente a cada um deles.

Em algumas vacinas, só é recomendado o uso para quem já teve dengue antes, pois o vírus real pode aumentar o risco de uma forma mais grave da doença em pessoas que nunca foram infectadas.

A vacina Butantan-DV contém partes de todos os quatro tipos de vírus da dengue, mas eles foram enfraquecidos para não causar a doença. Steve Whitehead, um dos pesquisadores, levou mais de dez anos para escolher os vírus certos de cada tipo e enfraquecê-los geneticamente.

Em um dos tipos, ele teve que fazer uma modificação genética para criar um vírus “híbrido”, misturando partes de dois tipos diferentes para torná-lo eficaz.

Resultados do estudo

Nos dois anos após a vacinação, apenas cerca de 0,2% das pessoas vacinadas contra a dengue foram diagnosticadas com a doença, em comparação com pouco mais de 1,5% das que receberam o placebo.

A eficácia da vacina foi de 79,5% em geral, mas foi mais baixa (73,6%) em pessoas que nunca tiveram dengue e mais alta (89,2%) naquelas que já haviam sido infectadas anteriormente. Além disso, a vacina funcionou melhor em adultos entre 18 e 59 anos.

Eventos adversos relacionados à vacina foram raros, afetando apenas 3 pacientes. Os efeitos colaterais menos graves incluíram dor de cabeça, vermelhidão no local da injeção e fraqueza muscular.

Todos os casos de dengue ocorridos após a vacinação ou o placebo foram causados pelos sorotipos 1 e 2, não havendo registros dos tipos 3 e 4. No entanto, espera-se que a vacina também proteja contra esses sorotipos.

Fonte:

ND

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