Entenda o caso da família que sofreu queimaduras graves em acidente com produto inflamável no Oeste
Uma das crianças teve cerca de 80% do corpo atingido e está em estado grave no hospital, em Florianópolis.
Uma família de Ponte Serrada, no Oeste de Santa Catarina, está passando por um momento delicado desde um acidente doméstico envolvendo produto inflamável, no último domingo (29). Um homem e os dois filhos dele, de 3 e 5 anos, sofreram queimaduras graves enquanto ele tentava atear fogo em um amontoado de lixo no pátio de casa, utilizando álcool.
A filha mais velha, Sophia Manuella Muller Baldi, foi a mais atingida. Ela teve cerca de 80% do corpo queimado e está internada no Hospital Infantil Joana de Gusmão, em Florianópolis — estável, mas ainda em estado grave. A transferência da menina do Oeste para a unidade hospitalar da Capital — única instituição pública referência em tratamento de queimados que atende crianças no Estado —, ocorreu na segunda-feira (30).
O pai, Luiz Carlos Machado Baldi, e o filho mais novo dele, Noah Vicenzo, também tiveram ferimentos graves. No entanto, homem já recebeu alta. Já o menino permanece internado no hospital de Ponte Serrada.
A criança sofreu queimaduras nas mãos e no rosto, assim como o pai, que teve principalmente o rosto atingido, mas também outras partes do corpo. Sophia teve todo o corpo atingido, do queixo para baixo.
Segundo o padrasto de Luiz Carlos, Murilo Soares de Souza, a família se reveza para cuidar dos três. Enquanto a avó paterna está com a menina em Florianópolis, a mãe das crianças cuida do pequeno Noah e ele do enteado, em casa.
— A Sophia nesse exato momento se encontra estável, ainda com risco grave. O exame de terça-feira foi melhor do que os outros, está reagindo bem aos medicamentos, está estável, mas ainda se encontra em risco — comentou o avô.
Murilo e Luiz Carlos são bombeiros comunitários em Ponte Serrada e estão recebendo apoio dos colegas e da comunidade.
— Eu estou cuidando dele (Luiz), fazendo os curativos, levando no quartel dos bombeiros, que estão me apoiando, assim como o posto de saúde do município e o Samu, que também se colocou de prontidão para apoiar na troca de curativos das crianças e dele também quando todos receberem alta. Estamos recebendo um grande apoio — disse Murilo.
Momento do acidente
Segundo o avô, no momento do acidente, o pai das crianças estava queimando lixo utilizando álcool, quando uma delas bateu no recipiente com o produto inflamável, o que fez com que o fogo se espalhasse e atingisse os três.
— O pai colocou fogo no lixo, mas as crianças não estavam perto. Ele deixou o galão mais afastado, mas aí os dois menorzinhos vieram correndo, chutaram o galão e aí foi onde aconteceu isso tudo. Ele conseguiu tirar o menorzinho e, mesmo se queimando, conseguiu abraçar a maiorzinha e levar ela para jogar água para apagar o fogo. Ela só está viva porque o pai conseguiu tirar ela também. Ele nunca imaginou que eles iriam chegar ali naquela hora — contou o avô.
Mobilização para ajudar a família
Colegas do Corpo de Bombeiros iniciaram uma ação para ajudar a família com dinheiro, devido aos custos recentes e futuros que eles terão durante a recuperação dos três, principalmente de Sophia que está longe de casa e sem previsão de alta. Mas a vaquinha iniciada pelo grupo se espalhou e outras pessoas também estão ajudando.
Atendimento a vítimas de queimadura
Santa Catarina conta com três instituições públicas que são referência em tratamento a queimados. Casos pediátricos são atendidos no Hospital Infantil Joana de Gusmão (HIJG), em Florianópolis, onde há seis leitos de enfermaria e dois de isolamento, segundo a Secretaria de Estado da Saúde (SES).
Já para os pacientes adultos, os locais indicados são o Hospital Municipal São José, de Joinville, com seis leitos de enfermaria e dois de UTI, e o Hospital Geral e Maternidade Tereza Ramos (HGMTR ), em Lages, com oito leitos de enfermaria e dois de UTI. O HIJG e o HGMTR são unidades próprias da SES, enquanto o Hospital Municipal São José recebe recursos pelo Programa de Valorização dos Hospitais, da SES.
A SES aguarda definições do Hospital Universitário de Florianópolis, unidade pública federal, acerca da criação de um centro de referência para atendimento de queimados no local.