Celular aos 14 anos? Conheça o movimento que defende adiar o acesso a smartphones e redes sociais

“A infância e a adolescência são muito curtas para serem vividas em um smartphone” é o slogan do Movimento Desconecta, iniciativa contra o uso precoce e excessivo de celulares e redes sociais. A organização defende o acesso a smartphones a partir dos 14 anos e redes sociais aos 16. A ideia surgiu de um ciclo vivido em uma escola de São Paulo (SP): pais davam os aparelhos aos filhos para que eles não fossem os únicos sem o dispositivo.

— Percebemos que não seria preciso “excluir” nossos filhos se ninguém da sala tivesse celular. O objetivo é um acordo entre as famílias para promover o uso consciente e moderado. Não é um movimento contra a tecnologia — explica Mariana Uchoa, uma das fundadoras.

Para as mães, entre os danos no acesso estão a exposição a conteúdos nocivos e viciantes, que "causam prejuízos na cognição, saúde mental e relacionamentos". Um dos pilares das mães é o desejo de tornar escolas zonas livres de smartphones. O limite etário defendido – 14 anos – pelo grupo está ligado à puberdade, período de transição para a vida adulta.

Para Luciana Tisser, psicóloga da infância e adolescência e doutora em neurociências, não há uma idade certa para ter acesso ao celular, mas o indicado é postergar o acesso à faixa etária. Na adolescência, porém, deve ser considerada a importância da tecnologia na sociabilidade.

— Um adolescente tem hoje uma interação importante pelo celular, que é uma ferramenta da construção da própria identidade. Proibir é deixá-lo de fora do seu grupo – o que também é prejudicial. O ideal é educar para o uso, porque a tecnologia não deixará de existir — pontua.

Luciana cita a recomendação da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) para o uso diário de telas, o que inclui a televisão:

  • Menores de dois anos: nenhum contato com telas ou videogames
  • Dos dois aos cinco anos: até uma hora diária
  • Dos seis aos 10 anos: entre uma e duas horas
  • Dos 11 aos 18 anos: entre duas e três horas

Ricardo Lugon Arantes, psiquiatra da infância e adolescência e professor da Universidade Feevale, diz ser preciso fugir da polarização de "celulares são monstros" contra "celulares são o futuro da geração".

— A discussão não precisa ser a idade, mas sobre enfrentar um modo de viver, de experimentar recompensas intensas e em curto prazo sem a mediação de outras pessoas, o que tem afastado todos – não somente as crianças – de compartilhar momentos não mediados por telas — argumenta.

Celular na sala de aula

Conforme Daiane Grassi, pedagoga e consultora em educação e tecnologia, celulares podem atrapalhar no ensino, mas não deve ocorrer proibição em sala de aula. Para ela, o diálogo deve ser adotado por pais e escolas, com cuidados ao horário e tempo de exposição:

— Precisa ser explicado para crianças e adolescentes que temos hora para tudo: para ouvir professores, dialogar com colegas, realizar pesquisas – usando ou não o celular. O limite é importante. É preciso que haja um trabalho de cultura e cidadania digital. As tecnologias estão aí e precisamos ensinar, aprender e construir boas práticas de uso.

A luta contra as telas

Parte da rotina de Raynne Guedes, 36 anos, é evitar a presença excessiva de telas na vida das três filhas – as gêmeas Maitê e Helena, de seis anos, e Laura, de 10. Desde o ano passado, as três meninas têm celulares e notebooks. A utilização, porém, é regrada e há o acompanhamento dos conteúdos acessados. 

Durante a semana, o celular pode ser usado apenas em atividades ligadas ao estudo. Os computadores são livres para tarefas do colégio e a televisão fica ligada antes do trio ir para a aula e minutos à noite.

— Elas dizem que sou a pior mãe do mundo porque não deixo usar, mas cuidamos ao máximo para que seja o uso coerente e necessário, não para passar o tempo — comenta a moradora do bairro Teresópolis, em Porto Alegre.

Raynne afirma que também busca não exagerar o uso de telas: em casa, utiliza o celular quando necessário. Para suprir a ausência dos dispositivos na rotina as meninas, a mãe investe em atividades presenciais: jogos, livros, revistas e desenho são alguns dos passatempos dentro de casa; na rua, as meninas têm skate, patins e bicicletas à disposição.

— É um processo para que elas entendam que a tela é prejudicial em alguns momentos, mas também é uma grande aliada quando bem utilizada — resume a mãe.

Éder Luiz

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