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Especial – Jornalistas são alvos de assassinatos no Brasil e no mundo

Especial - Jornalistas são alvos de assassinatos no Brasil e no mundo

Éder Luiz

Éder Luiz

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O Brasil é considerado o país mais perigoso das Américas para o exercício da profissão 

Em comemoração ao Dia do Jornalista, produzimos uma matéria especial contando um pouco da história destes profissionais, alguns assassinados no exercício de sua profissão. O Dia do Jornalista, foi criado pela Associação Brasileira de Imprensa (ABI). A data foi escolhida em homenagem a Giovanni Battista Libero Badaró, médico e jornalista assassinado no dia 22 de novembro de 1830, em São Paulo, por inimigos políticos. Badaró era reconhecido por lutar pela extinção da monarquia portuguesa e independência do Brasil. Outro jornalista morto por lutar em prol da liberdade da população, foi Vladimir Herzog. O jornalista que nasceu na cidade de  Osijek em 1937, na Iugoslávia, atual Croácia, veio para o Brasil durante a segunda guerra mundial, fugindo com seus pais, que eram judeus, do antissemitismo enquanto seu país era então controlado pela Alemanha Nazista. Além de jornalista, Herzog foi filósofo, professor e dramaturgo. Atuou em grandes veículos de comunicação como: O Estado de São Paulo, a TV Cultura, além da BBC de Londres. Como docente, Herzog foi professor de jornalismo na Escola de Comunicações e Artes da USP. Na política, era membro do Partido Comunista Brasileiro, opositor da ditadura militar. No dia 24 de outubro de 1975, agentes do exército convocaram o jornalista para prestar depoimento sobre seu envolvimento com o Partido Comunista. Após negar sua participação, no dia 25 de outubro, o país recebeu a informação de que o profissional havia cometido suicídio nas dependências do DOI/CODI/II Exército. Porém, laudos comprovaram que o mesmo havia sido torturado e morto por asfixia e não se enforcado como diziam os militares. Outro jornalista morto no Brasil, porém, em decorrência de sua atuação em trabalhos investigativos, foi Arcanjo Antonino Lopes do Nascimento, conhecido como Tim Lopes. Tim nasceu em Pelotas no Rio Grande do Sul e cursou jornalismo na Faculdade Hélio Alonso (FACHA), Rio de Janeiro. No início de sua carreira, Tim Lopes trabalhou na revista Domingo Ilustrada. O jornalista também passou pelo jornal alternativo O Repórter, pela Folha de São Paulo, os jornais O Dia, Jornal do Brasil e O Globo e pela revista Placar. Porém o ápice de sua carreira foi na Rede Globo de Televisão, onde se entregava com tamanha devoção às matérias produzidas, a ponto de internar-se em uma clínica para dependentes químicos para fazer uma reportagem sobre o tema, além de promover encontros de familiares de vítimas com assassinos presos. Entre os vários prêmios que o repórter recebeu em sua carreira, destacamos o Prêmio Esso do ano de 2001. Tim Lopes foi assassinato a mando do traficante de drogas carioca Elias Pereira da Silva, “Elias Maluco”, após os bandidos descobrirem que ele fazia filmagens com uma câmera escondida em um baile funk  na Vila Cruzeiro, no bairro do Complexo do Alemão, subúrbio do Rio de Janeiro, para uma reportagem sobre exploração de menores. Tim foi descoberto após comparsas de Elias Maluco, desconfiarem de uma pequena luz em sua pochete. O jornalista foi levado em um porta-malas de um veículo para um local isolado na comunidade, torturado, esquartejado e teve o corpo queimado. Após a morte de Tim Lopes, a jornalista e ex-produtora do Jornal Nacional da TV Globo, Cristina Guimarães, entrou com um processo contra a emissora, que, segundo ela, ignorava o perigo em que eram expostos os jornalistas investigativos. Profissão perigo Segundo um relatório anual da organização Repórteres sem Fronteiras (RFS), com sede em Paris, o Brasil tornou-se o país das Américas com maior número de jornalistas mortos. O relatório que foi produzido no ano de 2014 aponta que a dura repressão policial nos protestos do ano de 2013, foi responsável por provocar ferimentos em 114 profissionais da imprensa. Somente no ano de 2013, foram mortos os jornalistas: Cláudio Moleiro de Souza, assassinado com um tiro no pescoço na rádio onde trabalhava em Rondônia; José Roberto Ornelas de Lemos, 45 anos, do Hora H, executado com 44 tiros em Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro;  Walgney Assis Carvalho, 43 anos, fotógrafo do Jornal Vale do Aço, assassinado com um tiro nas costas em um restaurante em Coronel Fabriciano (MG); Rodrigo Neto de Faria, 38 anos, jornalista da Rádio Vangarda AM  do Vale do Aço, morto a tiros por dois homens enquanto saía de um bar em Ipatinga (MG) e Mafaldo Bezerra Goes, 61 anos da Rádio FM Rio Jaguaribe, morto a tiros por dois motoqueiros em Jaguaribe, no Ceará. O relatório também alerta que o Brasil caiu duas posições em relação à classificação anterior e passou a ocupar o 111° lugar em uma lista de 180 países. Um dos motivos levantados para justificar as mortes diz que o domínio do crime organizado em certas regiões do país torna arriscado o tratamento de temas como corrupção, drogas e tráfico de matérias-primas. Falando em mundo, segundo levantamento feito pelo Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ) com sede em Nova York, no ano de 2014, cerca de 70 jornalistas foram assassinatos no mundo, no desempenho de suas funções. Dez a menos do que o número registrado em 2013. O comitê ressalta ainda a alta proporção de mortes entre os correspondentes estrangeiros, cerca de um quarto do total. “Nunca tínhamos visto uma época tão perigosa para exercer a profissão de jornalista”, disse o diretor executivo do CPJ, Joel Simon. Dezoito mortes ainda estão sendo investigadas para se determinar se existe alguma ligação com o exercício da profissão. Ataque ao Charlie Hebdo na França No dia 7 de janeiro deste ano, a liberdade de imprensa foi novamente ameaçada após um ataque terrorista no jornal Charlie Hebdo em Paris na França. Entre as 12 pessoas mortas e 11 feridas, morreram os cartunistas, Stéphane Charbonnier, conhecido como Charb e também editor do jornal, Wolinski, Jean Cabu e Bernard Verlhac, conhecido como Tignous. Também foi assassinado o cartunista Phillippe Honoré, o vice editor Bernard Maris, um economista que também escrevia colunas para a publicação, o revisor Mustapha Ourad e a psicanalista Elsa Cayat, que escrevia uma coluna quinzenal chamada “Divan”. O ataque foi realizado pelos irmãos Said e Chérif Kouachi, supostamente como forma de protesto contra uma edição do Charia Hebdo, que gerou polêmica no mundo islâmico e foi recebida como um insulto aos muçulmanos.


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