Professor lança livro sobre os desafios da inclusão na escola
– O problema da educação inclusiva é muito complexo.

– O problema da educação inclusiva é muito complexo. Numa sociedade que não é inclusiva, e ela não é, a educação inclusiva na escola é ainda um belo discurso, mas a prática vivencial disso é muito difícil.
As palavras são do professor Roque Strieder, doutor em Educação que integra o corpo docente do Mestrado Acadêmico em Educação da Unoesc. Ele é um dos autores do livro “Nas dobras e endobras da educação inclusiva: da igualdade para a convivência com os diferentes”, lançado no início deste ano pela Editora Unoesc. A obra é resultado de pesquisas desenvolvidas na região de São Miguel do Oeste pelo professor Roque e por duas graduadas em Pedagogia pela Unoesc São Miguel, Rosângela Mendes e Rose Laura Gross Zimmermann, com recursos do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, e da própria Unoesc. Na primeira parte, o livro aborda a visão de pedagogos, psicólogos, assistentes sociais, advogados e um teólogo, sobre o que seria e como trabalhar a igualdade e a inclusão considerando as diferenças. – Os entrevistados chamaram atenção para um aspecto: como trabalhar a igualdade e a inclusão com reconhecimento do diferente, sem considerar a dignidade da pessoa humana? – indaga o autor. Na segunda parte do livro, a abordagem volta-se ao contexto escolar e, através de entrevistas com professores e estudantes, aborda como as crianças em geral se sentem quando o ambiente é efetivamente de convivência e de aprendizagem e em ambientes que diferem desse cenário, os sinais que elas emitem quando não conseguem acompanhar a aprendizagem e começam a perder a autoconfiança e a dignidade e, ainda, como se sentem quando são valorizadas ou quando são expostas a situações em que se sentem desvalorizadas e humilhadas. – Entrevistamos crianças que tinham histórico de humilhação na escola. Foi difícil para elas começarem a falar. Teve um menino que começou a falar somente na quinta visita, de tão humilhado que ele se sentia – conta o professor, explicando que essa humilhação acontece desde as situações mais corriqueiras, como a gozação dos colegas ou uma atitude negativa do professor diante das dificuldades de um aluno. Roque conta ainda que as crianças entrevistadas mostraram uma visão de mundo muito negativa e que esta perspectiva começou a ser delineada antes mesmo de chegarem à escola, no seu histórico familiar. – Por isso não podemos discutir a educação inclusiva sem falar da dignidade humana desde antes da escola – acrescenta. Quem precisa ser incluído? O professor ainda diferencia as expressões “educação especial” e “educação inclusiva”. Segundo ele, a primeira é aquela dedicada às pessoas com necessidades diferentes, como os surdos ou cegos, entre outros. Já a educação inclusiva deve considerar todo o grupo de alunos e de modo individual, cada um com suas potencialidades, necessidades e singularidades. Segundo ele, os avanços obtidos hoje em termos de educação especial já são muito significativos, mas não são suficientes para que se chegue à educação inclusiva. – As crianças com deficiência já estão na escola chamada normal. Isso é bom? Sim. Na minha época de estudante elas eram isoladas e nós não aprendíamos a viver com elas. As crianças de hoje encontram os colegas com deficiência na sua sala e aprendem a conviver com eles – compara. Como comprar O livro “Nas dobras e endobras da educação inclusiva” pode ser adquirido por R$ 28, na livraria Objetiva, em São Miguel do Oeste, diretamente com a Editora Unoesc, sediada na Unoesc Joaçaba, ou com o próprio autor. Mais informações podem ser obtidas pelo e-mail [email protected].
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