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Foto: Neznamov /Adobe Stock
Brasil e Mundo

Vacina desperta esperança no combate universal ao câncer

Estudo mostra que imunizante experimental conseguiu ativar sistema imunológico e reduzir tumores em testes com camundongos.

Éder Luiz

Éder Luiz

Foto: Neznamov /Adobe Stock

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Uma vacina genérica de RNA mensageiro pode representar um novo e promissor caminho no combate ao câncer. É o que aponta um estudo publicado na revista Nature Biomedical Engineering, conduzido por pesquisadores da Universidade da Flórida, nos Estados Unidos.

Ao contrário das vacinas personalizadas — que são feitas a partir das células tumorais de cada paciente — ou das que focam em proteínas específicas dos tumores, os cientistas propuseram uma nova abordagem: um imunizante não direcionado, mas capaz de enganar o corpo e fazê-lo reagir como se estivesse sob ataque.

Nos testes com camundongos, a formulação experimental ativou o sistema imunológico, provocando uma reação eficaz contra células cancerígenas, o que resultou na regressão de tumores.

“Mesmo uma vacina que não mire um tumor ou vírus específico, desde que seja uma vacina de RNA mensageiro, pode gerar efeitos bastante específicos contra o câncer. Essa descoberta é a prova de que tais imunizantes podem servir de vacinas universais contra o câncer”, afirmou o oncologista pediátrico Elias Sayour, autor principal da pesquisa.

Um novo paradigma

Até agora, os principais esforços na busca por vacinas contra o câncer seguiram duas linhas: encontrar alvos comuns entre os diferentes tipos de tumores ou desenvolver vacinas personalizadas para cada paciente. A nova proposta, no entanto, inaugura o que os cientistas chamam de terceiro paradigma — uma ativação ampla do sistema imunológico, com efeitos direcionados.

Segundo os pesquisadores, essa ativação generalizada faz com que células de defesa, especialmente as células T (um tipo de glóbulo branco), reconheçam e ataquem tumores que antes passavam despercebidos pelo organismo.

Em vez de mirar diretamente proteínas tumorais, os cientistas utilizaram um estímulo à proteína PD-L1, presente dentro dos tumores, o que pode ter tornado essas células mais sensíveis ao ataque do sistema imune.

“O que descobrimos é que, ao usar uma vacina projetada não para atingir especificamente o câncer, mas sim para estimular uma forte resposta imunológica, conseguimos induzir uma reação muito forte. E, portanto, isso tem um potencial significativo para ser amplamente utilizado em pacientes com câncer”, explicou Duane Mitchell, coautor do estudo.

Resultados promissores

Apesar do otimismo com os resultados, a vacina ainda está em fase inicial de desenvolvimento e foi testada apenas em animais. Os próximos passos incluem a adaptação da formulação para testes em humanos, com foco na avaliação de eficácia e segurança em pacientes oncológicos.

Vale lembrar que, em 2023, o grupo liderado por Sayour já havia obtido bons resultados com uma vacina personalizada aplicada em quatro pacientes com glioblastoma, um dos tipos mais agressivos de câncer cerebral.

Agora, o objetivo é transformar essa inovação em uma vacina universal contra o câncer — um avanço que, se comprovado em humanos, pode representar uma revolução na oncologia.


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