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A história de superação e amor de Cris e sua mãe

A história de superação e amor de Cris e sua mãe

Éder Luiz

Éder Luiz

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Os primeiros sentimentos que vem a cabeça de uma mãe quando recebe a informação de que o filho recém nascido terá algum tipo de deficiência são a frustração e o medo. Frustração por ter desfeito um sonho que cultivou durante nove meses de que a criança seria perfeita e depois o medo de saber que a vida não será normal para o filho e que serão muitas as dificuldades. Mas a vida ensina que nestes casos os sentimentos descritos acima se tornam nada diante do maior de todos eles, o amor.

Amor é o que move há 19 anos a relação de Cristiane Aguiar e o filho Christian, que nasceu prematuro e por conta disso a falta de oxigenação no cérebro o deixou com sequelas para toda a vida. Christian tem dificuldades de movimento em todo o corpo devido à paralisia cerebral, mas a capacidade intelectual não foi afetada, o que o torna muito ativo e inteligente. Cristiane contou que a esperança no filho Cris e a confiança nunca deixaram de existir. “Era meu primeiro filho, tão esperado, o maior medo era que ele não pudesse levar uma vida normal, mas com muito amor e força de vontade vimos que isso era possível”. Tanto é que Cris, hoje com 19 anos, está na faculdade. Ele cursa na Unoesc de Joaçaba Publicidade e Propaganda, mas o desejo mesmo era de fazer jornalismo. “Queria fazer jornalismo, mas a turma não abriu este ano. Gosto da área por que este profissional tem o objetivo de informar e ajudar as pessoas”. A caminhada até a faculdade não foi fácil, mas contou com muita força de vontade. “O Cris começou a estudar na APAE de Joaçaba, que faz um trabalho ótimo. Ficou lá dos oito meses até os oito anos, quando chegaram para mim e falaram que ele tinha que ir para uma escola normal, pois tinha capacidade para isso”. Conta Cristiane. “Quando ele começou a frequentar a rede estadual de ensino eu sempre estava nas aulas. Saia do trabalho e ficava ao lado dele para auxiliar em tudo o que precisasse”. A partir da 8ª série Cris passou a contar com um professor dedicado somente a ele e foi assim durante o ensino médio inteiro também, sempre na rede pública. Na época da escola Cris utilizava uma máquina de escrever elétrica para os trabalhos em sala de aula. “Era muito difícil, tenho o movimento apenas do dedo indicador da mão direita, então tinha que ser rápido para acompanhar a professora”. Conta ele. Mesmo com as dificuldades o sonho de cursar a faculdade não morreu e com a entrada da irmã mais nova em um curso ele resolveu que era hora de voltar a estudar. Através de um processo seletivo foi selecionado e desde o começo do ano está na universidade. Mas como nada é fácil na vida de Cris e da mãe, veio mais uma dificuldade, a falta de um professor para acompanhá-lo nas aulas. “Desde que ele começou passei a acompanhar as aulas e auxiliar o Cris. Mas as coisas foram ficando difíceis, por que eu tinha o restante da minha família para atender”. Descreve Cristiane, que além de Cris tem outros dois filhos, um de três anos, e o marido. Foi a partir desta dificuldade que eles resolveram buscar ajuda no Ministério Público e uma decisão favorável da justiça fez com que a universidade disponibilizasse um professor auxiliar. “Pensei até em desistir da faculdade, estava muito difícil, mas no dia em que bateu o desanimo recebi a notícia que eu teria este professor auxiliar”. Comemora Cris, que conta também que fora este problema recebeu todo apoio da universidade. “Eles adaptaram um banheiro no andar que eu estudo para que eu possa usar, existem rampas de acesso e os professores e a coordenação são muito legais comigo”. Conta Cris, que disse ter ganho uma apostila adaptada para sua necessidade, de um professor. “Tenho também muita ajuda dos colegas, vamos até em festas juntos”. Revela feliz. Além dele, outros dois colegas que são surdos também terão auxiliares na sala, serão interpretes da Linguagem Brasileira de Sinais (LIBRAS), e para Cris uma professora que o ajudará na movimentação e digitação de textos. A decisão da justiça fez com que Cris ficasse ainda mais confiante.” Acredito no direito e nas pessoas. É claro que eu não desistiria tão fácil, afinal nunca me entreguei”. Para Cristiane essa é mais uma prova da independência do filho, que foi quem mais cobrou para que ela fosse atrás de seus direitos. “As pessoas acham que o Cris não é independente, mas ele é sim. Prova disso é que está na faculdade e sempre luta por seus direitos”. A decisão não é útil apenas para Cris, mas também para todos aqueles deficientes que muitas vezes se isolam por medo das dificuldades que a sociedade impõe. “Espero que esta minha situação abra as portas para mais pessoas com necessidades especiais, para que busquem as mesmas oportunidades”. Finalizou.


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