A luta das pessoas com deficiência
A última semana foi marcada por dias importantes, como o dia da Árvore, dia do Radialista.
A última semana foi marcada por dias importantes, como o dia da Árvore, dia do Radialista. O dia 21 de setembro talvez seja o mais importantes deles, pois foi lembrado o Dia Nacional de Luta das Pessoas Deficientes. Apenas no Brasil são 45,6 milhões de pessoas que declaram ter alguma deficiência, segundo dados do Censo Demográfico 2010, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O número representa 24% da população do país.
A data é recente, o que dá bem a dimensão do quanto ainda é preciso fazer para que o respeito às diferenças seja observado em nossa sociedade. O Dia Nacional de Luta da Pessoa com Deficiência foi instituído por meio da Lei nº 11.133/2005, através de ação do Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência (CONADE).
Mais do que uma data, este dia representa a possibilidade de reflexão de todos os setores da sociedade sobre o tema. Com a missão de formular, desenvolver e acompanhar a implementação dos instrumentos para as políticas voltadas às pessoas com deficiência, a ARAD (Associação Regional dos Atletas com Deficiência) vem se destacando por suas ações no trabalho desenvolvido com pessoas portadoras de deficiências.
Entre elas, a paraatleta Aline dos Santos Rocha que tem 21 anos e é acadêmica do curso de Educação Física da Unoesc de Joaçaba. Ela é campeã e vice-campeã do Circuito Caixa de Atletismo etapas de São Paulo nos 200 metros para cadeirantes/ano 2012. “As atividades de preparação me motivam a conquistar cada vez mais a minha autonomia e qualidade de vida. Considero-me independente e, por esta razão, luto para ter uma condição mais digna em exercício da minha cidadania como lazer, trabalho e educação”, diz. “Se acessar algumas vias é difícil para mim que sou atleta, imagine para portadores de necessidades que não possuem algum grau de reabilitação”.
A jovem sofreu um acidente com sua família no ano de 2006, que resultou em uma paraplegia flácida decorrente de uma lesão raquimedular, fazendo com que a jovem necessite de uma cadeira de rodas para locomoção. Ela pratica atividades físicas e, é considerada uma promessa no paraatletismo catarinense. Aline tem um bom preparo físico e é independente, mas destaca que ainda hoje sofre dificuldades de locomoção. “Me deparando diariamente com situações a que vem comprometer o exercício da minha independência e autonomia”, diz. “A lei 1098/02 que trata das condições de acessibilidade é uma conquista, mas falta sem cumprida em muitos municípios de forma mais responsável, já que muitas calçadas estão fora do padrão, em desnível, com declive e ainda com ausência de rampas, ou aonde existe com inclinação superior à recomendada”, explica.
“Além disso, o transporte público ainda não está totalmente adaptado. A Lei Federal 10.098, regulamentada pelo Decreto 5.296/04 parece ser parcialmente ignorada pela empresa que oferece o serviço no município, uma vez que a lei determina que até dezembro de 2014, 100% da frota de veículos terrestres de transporte coletivo deverão estar adaptados”, lembra Aline. “Ainda falta coragem de muitos para lutar pelo que é certo. Muitos querem ser beneficiados, já que encontram facilidades em transporte e atendimento. Mas então pensando no bem individual e não da coletividade”, destaca.
“Tenho deficiência física e luto pelo direito de diversas pessoas que se encontram em condições semelhantes, porém não conhecem os caminhos para defender nossos direitos. Sou atleta e trabalho, juntamente com meu técnico e namorado Fernando Orso Alves para mostrar as pessoas com deficiência que elas precisam conquistar o seu espaço na sociedade, que atividades esportivas podem contribuir para nossa independência e bem-estar. Desejo que as pessoas com deficiência saiam dos casulos de suas enfermidades e conquistem a liberdade ao invés de definharem em seus quartos. Entendo que a independência das pessoas com deficiência é um caso de saúde pública, mas sinto-me desamparada nesse embate quando me deparo com as barreiras arquitetônicas e transcendentais nas quais estamos condicionados”, enfatiza a paraatleta.
Dia Nacional do Atleta Paralímpico
A Lei nº 12.622, foi sancionada pela presidenta Dilma Rousseff e entrou em vigor no dia 09 de setembro e instituiu o dia 22 de setembro como o Dia Nacional do Atleta Paralímpico. A criação da data é vista como uma oportunidade de colocar em evidência as necessidades, as reivindicações e a luta dos esportistas com deficiência.
“A data é uma oportunidade muito importante para divulgar e prestigiar o trabalho dos paraatletas” destaca Aline, lembrando que ainda há muito a fazer para que a sociedade possibilite a plena cidadania das pessoas com deficiência.
O Brasil Paraolímpico está entre as dez maiores forças mundiais. Nos Jogos Paralímpicos de Londres, o Brasil conquistou 21 medalhas de ouro e ficou em 7º lugar na colocação geral de países.
“A mídia deu destaque para as paralimpíadas, as deficiências apareceram, mas também foi evidenciada a capacidade e a superação. Estas pessoas treinam muito e se dedica, para estar em pé de igualdade”, destaca. “A melhor forma de reabilitação para pessoas com deficiência é o esporte, sou prova disso”, conclui.
Dados
Segundo dados do último Censo populacional realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2010, dos cerca de 190 milhões de brasileiros, 24% ou quase 13 milhões de pessoas possui algum tipo de deficiência. O registro aponta que ao todo, o país conta com 45,6 milhões de pessoas com deficiências, seja motora, visual, auditiva ou mental.
A deficiência mais frequente entre a população brasileira é a visual. Cerca de 35 milhões de pessoas (18,8%) declararam ter dificuldade de enxergar, mesmo com óculos ou lentes de contato.
O número de portadores de deficiência em Santa Catarina chega a 1.331.445, de acordo com o Censo 2010. O que significa que cerca de 21% de toda a população do estado apresenta pelo menos um dos tipos de deficiência.
Em Joaçaba, 29,14% dos habitantes declaram ter algum tipo de deficiência. Dos 26,713 habitantes, o município possui 7785 pessoas com algum tipo de deficiência.
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