Acusada de matar a mãe doente está sendo julgada em Caçador
Acusada de matar a mãe doente está sendo julgada em Caçador

Valéria Ribeiro da Silva, acusada de matar a mãe com remédios em Caçador, no meio-oeste catarinense, vai a júri popular nesta quinta-feira (20). O ex-namorado dela e uma prima, que teriam ajudado no crime, também serão julgados. Os três estão presos desde junho de 2016. A morte ocorreu em março do mesmo ano.
O júri iniciou às 9h no Fórum da Comarca de Caçador e presidido pelo juiz Rodrigo Dadalt e na acusação atuará o promotor João Paulo de Andrade. A defesa será feita por dois advogados, a advogada Marcia Helena da Silva defendendo as primas Valéria e Priscila e Sandro de Oliveira, fazendo a defesa de Leandro Negretti. De acordo com a advogada, que acompanha o caso desde a prisão do trio, é um caso bastante complexo e tem o agravante de ser mãe e filha. Ela disse ainda que será discutido o fato com todo o conjunto de provas, também a questão do agravante e as qualificadoras. “O júri vai julgar um caso bem complexo com três réus. Isso não é um caso atípico, mas quando o processo não gera provas técnicas, não tem materialidade como é este caso, onde a acusação está embasada em um único áudio feito pelos acusados, deve se analisar outras provas e existem muitas testemunhas”, disse a advogada. Marcia disse ainda que busca sempre a verdade real, e isso é o que vai nortear o processo de júri. Quanto ao tempo de possivelmente dois dias de julgamento, é irrelevante desde que possam ouvir todas as testemunhas e saber o que elas têm a esclarecer para então fazer um julgamento isento do que foi exposto até agora. “Durante a investigação, foi levantado um crime, porém há toda uma história por trás que perdura por 23 anos. É bastante longa e tem toda uma circunstância que vai ser esclarecida no júri. Desde o início da investigação, foi colocado um foco e viram que não era um crime e depois apareceu o áudio”, explicou. A advogada comentou ainda que os réus estão presos há mais de um ano e o será um júri atípico em Caçador que pode durar dois dias. “Eu busco sempre trabalhar em cima da verdade e busco acima de tudo um julgamento justo. Espero que seja aplicada uma pena conforme os fatos e as provas do processo e não sobre o que foi jogado ao vento sem comprovação, Vamos ter novamente a explanação de tudo que aconteceu e queremos deixar o mais claro possível para que os jurados possam entender e fazer um julgamento isento”, enfatizou. Váléria já confessou o crime e irá manter isso no júri. “Quando ela foi presa, na Delegacia optou por ficar em silêncio, até porque não tinha um advogado ao lado, mas vai manter tudo o que disse nas audiências e isso não é uma tática da defesa, ela mesma está ciente disto. A sentença sai até sexta-feira e esperamos que seja uma pena justa. A nossa ideia é esclarecer os fatos na sua totalidade e não a partir de um áudio”, finalizou. Valéria, o ex-namorado Leandro Negretti e a prima Priscila de Fátima Ribeiro foram indiciados pelo homicídio de Elenir Ribeiro, de 45 anos. Valéria por homicídio triplamente qualificado: motivo torpe, impossibilidade de defesa da vítima e meio insidioso; e Leandro e Priscila por homicídio com as duas primeiras qualificadoras. Crime Segundo o delegado responsável pelo inquérito, Fabiano Locatelli, a mãe sofria de esquizofrenia e usava diversos medicamentos regularmente. “Desde janeiro, quando a mulher saiu de uma clínica, teve os cuidados transferidos para a filha que passou a se dizer sobrecarregada”, contou Locatelli na época. Leandro indicou um emagrecedor vendido sem retenção de receita médica, que não seria identificado em uma perícia. Conforme a investigação, foram dados mais de dez comprimidos à vítima. Valéria teria dado os medicamentos para a mãe a filha e a prima, assistiram à agonia da mulher por três horas. "Só depois de uma hora, quando tiveram certeza da morte dela, simularam um pedido de socorro aos bombeiros", disse o delegado. Na época, um atestado classificou a morte como natural. Motivação No celular da filha, a polícia encontrou o áudio de uma conversa entre ela e o ex-namorado, em que os dois comentam sobre o crime. “Era uma conversa dela com o ex-namorado a respeito do crime, usada para chantagear o rapaz e obrigá-lo a reatar o romance”, informou o delegado. "Se a gente não a matasse, não ficaria junto. Você acha que você ficaria comigo, com ela gritando? Fazendo você passar vergonha... Você não ficaria comigo", indagou a jovem na gravação. “Não”, respondeu o ex. Fonte: Rádio Caçanjurê e G1
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