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Apoio na recuperação

Sessenta, noventa dias, um ano.

Éder Luiz

Éder Luiz

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Sessenta, noventa dias, um ano. Não importa o tempo, quanto mais dedicamos a vida para ajudar, mais nos desafiamos. Leve o tempo que for o tratamento da dependência química é um processo que conta com várias ações: psicoterapia, medicamento e internação. Parte desses processos são os atendimentos da Clínica Reviver, em Ibicaré. Há 17 anos, a unidade atende os pacientes de todo país, a clínica especializada na recuperação e o apoio aos dependentes químicos tratam homens, mulheres e adolescentes de todas as classes sociais.

Um deles é o universitário de 22 anos, filho de um empresário, consultor de vendas de uma multinacional na região oeste. “Eu fazia faculdade de Ciências Contábeis, falta apenas um ano para me formar. Com as drogas larguei o emprego. Já atua na área. A droga é uma ilusão”, desabafa o jovem. Ele está há 73 dias internado, sem usar cocaína. “Entrei nesse mundo pelas amizades, a curiosidade e as festas. A droga te destrói aos poucos. Só me resta pedir perdão para meus pais”, comenta.

Quem enfrenta essa realidade trabalha com pessoas doentes, perdidas em seus vícios, seja álcool, remédios ou drogas. Hoje o local atende 50 pessoas em 30 leitos de internação e, além disso, 20 casas são assistidas. “Só se ouve falar em falta de leitos, a falta de vagas para o tratamento. Não importa quantos mais centros se criam, vai sempre faltar leito. Falta criar uma rede de atendimento e competente”, comenta Rossano Zanche Coordenador da Equipe da Clínica. Rossano reclama dessas divulgações do Governo Federal da liberação de recursos para a construção de centros de atendimentos para dependentes químicos. “Nós não podemos politizar a saúde pública do país. Virou uma realidade as mortes, os assassinatos pelo uso e o consumo das drogas. Faltou profissionalismo do governo em torno desse problema social crônico”, diz.

Abandonar o vício

A psicóloga, farmacêutica e especialista em dependência química, Franciele Schlager (29) trabalha na clínica há quase 15 meses. “No início eu trabalhava em um Caps em Curitiba. Eu sempre gostei de trabalhar na área. Ir para casa era difícil para fazer essa separação, porque se acaba levando problema para casa. Principalmente de pacientes que tinham risco de fuga. Hoje sou mais racional. E ser mulher é difícil, hoje eles me veem como psicóloga. A conduta está sendo eficaz”, explica a psicóloga. Segundo ela é normal os pacientes terem recaídas. “Hoje tento trabalhar bem com a frustração. Mas não é fácil”, relembra.

Saiba mais

No mundo, a Indústria da Droga movimenta mais de 400 bilhões por ano. Estima-se que existam 180 milhões de usuários de drogas no mundo. Segundo a Organização Mundial de Saúde, a dependência (álcool, tabaco, cocaína, maconha e anfetaminas, e psicotrópicos) consome 10% do produto interno bruto de qualquer economia, em gastos com Hospitais, acidentes de trânsito e no trabalho, com a perda de produtividade. O Brasil perde, anualmente, alguns bilhões de dólares com gastos relacionados à dependência química, dinheiro que poderia ser empregado em melhor qualidade de vida para todos. Pesquisas indicam que 22,8% da população no Brasil consome drogas. Quase metade das escolas estaduais do país tem problemas com o consumo e o tráfico de drogas. Cerca de 200 mil brasileiros morrem a cada ano em decorrência do consumo de entorpecentes ou de crimes relacionados ao tráfico.

Dados

A dependência química afeta toda a sociedade. Geralmente, está associada a múltiplas causas, como desemprego, baixa escolaridade, comércio ilegal de drogas lícitas e ilícitas. Aproximadamente 47 pessoas são detidas por dia por causa de drogas, em Santa Catarina.

Um projeto foi encaminhado no início deste mês para a Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação de Santa Catarina (Fapesc) o projeto para inovação tecnológica na abordagem e cuidado aos dependentes químicos e famílias. A entidade será responsável pela consolidação e viabilização do projeto, com previsão orçamentária de R$ 11,9 milhões.

Um dos objetivos do projeto será desenvolver ações de suporte para a superação da dependência química, com oferta de 1.000 vagas em comunidades terapêuticas do Estado. O documento visa também a capacitação de profissionais para avaliar o impacto social que a dependência química acarreta. Os recursos serão ofertados às comunidades terapêuticas que se adequarem à legislação federal do Ministério da Saúde.

Atualmente existem 140 comunidades terapêuticas em SC, que oferecem 3 mil vagas. Hoje o custo do dependente na comunidade é de R$ 1,2 mil mês.

Enfrentamento

O governo federal fez a entrega de equipamentos e expansão do Programa Crack, é possível vencer em Santa Catarina. Os catarinenses recebem quatro bases móveis de videomonitoramento e ampliam as ações de enfrentamento às drogas para Blumenau, Joinville e São José com a adesão destes municípios ao programa.

As quatro bases móveis que serão instaladas em Florianópolis custaram R$ 7,28 milhões. Os equipamentos serão entregues com 80 câmeras de videomonitoramento, oito viaturas, oito motos, 200 pistolas de condutividade elétrica e 600 espargidores de pimenta.

Assistência social – Além da segurança pública o programa Crack, é possível vencer prevê investimentos para a assistência social. Nesse caso o objetivo é fortalecer e ampliar o Serviço Especializado de Abordagem Social, com oferta de Centros de Referência de Assistência Social (CRAS), Centros de Referência Especializados de Assistência Social (Creas), Centros para População em Situação de Rua (Centros POP) e vagas em Serviços de Acolhimento. “A Assistência Social atua por meio dos CRAS e CREAS no trabalho de orientação, diagnóstico e tratamento prévio junto à família. É um trabalho que deve ser em conjunto com a Segurança Pública e a Saúde, outras duas áreas que são muito importantes após a pessoa ter feito uso da droga ilícita, principalmente o crack”, ressalta o Secretário João Cândido da Silva.

Atualmente, existem 86 CREAS em Santa Catarina em 82 municípios. O governo catarinense construirá 27 Creas até 2014 com investimento previsto de R$ 8 milhões. Os CREAS são considerados serviços de média complexidade porque oferecem atendimento às famílias e pessoas com os direitos violados, mas cujos vínculos familiares e comunitários não foram rompidos. O foco são pessoas que sofreram violência física, psicológica, sexual, tráfico de pessoas ou que estão em cumprimento de medidas socioeducativas em meio aberto, entre outros.

Os CRAS destinam-se à população que vive em situação de vulnerabilidade social decorrente da pobreza, ausência de renda, ou privação de acesso aos serviços públicos, além da fragilização de vínculos afetivos. O CRAS é uma unidade de proteção social básica do Sistema Único de Assistência Social (Suas), que tem por objetivo prevenir estas ocorrências. Em Santa Catarina existem 343 CRAS em 271 municípios. O governo do Estado construirá outros 79 CRAS até 2014 com investimento previsto de R$ 18 milhões.

O Estado possui ainda cinco Centros de Referência Especializados para Pessoas em Situação de Rua (CREAS POP) no Estado para o atendimento a 4.810 famílias por mês. No Estado, os CREAS POP estão localizados em Joinville, Tubarão, Blumenau, Rio do Sul e Florianópolis.

Já na área da saúde, os investimentos do programa Crack, é possível vencer são para ações de tratamento aos dependentes químicos e para a criação de novos leitos para atendimento aos usuários de drogas e Centros de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS-AD), com atendimento 24 horas, além da implantação de Unidades de Acolhimento e Consultórios na Rua.


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