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Brasil e Mundo

Brasileiros vítimas de tráfico humano em Mianmar são resgatados após mais de três meses em cativeiro

Luckas Viana dos Santos e Phelipe Ferreira foram enganados com falsas promessas de trabalho e submetidos a condições degradantes

Pedro

Pedro

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Dois brasileiros, Luckas Viana dos Santos e Phelipe Ferreira, foram resgatados após passarem mais de três meses em cativeiro na fronteira entre Mianmar e Tailândia. Vítimas de tráfico humano, eles foram enganados por falsas promessas de trabalho e submetidos a agressões, ameaças e jornadas exaustivas de trabalho forçado. O resgate contou com o apoio de uma ONG internacional especializada em situações desse tipo. A informação foi divulgada pelo jornal O Globo e confirmada pelo Itamaraty ao portal Terra.

O golpe e a chegada ao cativeiro

Phelipe Ferreira foi atraído por uma proposta de emprego divulgada nas redes sociais, que prometia um salário de US$ 2 mil, além de comissões e a possibilidade de liderar uma equipe em um call center em Bangkok, na Tailândia. Com as passagens pagas pela suposta empresa, ele embarcou para o país e, inicialmente, ficou hospedado em um hotel. Pouco depois, foi capturado por uma rede criminosa e levado ao cativeiro.

Já Luckas Viana dos Santos, que já tinha experiência trabalhando em cassinos no Sudeste Asiático, buscava novas oportunidades quando recebeu uma oferta pelo aplicativo Telegram. Ele seria contratado como intérprete para brasileiros, com salário de R$ 8 mil e contrato de seis meses, incluindo moradia. O trabalho seria em Mae Sot, cidade tailandesa na fronteira com Mianmar. No entanto, assim como Phelipe, ele também caiu em uma armadilha.

Durante a viagem até o suposto local de trabalho, Luckas foi transportado em diferentes veículos e chegou a cruzar a fronteira de barco. Ao chegarem ao destino, ambos foram mantidos em condições precárias, obrigados a trabalhar por cerca de 17 horas diárias aplicando golpes virtuais.

Apelos das famílias e resgate

As famílias dos brasileiros fizeram diversos apelos nas redes sociais, temendo pela segurança dos jovens. O Itamaraty, por meio das embaixadas em Yangon (Mianmar) e Bangkok (Tailândia), atuou junto às autoridades locais desde outubro do ano passado para localizá-los e garantir o resgate.

Em nota, o Itamaraty afirmou que "tomou conhecimento, com grande satisfação", da liberação dos brasileiros e destacou que a proteção de nacionais vítimas de tráfico humano tem sido uma prioridade da política consular brasileira. O tema foi abordado na IV Sessão de Consultas Políticas Brasil-Mianmar, realizada em janeiro deste ano, quando reforçaram a necessidade de esforços contínuos para o resgate.

O Itamaraty também alerta sobre o aumento dos casos de recrutamento de brasileiros para trabalhos em plataformas digitais de apostas na Ásia, sob condições migratórias e laborais precárias. O órgão reforça sua cooperação com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, Ministério Público do Trabalho e Polícia Federal para combater esse tipo de crime e conscientizar brasileiros sobre os riscos de propostas de trabalho enganosas no exterior.


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