Casas noturnas cumprem normas de segurança
A tragédia ocorrida na boate Kiss em Santa Maria (RS) chocou todo o país e marcou o final de semana por angústia, dor e sofrimento.

A tragédia ocorrida na boate Kiss em Santa Maria (RS) chocou todo o país e marcou o final de semana por angústia, dor e sofrimento. Mais de 230 pessoas morreram e cerca de 80 estão em estado grave nos hospitais da região. Dentre as vítimas fatais estavam quatro catarinenses. O evento se tornou o maior incêndio do país nos últimos 50 anos.
Segundo informações repassadas a imprensa pelo comandante geral do Corpo de Bombeiros do Rio Grande do Sul, Coronel Guido Pedroso de Melo, o alvará do plano de prevenção de combate a incêndios estava vencido desde agosto de 2012. Em nota a administração da boate negou estar irregular e afirmava que o incidente não passava de uma fatalidade. Porém a prisão preventiva do empresário e dono da Kiss, Elissandro Callegaro Spohr e dos dois integrantes da Banda Gurizada Fandangueira que sobreviveram a tragédia foi decretada na manhã de segunda-feira (28). A tragédia também desencadeou uma discussão sobre a prevenção e condições de segurança das casas noturnas pelo país. Todos estão preocupados com as condições de segurança nas casas noturnas que frequenta em sua região. Por isso o Jornal Diário do Vale, fez um levantamento nas principais casas de eventos de Joaçaba, por se tratar – como no caso de Santa Maria, de uma cidade com grande concentração de jovens universitários. E consequentemente de muitas festas. De acordo com o comandante do 2º Pelotão do Corpo de Bombeiros de Herval d’Oeste, Aspirante Vinícius Marculim, as vistorias são feitas nas casas noturnas uma vez por ano. “A vistoria depende da edificação. Os itens básicos que avaliamos nas vistorias anuais são se a casa possui saídas de emergência bem sinalizadas, iluminação de emergência, extintores, placas de identificação de saída. Conforme a capacidade de lotação, mais complexo será o projeto de vistoria de funcionamento. Nesses casos serão exigidos hidrantes, alarme de incêndio dentre outros itens”, diz. “Podemos comparar as saídas de emergência como um funil, se colocamos uma pedra de cada vez, ela passará sem dificuldade. Porém se colocarmos várias pedras ao mesmo tempo elas ficaram entaladas, por isso a necessidade de haver mais saídas alternativas em caso de emergência”, complementa. O Aspirante relata ainda que um projeto para a realização de um curso de brigadista está sendo finalizado na corporação. “Após uma reunião realizada na tarde de segunda-feira (28), percebemos ainda mais a necessidade de criarmos um curso de brigadista. Esse curso teria os mesmos moldes utilizados na formação de bombeiros, com carga horária menor. O curso seria voltado à população, onde qualquer pessoa poderia participar, sendo que a intenção é capacitar principalmente os seguranças de casas noturnas, para que possam auxiliar ainda mais em caso de emergência”, afirma. O proprietário das casas noturnas Hangar 7 e Bola 7 em Joaçaba, Daniel Fiedler, afirma que as boates que administra contam com todo o sistema de prevenção contra incêndios. “Todo ano o Corpo de Bombeiros faz a inspeção. O Hangar 7 conta com sistema de eletricidade trifásico, que ajuda a evitar curto circuitos. Conta ainda com saídas de emergência bem sinalizadas. Já o Bola 7 possui duas portas grandes que servem como saída de emergência além das janelas que não contém grades e em caso de uma possível emergência podem ser utilizadas para saída”, diz. “Nenhum dos estabelecimentos possuí algum tipo de material inflamável na isolação acústica. No Bola 7 por exemplo, um projeto para mudança dos vidros das janelas, está sendo realizado, onde serão colocados vidros duplos sem que haja a necessidade de vedá-las. As duas casas possuem sistema de prevenção de incêndios.” diz. De acordo com a sócia do Café Pinhão de Joaçaba , Patrícia Marin, o estabelecimento cumpre todas as normas exigidas pela fiscalização. “Nós possuímos isolamento acústico de lã de rocha, um material que não é inflamável. Além de todos os itens de segurança básicos exigidos pelos Bombeiros, obedecemos aos limites de lotação máxima o que é muito importante”, diz. “É obrigatório deixar a mostra os alvarás, para comprovar a regularidade do estabelecimento e esse é um ponto que os frequentadores de casas noturnas devem avaliar com atenção. Isso garante a segurança”, enfatiza. De acordo com o coordenador da casa noturna Live House de Joaçaba, Júnior de Sá o revestimento acústico utilizado no estabelecimento também é de um material não inflamável. ”Utilizamos o revestimento acústico lã de rocha, que não é inflamável. A casa possui quatro saídas de emergência, as portas abrem para fora, conforme exigência de segurança dos Bombeiros e estamos dentro das normas solicitadas. Nós já tivemos shows utilizando artefatos de pirotecnia, porém nos certificamos de esse equipamento era utilizado inddor, ou seja, artefatos que podem ser utilizados dentro de ambientes - ele não provoca chamas. Esse tipo de apresentação é feita raramente na casa, porém quando foi realizada não tivemos problemas”, enfatiza. “Temos um ludo aprovado na FATMA para tratamento no estado, até onde temos conhecimento somos nós. Então desde começo quando a casa se chamava Terra Brazilis, em 2001 tivemos essa preocupação. E hoje temos o Habite-se, um documento é que atesta que o imóvel foi construído seguindo-se as exigências e nas condições de funcionamento”. Segundo o proprietário do Bar 636, Adair Duarte, todo ano são exigidos mais itens de segurança pelos Bombeiros. “Todo ano os Bombeiros pedem mais itens para a segurança básica da boate, que nós prontamente atendemos. Contamos com detector de fumaça, quatro saídas de emergência e todos os itens solicitados pela vistoria. Vendo essa tragédia que aconteceu em Santa Maria, percebemos que a segurança exigida pelo Corpo de Bombeiro nunca é demais, e estamos sempre dispostos a fazer todas as adaptações necessárias para garantir a segurança do público”, salienta. Todas as casas noturnas mencionadas na reportagem expressaram os profundos sentimentos às pessoas que perderam amigos e familiares na tragédia em Santa Maria.
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