A tragédia que abalou o Brasil nesta semana, na qual o maior suspeito de ter matado familiares é um menino de 13 anos, teve precedente aqui na região em um caso que abalou o município de Treze Tílias no ano de 2004. Como repórter da RBS TV acompanhei o caso, que também teve repercussão nacional. Na época, um menor de 15 anos matou o pai, um sargento da Polícia Militar, e a irmã, além de ferir gravemente a namorada do pai.
A chacina de São Paulo aconteceu entre a madrugada de domingo e manhã de segunda-feira na casa da família vítima do crime, na Brasilândia, zona norte da capital paulista. Além do menino Marcelo Eduardo, 13 anos, considerado até agora pela polícia como autor do crime, foram encontrados mortos no imóvel a mãe dele, cabo da Polícia Militar, o pai, que era sargento da PM, a mãe da cabo e a tia-avó.
Para a polícia, Marcelo Eduardo matou a família, dirigiu com o carro dos pais até a escola, frequentou as aulas de manhã e retornou para casa de carona. Na sequência, ele se matou.
Crime de treze Tílias
Em 19 de julho de 2004 um garoto de 15 anos, que passava por um tratamento neurológico e tomava remédio contra a depressão, matou a irmã, o pai, que era sargento da Polícia Militar, e feriu gravemente a namorada do pai. A família havia se mudado do Litoral do estado para Treze Tílias por ser uma cidade tranquila.
O crime aconteceu à tarde. O menino teria discutido com o pai por causa de sua nova namorada. Revoltado, o jovem pegou o revólver do pai e disparou várias vezes. O sargento levou dois tiros e morreu no hospital, a namorada dele, outros dois e a irmã também foi baleada e morreu na hora. Depois, o próprio atirador ligou para a polícia e esperou a chegada das viaturas.
Na época, o menino franzino, que parecia ter menos idade do que a declarou, conversou comigo na delegacia. Aparentava estar tranquilo aceitou gravar entrevista, não via problemas em mostrar o rosto, mas pedimos que cobrisse, por se trata de menor. Sua palavras sobre o que havia passado foram estas. "Meu pai desconfiou que eu tinha pegado a arma, então ele foi verificar. Quando ele se levantou eu tentei atirar na nuca dele. Ele caiu e eu achava que ele estava morto. A namorada dele estava sentada no sofá, aí ela se assustou, se levantou e eu atirei. Aí eu escutei um barulho, achei que era alguém e atirei, mas aí eu vi que era minha irmã que tinha acabado de sair do banho. Ela morreu na hora", contou o menor em entrevista a RBS TV.
A arma usada no crime era de propriedade do pai do adolescente. O revólver de calibre 38 era a arma particular do sargento.
O rapaz foi encaminhado para um centro de internamento provisório. A namorada do sargento passou dias na UTI do hospital Santa Terezinha em Joaçaba, até se recuperar.
Ambos os casos não são fáceis de ser compreendidos e levantam debates sobre a violência a que somos submetidos e vítimas todos os dias, a questão da falta de cuidado com armas dentro de casa e até mesmo os relacionamentos familiares. Mas, vão muito além disso e nestas horas tudo o que resta é o trabalho da polícia para encontrar em meio as tragédias as respostas que muitas vezes não queremos ouvir.
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