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Cientista político faz análise do cenário eleitoral na região

No dia 7 de outubro, 138.

Éder Luiz

Éder Luiz

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No dia 7 de outubro, 138.492.811 eleitores em 5.569 zonas eleitorais irão às urnas para escolher prefeitos, seus respectivos vices e vereadores, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Faltam apenas algumas horas para que os eleitores escolham seus candidatos nas urnas. A Justiça Eleitoral disponibilizou para as eleições locais do próximo domingo (7) o contingente de 501.923 de urnas eletrônicas para os 5.568 municípios do país, cujos eleitores vão escolher prefeito, vice-prefeito e vereadores.

Segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), cerca de 140 milhões de pessoas deverão ir às urnas.

O Jornal Diário do Vale ouviu o cientista político Dirceu André Gerardi. Doutorando em Ciência Política pela Pontifícia Universidade de Católica do Rio Grande do Sul (PUC/RS), que analisa a disputa eleitoral na região.

JDV – Faltam poucos dias para que a população indecisa escolha entre prefeitos e vereadores de suas cidades, como escolher?

Gerardi – Primeiramente, as eleições, num sentido econômico, presumem a existência de um mercado eleitoral, onde os candidatos seriam as mercadorias a serem escolhidas ou não pelos eleitores. Desta forma, votos e candidatos tornam-se mercadorias a serem consumidas. Antes, é preciso deixar claro que o perfil do eleitorado da região meio oeste e oeste é conservador, ou seja, ele não é muito receptivo as mudanças e prefere em certa medida a continuidade de governos, explicando as reeleições e, sobretudo a dominância política de alguns partidos. Presume-se ainda que o eleitor de qualquer classe (sempre) está motivado a maximizar os ganhos individuais, então, obras a porta de sua casa, e a própria venda do voto é o resultado deste mercado. Este tipo de eleitor calcula que não será beneficiado por nenhuma ação governamental, então, tira proveito da época eleitoral para maximizar seus ganhos pessoais, o que poderia explicar a venda do voto. Mas, respondendo a pergunta, o eleitor pode definir seu voto de diversas formas. Sabendo que este eleitorado em certa medida quer a continuidade e busca tirar proveito da situação, temos um tipo de eleitor que decide o candidato com base nas vantagens que terá. Há também o eleitor que valoriza o passado do político, ele está situado nas classes médias e altas, assim, na maioria das vezes votam ideologicamente, mas se receberem alguma vantagem.

JDV – Como você analisa o cenário e disputa por votos? Ofensas e estratégias contam?

Gerardi – Para o caso de Joaçaba a disputa para a majoritária entre as duas coligações tem abordagens diferentes. Na televisão, o PSD, prega a continuidade do atual governo de Rafael Laske e Marcos Weiss e apostando no perfil conservador do eleitorado, já o PSDB, de Jorge Dresch e Silvana Marcon faz campanha voltada ao eleitor descontente e com nível educacional médio e alto, principalmente o que não foi atingido pelas obras e serviços da atual administração ou ainda o julga insuficiente, por diversos motivos. Sobre as ofensas, é interessante notar que o impacto das regras eleitorais sobre o jogo político são interessantes. A legislação proíbe no horário eleitoral de TV e rádio a troca de ofensas, mas no meio impresso, permite o posicionamento e apoio incondicional. Contudo, as ofensas geralmente ocorrem na campanha, como se diz “corpo-a-corpo” onde os candidatos, cabos eleitorais tentam convencer os eleitores, além disso, as ofensas são tradicionalmente vistas em comícios. Mas, dependendo do cenário, as ofensas são uma excelente estratégia, lembrando-se do debate de Collor em 1989. Sobre as estratégias, em Joaçaba ela é histórica, e visa dissuadir o eleitorado, principalmente com falsos boatos, e mais recentemente, com as pesquisas eleitorais.

JDV – Os planos de governo e propostas apresentados são o que a população realmente precisa?

Gerardi – Os modernos partidos, como o PSD e PT, utilizam amplamente as pesquisas como subsídio para fabricação de discursos. A metodologia consiste em coletar informações sobre o que pensam os eleitores das localidades de um município, para então traçar o plano de governo e criar os discursos políticos, falando o que o povo quer ouvir. Posso citar três exemplos. O de Herval d’ Oeste em que o prefeito rompe com a inércia de governos anteriores, e com recursos provenientes de projetos, realiza uma modernização da infraestrutura municipal condizente com as necessidades coletivas e também individuais dos munícipes. Em Joaçaba, verifica-se que as reivindicações populares não mudaram ao longo de 30 anos (saúde, estradas, agricultura, saúde e educação). Não sei o que cada eleitor espera dos futuros governantes. Mas o cenário que se tem é um de continuidade tanto para PSD quanto PSDB, pois todos os candidatos são figuras já conhecidas, e a renovação, se for possível, é ilusória.

JDV – Compra de votos e pesquisas induzidas, mudarão o cenário político?

Gerardi – Antes de tudo, as pesquisas, se sérias, revelam um momento apenas. A ciência mostra que o voto não é algo constante, e que os eleitores mudam sua opinião, que tinha como garantida, na ultima hora, ou seja, na hora do voto, muda sua opção. As pesquisas eleitorais podem ser falsificadas, a metodologia de aplicação pode induzir a resultados esperados. Em Joaçaba e Herval d´Oeste é clássica a ideia de que a pesquisa favorece quem está na frente. Isso é um engano terrível, e pode inclusive minar a campanha do candidato que supostamente está na frente. No sentido de iludir-se com sua própria mentira. Posso citar o exemplo de Herval d’ Oeste – onde em 2008, o prefeito na época que buscava reeleição, teve uma pesquisa que o colocava com ampla vantagem sobre o atual prefeito Nelson Guindani que venceu a eleição e sem o uso da máquina. Em Joaçaba, aparentemente, estamos observando uma enxurrada de pesquisas, contudo, acredito que a compra de votos que ocorrerá no sábado e domingo, seja mais decisiva do que as pesquisas.

JDV – E os indecisos, serão “decisivos”?

Gerardi – Presumindo que todos os eleitores podem mudar sua opinião no último momento, acredito que a campanha desta semana seja fundamental para buscar os indecisos. É um “filão” importante para os partidos que buscam eleitorados de todos os tipos. Como não se tem certeza da veracidade das pesquisas publicadas até agora, não se sabe a quantidade de indecisos. Mas, geralmente são eles quem decidem eleições.

JDV – E quanto ao nível de cada candidato (prefeito e vereadores)?

Gerardi – Como comentei anteriormente, os candidatos estão dispostos em um mercado e podem ser escolhidos ou não, pois o eleitor pode anular justificar e votar em branco. Como as opções são reduzidas e já conhecidas, acredito que o eleitorado imagine “horizontes” futuros calçados sempre no melhor, baseada numa ortodoxa visão de tempo que flui sempre para o mais evoluído e logo melhor.

JDV – O que o eleitor pode esperar?

Gerardi – O mundo real em Joaçaba mostra que esse “horizonte” de futuro melhor não está correndo, e que temos é involução em alguns setores, e para ser otimista, os últimos três governos tiveram como mote principal a inércia política, movimentando-se apenas no último semestre anterior as eleições. A população assiste e aceita tudo passivamente, acredito que seja fruto deste insolidarialismo que desde sempre está no seio da sociedade brasileira. Porém, se os cidadãos não cobrarem de seus governantes seus interesses, em época eleitoral, continuarão fazendo propagandas de coisas que deveriam por obrigação fazer.


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