Coluna Brinda Brasil – Conheça um Pinot Noir chileno digno da Borgonha
Coluna Brinda Brasil - Conheça um Pinot Noir chileno digno da Borgonha
Rodrigo Leitão
Que o Chile estava produzindo bons Shiraz de altitude e excelentes pinot noir eu já sabia, mas que eu iria experimentar um vinho de uva tinta francesa elaborado no centro do Chile, na região de Casablanca, criado por uma mulher para a House Casa del Vino, e no melhor estilo da Borgonha, isso eu não esperava. Pois bem, vivi essa experiência na noite desta quinta-feira, durante o Grand Cru Tasting, na loja que a importadora mantém na quadra 412 Sul, em Brasília.
A pinot noir é a grande dama dos vinhos tintos, e como tal, é similar a uma mulher irresistivelmente sensual e charmosa. E assim deve ser tratada na apreciação. Melhor ainda se for um vinho elaborado de forma feminina, por uma enóloga, no caso aqui a chilena Daniela Salinas. Falo de House Despechado Pinot Noir, safra 2014. Um vinho ainda jovem, mas já pronto para ser degustado ou acompanhar peixes gordos grelhados temperados com ervas finas e legumes, especialmente um salmão, ou então um lombo de porco com frutas vermelhas e queijos macios.
Por estar ainda recém-nascido, muito jovem, o Despechado Pinot, repleto de frutas vermelhas (uma salada e tanto!) exibe um frescor admirável e uma acidez incomum para a sua idade. Bastante ácido, mas muito suculento, alcança leveza e por isso pode ser oferecido tanto ao acompanhamento gastronômico quanto no papel de embalar uma boa prosa com os amigos. A maceração (processo que mantém contato do suco da uva com a casca e que gera cor, tanino e aromas do vinho) é carbônica de quatro meses. Isso quer dizer que o processo do vinho é orgânico, usando um tanque de concreto para fermentar a bebida com leveduras da casca da uva. Depois maturado em vasos de barro.
Assim como os melhores pinots franceses, não passa por madeira, é frutadíssimo (cereja, morango e framboesa), leve e deve ser servido a uma temperatura de 16 graus. A guarda recomendada é de seis anos, mas já está pronto e vale cada centavo de seu preço: R$ 107.
Malbec – Da mesma vinícola, também provei um inusitado malbec chileno! Chama-se House Malmau Malbec 2013, eleito o “Melhor Malbec do Chile” este ano. Outro achado à venda na Grand Cru, porém mais caro: R$ 170.
Malbecs já não chamam mais tanta a minha atenção, mas esse aqui é uma explosão de pimenta no final de boca. Os aromas revelam tanta fruta, principalmente ameixa vermelha, que não se percebe de imediato os 12 meses em tonéis de madeira. Os taninos foram aliviados pelos 500 litros por recipiente.
Esse já é um vinho mais selvagem, que lembra os caminhos da roça. Produzido a partir de vinhas velhas, com mais de 50 anos, encontradas numa propriedade abandonada no Vale do Maule, o Malmau Malbec foi elaborado pelo enólogo argentino Matías Michelini, e talvez por isso não apresenta o peso dos fortes vinhos chilenos, apesar de seus 15 graus de graduação alcoólica.
O resultado aqui é uma bebida agradável, com taninos médios, final de boca forte que fica perfeito para acompanhar um bom churrasco ou pratos preparados com carnes nobres. Inovador, dá pra notar nesse malbec que métodos convencionais aqui foram deixados de lado. Sirva entre 16 e 18 graus.
Rodrigo Leitão, especialista em enogastronomia.
O colunista dedica-se há três décadas ao jornalismo e já passou por redações como O Globo, Jornal de Brasília, TV Brasília, TV Band e Rádio Band News FM, em Brasília onde atua no segmento de comunicação e eventos. Rodrigo Leitão organiza anualmente o Brinda Brasil – Salão do Espumante de Brasília, o maior encontro nacional exclusivamente com produtores de espumantes. Ele já atuou nas áreas de Economia, Política, Internacional, Cultura e Saúde, onde conquistou vários prêmios.
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