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Coluna Brinda Brasil – Sabe que vinho Cabral trouxe ao Brasil?

Por Rodrigo Leitão O primeiro vinho a desembarcar em terras brasileiras foi o tetravô do Pêra-Manca.

Éder Luiz

Éder Luiz

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Por Rodrigo Leitão

O primeiro vinho a desembarcar em terras brasileiras foi o tetravô do Pêra-Manca. Ou seja, já nascemos bem servidos! Pedro Álvares Cabral partiu de Lisboa com suas 13 naus no dia 9 de março de 1500. A bordo das caravelas havia 65 mil litros de vinho tinto, reservados para consumo dos marinheiros, pois se pensava que assim os ânimos não se exaltariam até a chegada às Índias. O vinho também era usado na preparação de alimentos, na higienização e nas missas diárias a bordo. O vinho guardado nos navios da frota portuguesa, um deles comandado pelo meu ancestral Nuno Leitão, era originário de Évora, no Alentejo. Por volta do ano de 1.300, frades da Ordem de São Jerônimo fundaram por ali uma Igreja e formaram seus vinhedos, que prosperaram nos séculos 15 e 16, num lugarejo conhecido como Pêra-Manca, cujo significado quer dizer “pedra manca” e  denominava uma “formação rochosa de granitos arredondados em desequilíbrio sobre a rocha firme”. Nada tem a ver com a fruta típica daquela região. Foi neste mesmo sítio, que a partir de 1990, a Fundação Eugênio de Almeida passou a produzir o vinho Pêra-Manca que conhecemos, recuperando uma tradição que estava encerrada há 70 anos. Desde 1920 não se produzia mais o vinho Pêra-Manca, criado pelos frades no século 15. Aquele produto foi glorioso, principalmente no século 19, quando ganhou medalhas e premiações diversas por toda a Europa, inclusive em concursos promovidos em Bordeaux, na França. Mas em 1988, o herdeiro do antigo grupo produtor do Pêra-Manca, a Casa Agrícola José Soares, doou os royalts para a Fundação Eugênio de Almeida, que também produz os rótulos Cartuxa e EA. Em 1990, chegou ao mercado o primeiro “novo” Pêra-Manca, que só é produzido em anos de excelência das uvas Trincadeira e Aragonez (tinto) e Antão Vaz e Arinto (branco). O nome Pêra-Manca, então, passou a substituir o vinho emblemático da vinícola, que era chamado de "Cartuxa Garrafeira". Quando não se consegue a excelência para o vinho de Cabral, as garrafas são rotuladas como "Cartuxa Reserva". Voltando ao dia 22 de abril de 1500, quando finalmente Pedro Álvares Cabral chegou a Porto Seguro, no sul da Bahia, tivemos nos dias seguintes a primeira prova de vinhos realizada por aqui. Os dois índios levados à presença de Cabral não gostaram da bebida e cuspiram o Pêra-Manca. Eles estavam acostumados a degustar o Cauim, um fermentado obtido da mandioca e não assimilaram o sabor do fermentado alcoólico de uva.

Rodrigo Leitão, Especialista em Enogastronomia.

O colunista dedica-se há três décadas ao jornalismo e já passou por redações como O Globo, Jornal de Brasília, TB Brasília, TV Band e Rádio Band News FM, em Brasília, onde atua no segmento de comunicação e eventos. Rodrigo Leitão organiza anualmente o Brinda Brasil – salão do espumante de Brasília, o maior encontro nacional exclusivamente com produtores de espumantes. Ele já atuou nas áreas de economia, política, internacional, cultura e saúde, onde conquistou vários prêmios.

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