Coluna Brinda Brasil – Saiba como descobrir vinho bom e barato
Coluna Brinda Brasil - Saiba como descobrir vinho bom e barato
Por Rodrigo Leitão
Prezados leitores do Meio-Oeste de Santa Catarina, desculpem-me a ausência prolongada depois as férias de janeiro, mas fui acometido de vária enfermidades que me levaram a uma UTI, mas graças a Deus estou de volta. Hoje retomamos a coluna semanal tentando ajudar você a encontrar vinho bom e barato.
É uma tarefa difícil, muitas vezes se joga no escuro. Mas faz exercitar um monte de lições que eu venho aprendendo nos cursos que faço e também em alguns livros muito interessantes que estou lendo ou já li sobre vinhos. Não é fácil saber se você deve apostar neste ou naquele vinho. Você tem que conhecer a região, os produtores, conhecer algum vinho deles que seja mais caro ou superior. Saber se é um produtor confiável e aí partir para a aposta no preço do vinho. Mas como experiência, vale arriscar.
Eu acho que todo mundo que gosta de vinho deve COMPRAR uma garrafa de vinho francês, italiano, português, argentino e chileno, por exemplo, que esteja entre R$ 12 e R$ 20. Existem muitas razões nesses preços e a gente não pode esquecer que o vinho mais tomado no mundo é o vinho de 2 euros, 3 dólares e por aí vai…
Mas existem alguns macetes. O primeiro deles é ler o rótulo (foto: é uma explicação simples e muito fácil de entender que vi no blog Nosso Vinho. (clique aqui para acessar). O rótulo pode dizer tudo sobre um vinho. Primeiro você verifica a origem, de onde é aquele vinho. E aqui existe uma terminologia importante que está escrita no rótulo, que é a sigla D.O.C.. Isso significa Denominação de Origem Controlada e quer dizer que o governo daquele País e o mercado mundial reconhecem aquele vinho como um produto de qualidade.
Aí você vai saber se é de um lugar onde o vinho é famoso. Por exemplo, Portugal. Todo mundo sabe que os portugueses fazem ótimos vinhos (tem muita porcaria também, mas geralmente são bons). Depois você tenta descobrir de qual região vem aquele vinho. Em Portugal a gente sabe que no Douro, no Dão e no Alentejo estão grandes produtores. Depois você tenta descobrir com qual ou quais uvas aquele vinho é feito. Nos vinhos do Novo Mundo o nome da uva vem estampado no rótulo, logo abaixo do nome do vinho. Nos vinhos europeus, geralmente, você encontra os nomes no contra-rótulo. Na França eles não indicam.
Portugal tem muitas uvas que a gente nem ouviu falar por aqui ainda. As mais conhecidas são touriga nacional, tinta Roriz, trincadeira, aragonês, alfrocheiro e castelão. Dificilmente, mas muito dificilmente mesmo, um vinho que tenha predominância de touriga nacional vai ser ruim.
Depois você vê quem faz o vinho. O nome do produtor, normalmente, vem na parte de cima, onde fica a rolha, ou no meio do rótulo. Os maiores produtores de Portugal são a Sogrape, a Caves Aliança, a Aveleda, a Quinta da Bacalhôa e a Herdade do Esporão. Esse pessoal é sério e não vai colocar vinho ruim no mercado, porque eles mesmos são os primeiros a dizer que se é ruim, o vinho não vende.
Então a gente tem aí umas pistas. Vou dar um exemplo prático. Vinho do dia-a-dia, barato, feito em Portugal, com preço abaixo de R$ 20. E que lá é vendido a 3 euros: Dão Aliança 2010. É um vinho barato, na faixa de R$ 20, tinto, feito com tinta Roriz, jaen, alfrocheiro e touriga nacional. É bom para acompanhar carnes grelhadas, caça, cordeiro e queijos médios e fica ótimo com virado à paulista. É um vinho leve, com 12,5% de álcool, produzido pela Caves Aliança, na região do Dão.
A data fala da safra e não do ano em que o vinho foi para o mercado. Existem vinhos cuja uva foi colhida em 2010, amadurecida por dois anos, engarrafada em 2013, com mais um ano esperando na garrafa e só vai chegar ao mercado agora, em 2014. A data no rótulo significa que as uvas que deram naquele vinho foram colhidas em 2010. No caso de Portugal, 2010 teve inverno úmido e verão muito quente na maioria das regiões, com ótimas condições na colheita. Isso não garantiu grandes vinhos, mas sim uma safra com bons vinhos baratos.
Agora, genericamente falando, a safra só é mesmo importante para os grandes vinhos, os chamados vintage, aqueles vinhos feitos em um ano tão especial que vale a datação. A maioria dos vinhos produzidos no mundo são para consumo imediato e aí, nesse caso, a data não quer dizer muita coisa. Ainda mais para vinhos baratos, que é o caso aqui.
Rodrigo Leitão, especialista em enogastronomia.
O colunista dedica-se há três décadas ao jornalismo e já passou por redações como O Globo, Jornal de Brasília, TV Brasília, TV Band e Rádio Band News FM, em Brasília onde atua no segmento de comunicação e eventos. Rodrigo Leitão organiza anualmente o Brinda Brasil – Salão do Espumante de Brasília, o maior encontro nacional exclusivamente com produtores de espumantes. Ele já atuou nas áreas de Economia, Política, Internacional, Cultura e Saúde, onde conquistou vários prêmios.
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