
A repercussão da tragédia de Santa Maria serviu para que vários setores revissem suas condutas e atentassem com muito mais cuidado e preocupação para a segurança de ambientes. Não são apenas os espaços onde se realizam shows que passaram a ser monitorados, mas todo e qualquer lugar onde há concentração de pessoas, como residências e locais públicos, até mesmo aqueles ao ar livre. Se por um lado houve uma tragédia que não saíra da memória, por outro surgiram oportunidades de se aperfeiçoar os ambientes, para garantir que algo parecido não se repita.
Resolvemos descobrir que tipo de material é mais utilizado em nossa região para o isolamento acústico de ambientes, desde casas até centros de eventos e clubes. Na boate Kiss a espuma colocada para tentar impedir que o som se propagasse foi a que causou a maioria das mortes devido a fumaça tóxica provocada por sua queima. Em Herval d´Oeste existe uma empresa especializada em fazer estes revestimentos, mas que em hipótese alguma utiliza a espuma, que é derivada do petróleo. O proprietário da empresa, José de Pauli, mais conhecido por Jota, explica que os materiais mais usados por ele são o gesso, a lã de vidro e a lã de rocha, nenhum é inflamável. “No caso de Santa Maria ficamos sabendo que eles usaram o que chamamos de “ sanduíche”, com uma camada de gesso, uma de lã de vidro e outra de gesso, o que é o correto. Mas o problema é que por fim eles utilizaram esta espuma. Geralmente quando o som continua se propagando nós apenas vamos aumentando estas camadas de forma intercalada, mas jamais utilizamos esta espuma”. Contou. No caso da lã de vidro, usado de forma mais comum, é um material isolante de composição mineral empregada em larga escala na construção civil desde a década de 1950. Sua principal vantagem é a elevada segurança contra a propagação de incêndio e o desempenho térmico e acústico dos edifícios. Segundo Jota, a empresa trabalha desde 2004 com os materiais não inflamáveis e desde então não registrou problemas. Diferente da espuma, as lãs de vidro e rocha não propagam as chamas e tão pouco soltam qualquer fumaça. O gesso, também muito utilizado, não queima e o material acartonado é uma barreira para o calor provocado pelo fogo. No ano passado a empresa testou os produtos que utiliza no laboratório de incêndios que o Corpo de Bombeiros de Joaçaba possui na Avenida Caetano Branco, todos foram aprovados nos testes. “Nossa preocupação é fazer agora com que as pessoas entendam o risco que correm utilizando materiais que queimam facilmente. Isso serve não apenas para clubes, mas casas e escolas. Na hora de comprar é necessário que todos se certifiquem se aquilo é seguro”. Comentou. Para testar os materiais o empresário demonstrou a queima de cada um, que pode ser conferida no vídeo da galeria. Quando a espuma foi queimada e um pouco da fumaça tóxica se formou foi fácil perceber o quanto é inadequada. Em poucos minutos um forte cheiro tomou conta da sala e a garganta deste repórter ficou irritada. Não foi nada, se comparado ao que as vítimas devem ter sentido naquela madrugada, mas um testemunho válido para que a preocupação com a segurança não seja deixada de lado jamais. Mas além do uso deste matreiais é necessário cumprir as instruções técnicas do Corpo de Bombeiros, que preveem a instalação de equipamentos de combate ao incêndio como sprinklers, hidrantes, extintores de incêndio entre outros. Além disso, para cada caso, estão especificados itens como iluminação de emergência, saídas de emergência, paredes e portas corta-fogo entre outros. Um conjunto de fatores essencial para salvar vidas.
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