Menu
Sem imagem
Geral

Crise na Suinocultura

O departamento de Agricultura da Prefeitura de Joaçaba está realizando levantamento sobre os prejuízos da crise da suinocultura no município

Éder Luiz

Éder Luiz

Sem imagem

Compartilhe:

O departamento de Agricultura da Prefeitura de Joaçaba está realizando levantamento sobre os prejuízos da crise da suinocultura no município. Como outros municípios da região: Santo Veloso, Arroio Trinta, Videira, Rio das Antas e Iomerê que decretaram situação de emergência, Joaçaba também realizou o decreto. Outros como Lacerdópolis, Erval Velho, Vargem Bonita e Tangará também deverão adotar o decreto. Segundo estimativas, juntos os municípios somam cerca de 10 mil famílias que trabalham com a suinocultura e tiram da atividade o sustento.

Conforme o diretor de Agricultura de Joaçaba, Irineu Meneghini, a decisão de decretar situação de emergência, aconteceu na tarde da última terça-feira (10) após reunião entre representantes da prefeitura, da Associação Catarinense dos Criadores de Suínos (ACCS), Epagri, Sindicato dos Trabalhadores Rurais, Coperio/Copérdia. O decreto foi assinado na quarta-feira (11) pelo prefeito Rafael Laske após análise do levantamento preliminar que aponta a dificuldade dos produtores. “As lideranças do setor acreditam que os decretos de emergência contribuirão para mostrar a situação de calamidade pública dos municípios”, diz. “O maior sofrimento é dos produtores independentes que não tem para quem comercializar o que representa 90% das desistências da atividade. Acreditamos que um preço justo para produzir é de R$ 2,80”. “Com o decreto, os produtores dos municípios podem receber ajuda com recursos que podem vir dos governos federal e estadual. Além de uma prorrogação de divida e até abatimento dela”, salienta Meneghini. Meneghini destaca que em Joaçaba cerca de 90 famílias vivem exclusivamente da suinocultura e não estão conseguindo saldar dívidas de investimentos em chiqueiros, compra de leitões e insumos para alimentar os animais. Conforme a ACCS, até o momento 70 municípios decretaram emergência em Santa Catarina. O preço médio pago ao produtor é de R$ 1,30 o quilo do suíno, sendo que o custo é de R$ 2,50 o quilo. A produção excessiva e o elevado estoque no mercado interno contribuem para a queda no preço da carne suína. “Os produtores esperam que haja uma melhora nos preços para que eles se reanimem a continuar a produção, já que muitos estão abandonando a atividade”. Uma das medidas que deve melhorar a situação do suinocultor em curto prazo é incorporar a carne suína à merenda escolar, presídios e hospitais. O suinocultor independente Angelo Casanova, de 68 anos da comunidade de Santo Antônio do Caraguatá em Joaçaba já pensa em deixar a atividade. “Enquanto produtores integrados pelas grandes empresas vendem o quilo do suíno vivo a R$ 1,90, eu vendo a R$ 1,50. Valor baixo e com alto custo de produção”, explica. “Minha família vive da atividade, temos 65 matrizes (fêmeas) e realizamos o ciclo completo da produção. O preço dos insumos como o milho, farelo de soja e implementos minerais e vitaminas está alto e o preço pago pelo suíno não cobre. Há um ano venho amargando prejuízos, que chegam a R$ 10 mil por mês”. Segundo Casanova, ele não possui dívidas, porque está investindo dinheiro de suas economias. “Estou investindo o dinheiro que ganhei com a atividade no ano passado, mas minha reserva está acabando”, diz. “Estamos pensando inclusive em sacrificar os leitões que nascem. Já que cada um terá custo de R$ 40,00. Adulto e com cerca de 100 quilos, este custo chega a R$ 100,00. Vendendo pelo mesmo preço hoje, os prejuízos são cada vez maiores”. Para o produtor o governo precisa tomar providências imediatas para que mais produtores não deixem a atividade. “O governo tem lucro certo com o pagamento dos nossos impostos, seja com a nota fiscal do produtor rural emitida, seja com os insumos e outros investimentos feitos”. Prezuízos Segundo estimativas do setor, as perdas dos produtores nos últimos 18 chegam a R$ 4 bilhões em todo o Brasil, R$ 1 bilhão só em Santa Catarina, já que o estado é responsável por 25% da produção nacional. De acordo ACCS, em 2011 os produtores já perdiam R$ 41 por animal. Atualmente, o prejuízo já está em R$ 58 por suíno. Até o mês maio deste ano o índice aumentou para R$ 58 e deve chegar a R$ 60 nos próximos dias. Além de ser o principal produtor e exportador de suínos do país, o estado de Santa Catarina tem na produção de suínos uma das principais atividades econômicas do Estado. Só em exportações de suínos, foram contabilizados US$ 452 milhões no ano passado. A Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), juntamente com as treze entidades estaduais afiliadas e que representam o segmento e lideranças estão empenhadas em buscar uma solução para o problema e realizam, nesta quinta-feira, dia 12 de julho, um grande ato público em Brasília em defesa da suinocultura brasileira. As entidades entregarão uma pauta de reivindicações ao ministro da agricultura, Mendes Ribeiro Filho. O presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), Losivanio Luiz de Lorenzi, explica que as solicitações são focadas em três fatores "O primeiro é o pagamento imediato sobre a diferença do valor recebido de R$ 1,90, sobre o custo de produção, R$ 2,57, mediante apresentação de nota. O segundo são medidas para os produtores renegociarem as dívidas. O terceiro refere-se a liberação de recursos para manter as matrizes no campo”. Dados De acordo com informações da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), no mês de junho, as exportações de carne suína do Brasil recuaram, totalizando 43.913 toneladas, volume 16,7% abaixo do mesmo mês em 2011. Além da baixa nas exportações, outro fator gerador da crise foi a queda do preço do suíno vivo. A ACCS afirma que os produtores calculam perder cerca de R$ 80 na venda de um suíno de 100 quilos, onde o preço-base do quilo está em R$ 1,90, para um custo de produção de R$ 2,57. O cálculo é da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A crise ainda é causada pela especulação no mercado de grãos. No caso da suinocultura, o milho e a soja são os alimentos principais. O aumento está ligado ao período de estiagem, que ocasionou a queda na produção de grãos, fazendo com que a procura no mercado seja maior do que a oferta. No ano de 2010, de acordo com a Emissão das Notas de Produtor Rural, a região da Amai produziu mais de 262 milhões de quilos de suínos para o abate, sendo esta uma das principais atividades econômicas dos municípios e fonte de renda para as famílias. No Estado são mais de 8 mil produtores de suínos, destes 70% estão na região oeste, meio oeste e extremo oeste. Ao todo são 420 mil matrizes e um plantel de 6,2 milhões de animais. As estimativas de produção para este ano em Santa Catarina são de 800 mil toneladas, com destinação de 200 mil para consumo dos catarinenses, 150 mil toneladas para exportação e com uma sobra de 450 mil toneladas. Socorro O ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho deverá anunciar um pacote de medidas de socorro aos suinocultores, nesta quinta-feira em Brasília. Confirmando a liberação de financiamento de R$ 200 milhões para enxugar o excesso do produto no mercado interno. O recurso será destinado para que supermercados, frigoríficos, cooperativas e agroindústrias antecipem as compras de final de ano. O financiamento terá juros de 5,5% ao ano. Outra ação é o prolongamento das dívidas do segmento, estimadas pela Associação Brasileira de Criadores de Suínos em R$ 800 milhões. Os criadores independentes de SC respondem por cerca de R$ 100 milhões. Segundo os parlamentares, o pacote vai ser suficiente para a recuperação dos preços pagos ao produtor. A novidade é que os supermercados poderão comprar para estocar. Essa linha de crédito é a garantia de que o suinocultor pode buscar mais recursos. Por meio do Prêmio para Escoamento do Produto (PEP), o governo vai pagar R$ 0,40 por quilo de carne suína para que os criadores não recebam mais valores tão abaixo do custo de produção. Em relação às dívidas, as parcelas de custeio ficarão para janeiro de 2013, e as de investimento, para o último ano do vencimento do contrato. As medidas - R$ 200 milhões em créditos para supermercados, frigoríficos, agroindústrias e cooperativas anteciparem os pedidos de final de ano. - Pagamento de R$ 0,40 por quilo de carne suína aos produtores. - Adiamento do pagamento das dívidas. As parcelas de custeio ficarão para janeiro de 2013 e as de investimento para o último ano do contrato.


Compartilhe: