Os dados apresentados na última quarta-feira (14) na Câmara de Vereadores de Joaçaba indicam que quanto menor a idade para início de uso de drogas e álcool, maior é o uso abusivo ao médio prazo. O espaço era aberto à comunidade e autoridades locais, diretoria das escolas e professores também foram convidados, mas, pode ser considerado “deserto”. Apenas a equipe técnica do Creas e a imprensa acompanhou a divulgação dos dados.
Os dados só comprovam que o uso de drogas e álcool é cada vez mais preocupante e inicia mais cedo, além de revelar números, mostra os riscos que famílias e a sociedade estão correndo. Na pesquisa há relatos de casos onde o primeiro contato com o álcool aconteceu entre 9 e 10 anos e em famílias com bom nível de escolaridade.
O estudo realizado entre os anos de 2010 e 2011 pelo Centro de Referência e Assistência Social de Joaçaba (Creas) fez um amplo diagnóstico do uso de drogas em adolescentes na faixa etária de 12 a 18 anos. Foram entrevistados 1.546 adolescentes dos ensinos fundamental e médio de escola públicas municipais e estaduais, além de particulares. Apenas duas escolas não participaram do estudo.
O objetivo do trabalho foi verificar o uso de drogas, identificar a maior incidência em se tratando de faixa etária, bairros onde há o maior consumo e definir políticas eficazes para mudar a realidade. O dado mais alarmante divulgado é quanto ao uso de álcool e cigarro, segundo os dados da pesquisa está iniciando cada vez mais cedo, aos 9 anos de idade. “Esses adolescentes tem livre acesso à compra. Mesmo existindo a lei federal e o ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente, instituído pela lei nº 8069 de 1990, no art. 81, que diz ser proibida a venda à criança ou ao adolescente de bebidas alcoólicas a compra é fácil. O consumo vem antes da responsabilidade. Além disso, os próprios pais acabam incentivando, dá um golinho achando que está certo, amanhã outro, e outros, e o adolescente acaba fazendo uso de álcool e incentivado por quem deveria proibir”, explica a coordenadora do Creas, Rozane Martins Schmautz.
“Contrariando crenças a pesquisa mostrou que os usuários (adolescentes) possuem pais com escolaridade concentrada no ensino médio e superior e com renda maior do que três salários mínimos, são os que mais fazem uso de álcool e drogas”, salienta.
O estudo mostra que o álcool está entre as drogas psicotrópicas mais usadas pelos adolescentes, 64% dos entrevistados declararam fazer uso de álcool – o que representa 989 adolescentes. Outros 23% disseram ter usado maconha e 18% cocaína.
A pesquisa aponta que a maior incidência de uso de drogas é feita no bairro Santa Teresa, considerado o maior bairro do município de Joaçaba. Além do álcool e a maconha, verificou-se o consumo significativo de crack, cola, cigarro e lança perfume.
Adolescentes que fazem uso de crack declararam que pelos menos uma a duas vezes já utilizaram a droga. A partir das constatações da pesquisa, o Creas de Joaçaba pretende desenvolver políticas públicas, atuando no combate ao uso e a prevenção atuando diretamente nas escolas, com o apoio dos com pais, professores e com os alunos. “A intenção é de que em 2013, sejam promovidas palestras em escolas, com a distribuir de material gráfico alertando as famílias. Inclusive uma cartilha de alerta já foi produzida”, salienta Rozane. “É preciso fortalecer os vínculos familiares para prevenção, principalmente quanto ao uso de álcool”.
Rozane destaca ainda que uma segunda pesquisa foi realizada, e que mapeia desde a cobertura de rede elétrica, até rede de esgoto e água, além de ESFs (Estratégia Saúde da Família) implantadas nos bairros e escolas. “É um material que pode ser utilizados pela comunidade, vereadores e administração para identificação de possíveis problemas e ações”, diz. “Fizemos um mapeamento amplo em todos os bairros e é possível visualizar demandas e ações e projetos a serem desenvolvidos”.
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