
Na última segunda-feira, estudantes de Cursos da Área das Ciências Biológicas e da Saúde e do Curso de Direito e pessoas da comunidade da região de Joaçaba puderam tirar suas dúvidas a respeito das diretivas antecipadas de vontades, regulamentadas pela resolução 1.995 do Conselho Federal de Medicina no final do mês de agosto. Essa ferramenta trata-se do registro do desejo expresso do paciente a respeito dos procedimentos considerados pertinentes e daqueles aos quais não quer ser submetido em caso de terminalidade da vida, o que permitirá que a equipe médica que o atende tenha o suporte legal e ético para cumprir essa orientação.
A elaboração do documento na Câmara Técnica de Bioética do CFM teve a participação de dois professores da Unoesc, Dr. Elcio Luiz Bonamigo e Dr. Bruno Rodolfo Schlemper Júnior, além da fundamentação de trabalhos desenvolvidos por acadêmicos e outros professores do Curso de Medicina, que mostraram que pacientes, familiares e profissionais são favoráveis a existência do registro da vontade do paciente. Na segunda-feira, esses professores e alunos puderam relatar o que foi pesquisado e os principais resultados obtidos, além de responder a perguntas ao lado de pessoas que têm ligação com o assunto e que foram convidadas a participar da discussão. Isso ocorreu durante o I Painel sobre Diretivas Antecipadas de Vontade, promovido pelo Centro Acadêmico, pela Liga Acadêmica de Bioética e Ética Médica e pelo Núcleo de Bioética do Curso de Medicina da Unoesc. O painel foi presidido e secretariado pelos estudantes Elzio Luiz Putzel, presidente da Liga Acadêmica, e Ana Eduvirges Carneiro de Oliveira, presidente do Centro Acadêmico. Teve como expositor o professor Elcio e como debatedores o professor Bruno, o médico a bacharel em Direito Cleiton Francisco Piccini (que participou de uma das pesquisas realizadas no curso sobre o assunto), a enfermeira e professora da Unoesc Maria do Carmo Vicensi, e o padre Davi Lenor Ribeiro dos Santos, pároco da Paróquia Bom Jesus de Herval D’Oeste. Também participaram as estudantes Géssica Ghelen e Marcela de Oliveira Campos, integrantes do Grupo e Pesquisa Bioética e Biossegurança da Unoesc, que representaram aos autores das pesquisas realizadas na Unoesc e trouxeram relatos desses estudos. O primeiro a se apresentar foi o professor Elcio, que fez um apanhado a respeito do assunto no Brasil e no mundo e relatou o caminho percorrido para que a resolução 1.995 do CFM fosse aprovada. Ele também falou da importância e das implicâncias dessa ferramenta no tratamento de pacientes em fase terminal. – Esta resolução vai dar voz ao paciente incapaz de comunicar-se – disse o professor, reiterando palavras suas que tiveram repercussão na mídia após a publicação da resolução. Sua apresentação foi seguida pela palavra dos demais participantes do painel, cada um manifestando-se sobre o seu ponto de vista, pesquisas e vivências relativas ao assunto, chegando até o pároco de Herval d’Oeste, que ressaltou que a Igreja Católica não é contra a resolução, visto que a própria Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) já se manifestou sobre o assunto. – Da forma como a resolução está, a CNBB não é contra – afirmou, explicando que o texto da resolução aplica-se a casos em que são usados recursos extraordinários para manter a vida do paciente em estado terminal, à custa de sofrimento para ele próprio e para sua família. – É um avanço ao mundo científico e um respeito ao paciente – concluiu.
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