DEINFRA descarta lombadas no local onde aconteceu um grave acidente em Videira
DEINFRA descarta lombadas no local onde aconteceu um grave acidente em Videira

A colocação de pelo menos duas lombadas na longa descida que culmina com a curva maldita, na SC 303, nas proximidades da Manos Implementos, onde quarta-feira(18) pela manhã uma carreta tombou em cima de seis veículos, foi descartada ontem pelo Departamento Estadual de Infraestrutura(Deinfra). A alegação do superintendente local do órgão, João Maria da Silva, é que o trecho compreende uma subida para quem trafega no sentido contrário, o que impossibilitaria a colocação dos redutores.
Sua posição, entretanto, vai contra ao que dizem moradores e empresários que convivem diariamente com o problema e acreditam que sim, a colocação de lombadas evitaria novos acidentes. Até porque, em outros trechos bem próximos do local existem lombadas de sentido único. “Infelizmente lombadas e redutores de velocidades não são viáveis para o local, já que fica numa subida. Contudo, estamos preocupados com os acidentes que tem ocorrido lá e estamos estudando as providências que devem ser tomadas”, disse ele. Apesar da negativa, ele também garantiu que hoje serão colocadas mais placas sinalizadoras com objetivo de alertar os motoristas para o perigo que o trecho oferece, para que o faz no sentido da descida. “E a próxima semana aumentaremos ainda mais a sinalização”, explicou. Além disso, Silva disse que o órgão está preocupado com a grande incidência de acidentes registrados no local e, por isso mesmo, vai estudar outras medidas que podem ser tomadas. “O Deinfra está preocupado com os acidentes que têm ocorrido neste trecho e estamos mobilizados, estudando as providências que devem ser tomadas rapidamente”, assegurou. O trecho – que gera dúvidas quanto à sua responsabilidade de manutenção e gerenciamento – segundo ele, está sob a tutela do Deinfra, apesar de cruzar a cidade ladeando o perímetro urbano. Problema é antigo O local que ficou conhecido como curva maldita é problemático há muito tempo. Ele oferece risco porque, antes de chegar à forte curva, são aproximadamente três quilômetros de descida, apenas com curvas leves, o que favorece o desenvolvimento de altas velocidades. Além disso, por conta da sua extensão, o trecho poderia provocar problemas mecânicos nos veículos – principalmente caminhões e carretas – que chegam ao ponto de contorno com freios exauridos. Segundo levantamento de populares que convivem diariamente com o problema, o acidente de quarta-feira é apenas mais um diante das estatísticas. “Muitos outros bateram, tombaram e viraram de lado, sem que houvesse o estardalhaço deste último e não são contabilizados”, disse um comerciante das proximidades, que preferiu não se identificar para não entrar em conflito com a categoria dos motoristas. “Na maioria dos casos, foi imprudência deles, que não tomam cuidado com a descida”, justificou. Ele se mostrou favorável à colocação de tachões sinalizadores e lombadas no trecho, como forma de evitar novos acidentes. “Não tem jeito. Os motoristas só diminuem a velocidade quando existe a lombada. E se eles tem que reduzir para passar a lombada, certamente vão chegar à curva sem velocidade e contorná-la sem grandes problemas”, justificou. A medida, entretanto, foi descartada pelo Deinfra ontem. O órgão alega que as lombadas prejudicariam quem sobe o trecho. Áreas de escape e guard-rail O empresário Itacir Deon, da Manos Implementos – empresa que teve o pátio invadido no acidente desta semana, onde seis carros foram esmagados por uma carreta carregada de cimento – disse que já são mais de 30 os acidentes registrados naquele ponto. Ele disse ser favorável à colocação de lombadas, mas acredita que a construção de áreas de escape e a colocação de guard-rails – estrutura de ferro às margens do acostamento – poderiam evitar tragédias. “O trecho de descida é muito longo e quando não há excesso de velocidade pode ser que problemas mecânicos provoquem o acidente. As lombadas reduziriam o risco, assim como as áreas de escape e os protetores laterais”, disse ele. Segundo Deon, em países da Europa tornou-se comum a disponibilização de áreas de escape cascalhadas, ao lado das rodovias, para onde os veículos se direcionam em caso de perda de controle. “São refúgios que evitariam acontecer o que vimos nesta semana”. Além disso, explica, a colocação de guard-rails altos poderia ser uma alternativa para absorver o impacto num primeiro momento. “Alguns anos atrás existia um protetor de ferro lateral baixo, mas que resolvia bastante na hora dos acidentes. Só que foram tantas as ocorrências que o guard-rail acabou destruído e não foi recolocado”, enfatizou o empresário, que anos atrás solicitou ao então DER a colocação de lombadas no trecho e foi informado que a ação não poderia ser desencadeada porque o trecho estaria ilegal. Nesta semana foi cimento, mas caminhões carregados com vários tipos de carga já tombaram na curva maldita. Em 2005, um caminhão cheio de galinhas pranchou ao contornar a acentuada curva e, dois anos mais tarde, outro carregado de papelão teve o mesmo destino. Alguns meses atrás, um caminhão sem carga tombou no mesmo local. “Toda hora tem acidente aqui e se nada for feito para diminuir a velocidade de quem desce, infelizmente, vamos continuar convivendo com o perigo”, finaliza.
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