Entenda o que é o Brics e por que o Brasil sedia a reunião do grupo no Rio de Janeiro
Encontro acontece neste domingo (6) e segunda-feira (7); grupo reúne potências emergentes e ganha cada vez mais força internacional

O Rio de Janeiro volta a receber os olhos do mundo neste domingo (6) e segunda-feira (7), desta vez para a Cúpula do Brics, um dos principais fóruns de diálogo entre países em desenvolvimento. O encontro acontece sob a presidência do Brasil, que coordena o grupo neste ano.
Mas afinal, o que é o Brics? Quantos países fazem parte? Qual a importância disso para o Brasil e o mundo? Abaixo, explicamos tudo de forma simples e clara.
O que é o Brics?
O Brics é um grupo de cooperação que reúne algumas das principais economias em desenvolvimento do mundo. Ele surgiu com o objetivo de fortalecer a atuação conjunta desses países em temas globais, como economia, comércio, meio ambiente, segurança, saúde e tecnologia.
Diferente de blocos como a União Europeia, o Brics não é uma organização formal, ou seja, não tem sede, orçamento fixo nem regras obrigatórias. Trata-se de um fórum de diálogo e articulação voltado para a construção de consensos e o fortalecimento da influência internacional dos seus integrantes.
Além disso, o grupo também busca mais representatividade em instituições globais como a ONU, o FMI, o Banco Mundial e a OMC, além de criar alternativas próprias, como o Banco do Brics e o Arranjo Contingente de Reservas.
Quem faz parte do Brics?
O Brics é formado atualmente por 11 países-membros, que participam das decisões e votações, e 10 países-parceiros, que são convidados a acompanhar as discussões, mas sem poder de voto.
Membros (com direito a voto):
- Brasil
- Rússia
- Índia
- China
- África do Sul
- Arábia Saudita
- Egito
- Etiópia
- Emirados Árabes Unidos
- Irã
- Indonésia
Parceiros (sem direito a voto):
Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Cuba, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda, Uzbequistão e Vietnã.
A criação da categoria de país-parceiro aconteceu em 2024, durante a Cúpula de Kazan, na Rússia.

Como e quando o Brics foi criado?
O nome BRIC surgiu em 2001, criado pelo economista Jim O'Neil, da Goldman Sachs. Ele apontou que Brasil, Rússia, Índia e China teriam papel importante no cenário econômico mundial nas próximas décadas.
A primeira reunião oficial dos países aconteceu em 2006. Em 2011, a África do Sul foi adicionada ao grupo, que passou a se chamar BRICS (com S de South Africa).
Em 2024, foram incluídos mais países: Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes.
A Indonésia entrou em 2025, elevando para 11 o número de membros.
Qual a importância do Brics no mundo?
Juntos, os países do Brics têm grande peso global:
- Representam 48,5% da população mundial
- Somam 39% do PIB global (Produto Interno Bruto)
- Respondem por 23% do comércio internacional
Além disso, os países do grupo recebem boa parte das exportações brasileiras. Em 2024, 36% do que o Brasil vendeu ao exterior foi para membros do Brics, e 34% das importações brasileiras vieram desses países.
O que o Brics representa na área de energia?
O Brics é estrategicamente importante para o setor energético mundial. Segundo dados recentes, o grupo:
- Produz 43,6% do petróleo mundial
- Produz 36% do gás natural
- Detém 72% das reservas de terras raras, minerais essenciais para tecnologias como baterias, painéis solares, veículos elétricos e produtos eletrônicos.
Isso reforça o potencial do grupo para liderar discussões sobre energia renovável, segurança energética e sustentabilidade.
Por que o Brasil está sediando a cúpula?
A presidência do Brics é rotativa entre os países-membros. Em 2025, é a vez do Brasil, e por isso o encontro será realizado no Rio de Janeiro. Ao longo deste ano, o Brasil promoveu mais de 200 reuniões presenciais e online como parte da presidência do grupo.
O Brasil já sediou outras edições da cúpula:
- Brasília – 2010 e 2019
- Fortaleza – 2014
Em 2026, a cúpula será realizada na Índia.

Quais são as prioridades do Brasil no Brics?
Durante a presidência brasileira, o país definiu as seguintes áreas prioritárias de atuação no grupo:
- Saúde global – ampliar a cooperação pós-pandemia.
- Comércio e investimentos – facilitar negócios entre os países-membros.
- Mudanças climáticas – buscar soluções conjuntas para reduzir os impactos ambientais.
- Inteligência artificial – promover governança responsável sobre novas tecnologias.
- Segurança e paz internacional – fortalecer o diálogo multilateral.
- Desenvolvimento do próprio Brics – tornar o grupo mais eficiente e estruturado.
O que é o Banco do Brics?
O Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) foi criado em 2015 para financiar projetos de infraestrutura, energia, transporte e sustentabilidade nos países-membros e em outras nações em desenvolvimento.
- Já foram aprovados 120 projetos, somando mais de US$ 39 bilhões em financiamentos.
- A ex-presidente Dilma Rousseff é a atual presidente do banco, reeleita em 2025.
- Países de fora do Brics, como Uruguai, Argélia e Bangladesh, podem se tornar membros do banco.
- Importante: fazer parte do Brics não garante acesso automático ao NDB.

O que é o Arranjo Contingente de Reservas (ACR)?
O ACR é um mecanismo de apoio financeiro criado pelo Brics para situações de crise econômica, como falta de dólares ou fuga de capitais.
- Os países do grupo comprometem-se a contribuir com até US$ 100 bilhões em reservas.
- A divisão atual é:
- China: US$ 41 bilhões
- Brasil, Índia e Rússia: US$ 18 bilhões cada
- África do Sul: US$ 5 bilhões
- Os novos membros também poderão solicitar adesão ao ACR.
O que significa “Sul Global”?
O Sul Global é uma expressão usada para representar países em desenvolvimento localizados principalmente na América Latina, África e Ásia. Embora o termo remeta ao hemisfério sul, ele inclui países geograficamente no norte, como Rússia, China e Arábia Saudita.
Esses países compartilham características como:
- Histórico de colonização
- Desafios sociais e econômicos
- Busca por maior autonomia nas decisões globais
- Desejo de reduzir a dependência dos países desenvolvidos
O grupo vai continuar crescendo?
Mais de 30 países já demonstraram interesse em entrar no Brics, mas não há previsão de nova expansão em 2025. Cada solicitação é analisada individualmente e só é aceita se todos os membros concordarem.
Fonte: Agência Brasil
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