Família de Borba fala sobre a morte
Na madrugada de sexta-feira passada a história de envolvimento com o submundo do crime chegou ao fim para Daniel Antônio Borba.

Na madrugada de sexta-feira passada a história de envolvimento com o submundo do crime chegou ao fim para Daniel Antônio Borba. Após fugir do Presídio Regional de Joaçaba e cometer uma série de assaltos -- que culminaram na morte de um agricultor --, uma operação conjunta da polícia pôs um ponto final em sua história ao matá-lo após tentar reagir à voz de prisão.
Entretanto, as notícias sobre o rapaz de 28 anos são apenas a respeito do período em que esteve envolvido em crimes. Nesse sentido, a reportagem do jornal Raízes Diário procurou a família de um dos criminosos que esteve na lista dos mais procurados do Meio-Oeste e obteve novas informações sobre como era ele no trato familiar e demais pessoas próximas. Na tarde de sexta-feira, a equipe de jornalismo se encaminhou para o município de Ibicaré para tentar acompanhar o enterro de Borba. Mas chegando na cidade, populares esclareceram que o velório e enterro aconteceriam em Gramados Leite, interior da cidade, distante cerca de 5 Km da zona central. A equipe de jornalismo chegou a localidade e pediu mais informações do ponto exato de onde seria o velório e enterro de Borba. Uma senhora deu as coordenadas e também comentou sobre o caso. "Eu trabalhei na escola onde ele estudou quando era pequeno. Sempre foi um bom menino e nos tratou bem. Sempre foi prestativo. A família dele era de pessoas descentes", disse a senhora que preferiu não se identificar. O velório de Borba foi em um salão da comunidade da região do interior. No local, apenas alguns membros da família e conhecidos -- que prestaram solidariedade aos parentes do criminoso morto. A equipe chegou no exato momento em que a tampa do caixão foi fechada e o corpo foi carregado para dentro do carro da funerária, que fez o translado até o cemitério de Gramados Leite. Algumas pessoas seguiram o cortejo a pé e outras de carro. Já no cemitério e com o caixão em cima da última moradia de Borba, pastores de uma igreja evangélica fizeram orações. Um fragmento do Apocalipse foi lido durante o cerimonial, que não teve muita comoção. O relato da Famíla Após o sepultamento, mas ainda no cemitério, Marta Borba, uma das irmãs do assaltante concedeu entrevista exclusiva ao Raízes Diário. Abatida com o fato, ela contou como foi o convívio de Borba. Marta estava sem ver o irmão desde que foi preso. Outros irmãos que moram em localidades mais afastadas de Ibicaré não puderam estar no velório de apenas seis horas. Segundo Marta, Borba sempre foi uma boa pessoa com os membros da família. "Sempre foi alegre e divertido. Na adolescência ele mudou e cada um escolhe o seu caminho. Ele escolheu um caminho que levou à morte", disse a irmã, ressaltando que a família desaprovou as atitudes do criminoso. "Ele foi criado como nós e a gente é trabalhador. A minha família inteira trabalha", conta Marta. O fato novo revelado por ela é que Borba era seu irmão adotivo. Investigações apontam que o verdadeiro pai do rapaz morto pode ser um homem que em outras épocas cometeu uma série de crimes relacionados com roubo na região de Treze Tílias. "A gente nunca sabe o que cria. Mas se ele escolheu esse caminho a gente não pode levar culpa por que ele foi uma pessoa errada", diz Marta. Após o período da adolescência a família de Borba disse que ele desaparecia de casa e apenas as notícias de crimes cometidos por ele chegavam. "Agora todo mundo julga ele, mas ele não tirou sangue de ninguém, eu acho, né? A gente ouve as pessoas julgarem, falam tanto mal e o bem eles nunca lembram", conta a irmã adotiva. Segundo ela, a própria população começou a tratar a família Borba de forma diferente. "Sempre falavam mal dele, principalmente para a minha mãe (Luiza Borba). Ela criou ele e é como se fosse um filho. Nenhuma mãe quer ouvir coisas ruins. Ela sempre tem esperança de que um dia o filho mude". A Adoção Além de Daniel, a família Borba é composta por mais um irmão que mora em Vacaria-RS, duas irmãs e a matriarca Luiza. Segundo Marta, no passado, sua mãe havia perdido um filho com quase dois anos de idade. Por ter ficado triste com a perda, Luiza fez a adoção de Borba. A mãe biológica dele também faleceu e seu pai não tinha condições de cuidar da criança órfã de mãe. A adoção ocorreu aos três meses de Borba. Mesmo sendo um irmão adotivo, Marta narra que toda a família está triste e lembram-se dos momentos de alegria vividos com ele na época de infância. "Não tem porquê guardar mágoas dele".
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