Innominabile: divisor de águas no vinho brasileiro
Por Rodrigo LeitãoParecia inimaginável, há dez anos, que alguém pudesse escrever sobre um vinho brasileiro, como farei agora.

Por Rodrigo Leitão Parecia inimaginável, há dez anos, que alguém pudesse escrever sobre um vinho brasileiro, como farei agora. A produção nacional evoluiu muito e hoje não deve quase nada aos grandes do mundo. Se você é preconceituoso saiba que isto está fundado em ignorância, aquela do desconhecimento, da desinformação. E saiba também que aqui bem pertinho de Joaçaba, no distrito de Herciliópolis, em Água Doce, se produz um dos vinhos mais saborosos que provei nesses dez anos em que estudo e me aventuro no mundo do vinho. Chama-se Innominabile. Esse vinho criado pelo enólogo francês Jean Pierre Rosié, radicado em Santa Catarina, para a Villaggio Grando, é surpreendente. Houve tempo que até podia ser encontrado nos restaurantes de Joaçaba, mas hoje não o vemos mais nas cartas de vinho daqui. Pois bem, eu fiz uma experiência com esse vinho no Brasília Wine House, um dos três mais importantes eventos de degustação de vinhos realizados na Capital da República. Chamei meus professores de enologia e alguns amigos conhecedores de bons vinhos e ofereci uma taça de Innominabile a cada um deles, sem dizer o que era. Todos, sem exceção, adoraram. Aí lhes apresentei o meu amigo Guilherme Grando, diretor comercial da vinícola que informou sobre o vinho. Surpresa e espanto causamos aos mais de dez degustadores que estavam no estande da Villaggio Grando, organizado por outro amigo meu, Paulo Kunzler, um dos maiores sommeliers do Brasil. Mas não me contive. Desafiei a todos pedindo que eles rodassem a feira e se encontrassem qualquer vinho na faixa de R$ 50 a R$ 60 melhor que aquele eu pagaria a garrafa. O Innominabile era o único vinho brasileiro daquela exposição. Todos voltaram de mãos vazias e eu não precisei pagar nenhuma garrafa de vinho estrangeiro a ninguém. Quem tiver oportunidade não pode deixar de experimentar o quarto lote do vinho tinto Innominabile (foto) da Villaggio Grando. Ele é um divisor de águas na produção brasileira. Representa a nova era do vinho de altitude produzido em Santa Catarina. É feito em um ambiente novo, trabalhado para aproveitar o melhor de um clima muito parecido com o de Mendoza, na Argentina, cujas uvas são plantadas a uma altitude de 1.300 metros em relação ao nível do mar. Isso possibilita um assemblage único em território brasileiro: Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot, Malbec, Pinot Noir e petit verdot (parênteses aqui para dizer que esta última uva vem se dando muito bem em solo brasileiro e passa a ser a carta na manga dos enólogos para arredondar nossos melhores vinhos). O Innominabile fermentou em tonéis de inox e estagiou por seis meses em barris de carvalho francês "de três bosques distintos", conforme explica o diretor comercial da vinícola, Guilherme Grando. Segundo ele, para manter o mesmo nível em todas as tiragens o Innominabile recebe uma guarda para evolução anual de 20% da tiragem anterior. Isso significa que "sempre é acrescentada nas safras seguintes uma parcela do vinho anterior", revela Guilherme Grando. É um estilo francês de produzir vinho no Brasil. Isso é percebido no olfato e no paladar, ao se provar um Innominabile. O lote 5 está vindo aí, mas com sete uvas. Pude provar um pouco, ainda da barrica e garanto que vai surpreender ainda mais. O enólogo Jean Pierre Rosier recomenda que o Innominabile deve ser harmonizado com massas, carnes de caça, faisão, perdiz, coelho, carnes vermelhas e queijos maturados. A última harmonização que fiz deste vinho, aqui em Joaçaba, foi com espaguete feito no molho do ossobuco. Ficou divino e o preço da mesa do restaurante, para um brasiliense, estava atraente: R$ 60. Se você gosta de conhecer vinhos novos, veja se tem no Bar do Batista, porque eu já provei lá o Espumante Brut Rosé da Villaggio Grando. Tin-tin
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