Irmãos se reencontram depois de 40 anos de espera
As vezes aquelas tramas que só vemos em novelas na televisão acontecem ao nosso lado.

As vezes aquelas tramas que só vemos em novelas na televisão acontecem ao nosso lado. E é igual a uma personagem de novela, que se sente uma moradora do bairro Cruzeiro do Sul, em Joaçaba. Adelina dos Santos, de 44 anos, reencontrou pela internet o irmão que procurava há 40 anos.
Esta história emocionante começou com uma perda, entre tantas outras que marcaram a vida de nossa personagem. O começo Adelina era a segunda filha mais nova de uma família de 9 irmãos, antes dela apenas outra menina, ainda bebê, de três meses. A primeira peça que a vida aprontou foi a morte de sua mãe, dona Oralina, quando ela tinha apenas 1 ano. A partida repentina fez com que a família passasse por momentos difíceis, a ponto de o pai, seu Leopoldo Martins, ter que deixar os filhos aos cuidados de parentes e amigos. Adelina conta que quando tinha seis anos ela e mais duas irmãs foram levadas para o orfanato, aqui mesmo em Joaçaba. Os demais irmãos ficaram com padrinhos e tios. No orfanato foram quatro anos, acalentados pelas visitas de um dos irmãos, Ademar, que todos os domingos ia até o local para ver as irmãs e brincar com elas. Nestes momentos, o menino, que estava com 9 anos, revelava que não era feliz vivendo longe da família e que sonhava em novamente poder ter todos reunidos. Ademar foi entregue a um irmão de seu pai. Foram quatro anos no orfanato até que Adelina e uma irmã voltassem a morar com o pai, a outra foi adotada. Mas a vida de Ademar, que era tão atencioso com as irmãs, ganhou um outro rumo. Seus tios também tinham dificuldades em criar o menino e viram uma oportunidade de um futuro melhor com um casal de italianos que um dia veio a Joaçaba. Ademar ganhou então novos pais adotivos e foi levado para Curitiba. O combinado com o pai do menino foi que mesmo longe sempre seriam enviadas notícias suas, mas o trato não foi cumprido. A família estava ansiosa por notícias sobre Ademar e um tio do menino foi a Curitiba, mas não encontrou qualquer pista sobre seu destino. Uma grande decepção na vida de todos, já que nunca mais ninguém teve notícias do menino. Adelina conta que as incertezas sobre o irmão eram muitas, a ponto de até mesmo sua morte ser cogitada. Os anos passaram e em 2008 o pai, seu Leopoldo, acabou falecendo, sem jamais ter visto o filho novamente. “Ele morreu com muita tristeza por nunca mais ter visto o Ademar. Morreu pedindo perdão ao filho por ter o entregado a adoção”. Revela com tristeza. Em todos esses anos Adelina nunca desistiu de tentar encontrar o irmão, principalmente através da internet. Nas redes sociais sempre pesquisava pelo nome de Ademar Antonio Vieira Martins, mas nunca vinha uma resposta que revelasse algo. Até que um dia a história mudou. Mas como em toda novela, precisamos voltar e contar alguns capítulos a mais ao leitor, os mais impacientes terão vontade de pular para o final, mas vale a pena saber o que aconteceu na vida de Ademar. O outro personagem Enquanto em Joaçaba a partida de Ademar era lamentada pela família, ele vivia uma nova realidade, agora no Rio de Janeiro, onde ficou até os 18 anos. Lá teve uma vida tranqüila com os novos pais, com a oportunidade de estudar e receber muito carinho e atenção, até que novamente a vida mudou. Os pais resolveram voltar á Itália e Ademar partiu para um país desconhecido e uma realidade completamente diferente. Ao contrário do Brasil, no novo país as coisas foram muito difíceis. O conforto que até então existia se transformou numa rotina de dificuldades e muito trabalho. Neste tempo, Ademar pouco pensava em sua família aqui de Joaçaba, já que não lembrava de muitos detalhes do que viveu na época em que aqui esteve e também temia que ninguém mais o quisesse ver. Depois de algum tempo uma nova mudança em sua vida aconteceu, os pais adotivos resolveram voltar ao Brasil, mas ele preferiu ficar na Itália. Assim os anos foram passando, Ademar se casou e veio neste período ao Brasil para visitar os pais adotivos, mas jamais se reencontrou com sua família de sangue. O reencontro Obcecada em encontrar notícias do irmão, Adelina continuou em busca de pistas que indicassem onde estava Ademar. Um dia uma simples sugestão mudou tudo. “Um amigo sugeriu que eu buscasse no Facebook, foi ai que veio a minha surpresa. Assim que digitei o nome dele e fiz a busca encontrei”. Foi preciso então confirmar se de fato era mesmo do irmão o perfil. “Mandamos uma mensagem para ele contando a história e torcendo para que respondesse, já que pela foto era difícil saber se era meu irmão”. Adelina conta que nos dias que se passaram não pensava em outra coisa. Quatro dias depois a resposta veio. “Pra mim foi uma eternidade esses quatro dias e então uma noite meu marido foi para a internet e voltou falando que tinha uma boa notícia, que aquele Ademar tinha respondido e era o meu irmão. Eu fiquei sem saber o que fazer, muito feliz. Liguei para todos da família e contei que tinha encontrado o Ademar, foi uma felicidade indescritível”. No dia seguinte os irmãos começaram a trocar mensagens pela internet. Adelina ainda vive uma sensação que descreve como um dos momentos mais felizes de sua vida. “Fico pensando se é um sonho, ou realidade. É uma das coisas mais maravilhosas da minha vida”. Hoje Ademar mora em Modena na Itália, ainda não tem filhos, mas já ganhou novamente irmãos e sobrinhos. Pela internet o carinho e a vontade de um reencontro em breve são compartilhados em mensagens diárias. “Conversamos todos os dias pela internet. Estamos aprendendo um pouco de italiano para falar com a esposa dele e já trocamos até mesmo receitas”. Conta a Feliz Adelina. Na manhã desta quarta-feira, dia 23, depois de ler a reportagem, Ademar se comunicou com o portal pela internet. De Toda essa história e os anos que passei sem ver a minha família eu digo que sou a pessoa mais feliz do mundo neste momento, agradeço a Deus que tudo isso tenha acontecido. Na verdade quando eu fecho os olhos e penso é difícil acreditar que tudo é verdade. Eu era muito pequeno quando fui adotado e não lembrava mais os nomes dos meus irmãos, só do Ademir conseguia lembrar. Fomos morar no Paraná por poucos anos e depois nos transferimos para o Rio de Janeiro, ali eu estudei. Em 1985 esse senhor que era italiano decidiu voltar a morar na Itália. É claro, essas são minhas breves palavras, logicamente da dor e do sofrimento é difícil contar. Um abraço...do menino que estava perdido...ADEMAR A bela história de reencontro, possível graças à tecnologia que aproxima o mundo inteiro, ainda faz lembrar os antigos folhetins televisivos. “Tinha que ser agora esse reencontro. Parece até uma história de novela”. Confirma Adelina, uma personagem da vida real, junto com seu irmão Ademar e os demais. E tal como na televisão, essa novela também terá um final ainda mais feliz, já que eles planejam se encontrar ainda este ano para acabar de vez com a saudade que dura décadas. Agora, é só aguardar o próximo capítulo.
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